Apenas um terço, dos 30 mil pacientes diagnosticados com catarata são operados, anualmente, no país. A novidade foi avançada pela Chefe do Programa Nacional de Oftalmologia, Mariamo Mbofana.
Segundo a fonte, a situação que se vive no país é idêntica a que se assiste em todo o mundo, onde o principal causador da cegueira é a catarata. Assim, anualmente, revela Mariamo Mbofana, em Moçambique são feitas 500 mil consultas oftalmológicas, das quais 30 mil são diagnosticadas a catarata.
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que, em cada milhão de habitantes, deviam ser feitas duas mil cirurgias, mas, neste momento, no país, realizamos cerca de 300 cirurgias por milhão de habitantes”, explicou.
Entre as razões, está a escassez de recursos humanos para área de oftalmologia. Neste momento, por exemplo, existem apenas 34 oftalmologistas, dos quais 24 são moçambicanos e 10 são estrangeiros. Há também 193 técnicos de oftalmologia, que asseguram os serviços até ao nível dos distritos e das unidades sanitárias mais periféricas.
Porém, a Chefe do Programa Nacional de Oftalmologia assegura que, nos últimos quatro anos, houve um aumento em cerca de 25%, no número de cirurgias realizadas. Conta que, em 2019, por exemplo, foram feitas cerca de 10 mil cirurgias. (Marta Afonso)
Recordam-se do caso que opõe Josina Machel a Rofino Licuco?
Pois, o drama tem um novo episódio. Um anúncio judicial publicado hoje convoca Josina Machel e Movimento Kuhluka a se defenderem, querendo, nos autos de uma providência cautelar movida por Rofino Licuco, antigo namorado da filha de Samora Machel, acusado de violentá-la até perder um olho.
O anúncio não detalha as razões da intentada providência.
Mas “Carta” investigou e apurou que Rofino Licuco pediu ao Tribunal Judicial da Cidade de Maputo para que Josina Machel e o Movimento Kuhluka se abstivessem “de usar, produzir por qualquer processo eletrónico, mecânico ou fotográfico, incluindo fotocopia ou qualquer tipo de gravação em programas, eventos privados ou públicos em que pretendam defender qualquer causa social, política, pessoal, comunitária ou pública o nome e a imagem do requerente”. E a juíza Judite Sindique Correia assinou por baixo, anuindo ao pedido.
Os visados têm agora 8 dias para contestar. (Carta)
O Centro Europeu para Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC) teme que a nova variante do SARS-CoV-2 que apareceu no Reino Unido, até 70% mais contagiosa, seja difícil de controlar, apelando à adoção de “medidas apertadas” na Europa.
Num relatório divulgado em dezembro passado aquando da descoberta desta nova estirpe, o ECDC pediu aos países da União Europeia (UE) “esforços atempados” para a controlar, nomeadamente durante as festividades de final de ano, por esta variante se poder vir a tornar dominante no espaço europeu.
Desde então, “esse nosso receio só se tornou maior”, admite em entrevista à agência Lusa o especialista principal do ECDC para o novo coronavírus e gripe, Pasi Penttinen.
E acrescenta: “Penso que será muito difícil conter esta nova variante do vírus”.
O responsável justifica que esta “preocupação” se deve ao facto de a nova estirpe poder ser mais transmissível em até 70%.
“Sabemos que o vírus antigo já é difícil de controlar e que são necessárias medidas apertadas para o controlar e esta nova variante é ainda mais fácil de se propagar”, alerta.
Pasi Penttinen contextualiza que, nas últimas semanas, foram verificados muitos casos desta nova estirpe do novo coronavírus, mas a maioria dos quais com “alguma relação com o Reino Unido, ou seja, [foram] casos importados”.
Ainda assim, “esta poderá ser uma realidade noutros países, mas só não se sabe porque não se tem estudado as variações” do SARS-CoV-2, de acordo com Pasi Penttinen.
Dois dos países com mais casos da nova variante, até ao momento, são a Irlanda e a Dinamarca, onde a nova estirpe se “espalhou rapidamente”, com elevada transmissão local e não só importada, de acordo com o especialista.
No relatório publicado a 20 de dezembro, antes do Natal, o ECDC avisou que “se o aumento das reuniões familiares e sociais” não for reduzido e que “se as viagens não essenciais não forem reduzidas ou evitadas completamente” isto poderá levar a que “a variante substitua as variantes em circulação em grande parte da UE e Espaço Económico Europeu”.
“Os nossos colegas britânicos verificaram que […] esta nova variante tem mais 60% a 70% de transmissão do que o vírus antigo e foi por isso que o Reino Unido adotou medidas tão restritivas”, assinala Pasi Penttinen à Lusa.
Porém, “ainda não há provas de que este vírus causa doenças mais graves do que o antigo e é, para já, muito semelhante em termos de pessoas que são hospitalizadas ou entram nos cuidados intensivos”, acrescenta.
E numa altura em que decorre, há duas semanas, o processo de vacinação na UE com o fármaco da Pfizer/BioNTech e se espera que o mesmo aconteça com o da Moderna, o especialista do ECDC assinala que “os estudos preliminares indicam que as novas variações do vírus também deverão ser cobertas pelas vacinas existentes”.
“Esta é uma grande preocupação porque o vírus tem mudado tanto”, admite o cientista.
Segundo o responsável, a nova variante poderá também levar a mudanças nos objetivos para a designada imunidade de grupo através da vacinação.
“O nível de imunidade de grupo a um vírus depende do quão transmissível é: se for o vírus antigo, a estimativa é de que entre 60% a 70% de toda a população tenha de ser vacinada para não dar oportunidades de transmissão ao vírus, mas isso poderá mudar com as novas variantes”, explica.
Já questionado sobre as diferentes vagas da pandemia, Pasi Penttinen sustenta que “esta ainda é a primeira vaga” da covid-19 na Europa, não tendo sequer começado uma segunda.
“O que se verifica é que os picos se conseguem reduzir no momento em que os países adotam medidas restritivas, [mas] quando se relaxam as medidas o vírus tem mais espaço para atuar e os números voltam a subir”, observa.
Sediado na Suécia, o ECDC tem como missão ajudar os países europeus a dar resposta a surtos de doenças.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,9 milhões de mortos num total de mais de 90 milhões de casos em todo o mundo.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.(Lusa)
Carta de Moçambique chegou à fala com alguns artistas que, com Bang, marcaram uma geração da música jovem moçambicana. Os nossos entrevistados foram unânimes em afirmar: Bang era “ Visionário” e que muito fez pela cultura moçambicana.
Consideram, igualmente, de prematura a sua partida, pois, acreditavam que Bang tinha ainda muito a oferecer ao país e à cultura moçambicana. A notícia da sua morte, disseram os nossos entrevistados, caiu como uma bomba pelo que estavam em “estado de choque”.
Embora comedidos nas suas abordagens, disseram, em uníssono, que Bang não teve o “retorno” da sua entrega à causa da cultura no momento em que mais precisou.
“Estamos chocados…….Ele era excessivamente visionário”, Ivete Mafundza
Foi com um “estamos todos chocados” que a artista Ivete Mafundza reagiu à notícia do desaparecimento físico de Bang. Ivete Mafundza disse que a notícia da morte de Bang pegou a todos de surpresa e manifestou o seu apoio à viúva e à família.
De uma coisa a cantora Ivete não tinha dúvidas. Bang era um visionário. Mafundza disse que todos que trocavam uns dedos de conversa percebiam que tinha uma visão surreal e que estava, de facto, comprometido com a causa da cultura.
“Era excessivamente visionário. Todos que falavam com ele percebiam isso. É por isso que conseguia fazer as coisas”, disse Ivete Mafundza.
Bastante cautelosa, Ivete Mafundza não se alongou nos comentários à volta da campanha de angariação de fundos para ajudar Bang. Disse que não estava por dentro do dossier, pelo que, não possuía elementos bastante para tecer comentários aprofundados, acreditando, no entanto, que tenha havido o apoio.
“Eu não sei dizer. Não tenho informação do que ele recebeu. Acredito que tenha havido apoio”, disse.
“Ele não teve o retorno quando mais precisava”, Denny OG
O artista Denny OG era o rosto da desilusão e do inconformismo. Para Denny OG, calou-se a voz de um dos melhores promotores jovem que tivemos e de um compromisso indissociável para com a cultura.
Sem paninhos quentes, Denny OG disse que Bang, que “fez das tripas coração” pela cultura moçambicana, não teve o retorno no momento em que mais precisou, numa clara alusão aos últimos meses de vida, em que lutava contra um tumor no estômago.
Denny OG disse que nem ele e muito menos os seus colegas que, desde a primeira hora estiveram em frente do processo de angariação de fundos para continuar a suportar os custos do tratamento do finado na vizinha África do Sul, tiveram apoio do Governo e nem da classe empresarial que muito se valeram dos seus préstimos.
Pela sua entrega e nas variadas frentes, disse Denny OG, nem deveria ter sido feita a campanha de angariação de fundos, precisamente, por entender que era chegado o momento, a partir do momento em que se tomou conhecimento do seu estado de saúde, de retribuir o esforço, ainda que não fosse em valores monetários.
“Ele não teve retorno quando mais precisava. Muitos tiveram ganhos. Políticos, empresários e outros. Mas ele não teve esse retorno”, sentenciou Denny OG.
Denny OG anotou ainda que foi graças ao Bang que se passou a acreditar que a música jovem tinha valor e que muitos se fizeram artistas nas mãos dele.
“Antes de existir Bang, a música jovem não tinha valor. Começamos a acreditar que tínhamos valor com ele. Para nós, Bang foi um herói. Foi um visionário na cultura moçambicana”, anotou.
“Foi único jovem em Moçambique que trabalhou em prol da cultura”, Valdemiro José
É uma notícia difícil de digerir. Assim começou por reagir o artista Valdemiro José, que trabalhou com Bang, na Bang Entretenimento. Segundo Valdemiro José, era um dia triste porque calava-se um jovem visionário e único em Moçambique que trabalhou em prol da cultura e a sua sustentabilidade.
“Foi o único jovem em Moçambique que trabalhou em prol da cultura e a sua sustentabilidade”, começou por dizer Valdemiro José para depois acrescentar: “É uma grande perda. Moçambique não perde apenas um promotor. Perdeu um visionário”.
E por que as angariações levantaram muita celeuma, chamamo-la para nossa breve conversa. Valdemiro José resumiu a sua abordagem nos seguintes termos: faltou também o apoio do Ministério da Cultura e Turismo. Disse o artista que a classe fez o que estava ao seu alcance para ajudar o seu, mas faltou a ajuda do Governo e de outras entidades.
Ainda que não fosse para desembolsar valores, disse Valdemiro José, mas o Governo devia ter mostrado preocupação para com um promotor cujos feitos são visíveis a olho nu.
“Estamos chocados com esta dura realidade”, Ministra da Cultura e Turismo
“Estamos chocados com esta dura realidade. Perdemos um homem que muito fez para promoção e dinamização da música moçambicana. Bang foi uma figura incontornável no entretenimento nacional e notabilizou-se ao criar a Bang Entretenimento, uma empresa que promoveu música moçambicana e organizou eventos pelo país”.
“A sua vontade de trabalhar em prol da música fê-lo ganhar a alcunha de "O salvador da música".
“Em vida, Bang não mediu esforços para realizar o sonho de exaltar a cultura moçambicana.
Pelo calor que emprestou à música, Moçambique o terá como referência, por ter sido uma alavanca que permitiu que muitos artistas brilhassem nas suas mãos”. (Carta)
A província de Manica, que conta, neste momento, com 157 casos activos, apresentou a maior taxa de positividade para Covid-19, em todo o país, durante a última semana epidemiológica (de 03 a 09 de Janeiro de 2021), ao fixar-se em 33,9%, contra 29,4% da província de Nampula e 29,1% registada na província de Maputo.
Entretanto, de acordo com a Análise Epidemiológica da última semana, partilhado pelo Instituto Nacional de Saúde (INS), a tendência actual revela que o rácio da positividade por província, nas duas últimas semanas, é mais elevado na província de Sofala, onde atinge 10,6%, sendo seguida pelas províncias de Manica (3,8%) e de Inhambane (3,6%).
Aliás, apesar da capital do país ter registado o maior número de casos na última semana (mais de 4.500), o facto é que a cidade de Maputo apresentou uma taxa de positividade de 26,5%, tendo ficado no quinto lugar da lista. No que tange à taxa de positividade nas últimas duas semanas, a cidade de Maputo aparece na antepenúltima posição, com 1,6%, sendo ultrapassada pelas províncias de Nampula (1,4%) e Gaza (1,3%).
O documento do INS revela ainda que as novas infecções foram diagnosticadas, na sua maioria, em cidadãos com idades compreendidas entre 30 e 39 anos, no total de 5.554 casos, sendo 2.403 do sexo feminino e 3.151 do sexo masculino.
Durante a última semana, 119 pessoas foram internadas devido à Covid-19, representando o maior número de hospitalizações desde a eclosão da pandemia no país. A semana de 20 a 26 de Setembro, recorde-se, tinha sido, até ao momento, a que mais casos de internamentos registara, ao serem hospitalizadas 62 pessoas. (Marta Afonso)
Perdeu a vida, este sábado, na capital moçambicana, Maputo, vítima de doença, o antigo Ministro das Obras Públicas e Habitação, Cadmiel Filiane Muthemba. Nascido a 20 de Julho de 1945, em Chicumbane, província de Gaza, Cadmiel Muthemba perdeu a vida numa unidade hospitalar privada, arredores na cidade de Maputo.
Cadmiel Muthemba desempenhou várias funções no Governo. Antes de chegar a Ministro das Obras Públicas e Habitação, Muthemba chefiou a pasta das Pescas, no último mandato de Joaquim Chissano. Aliás, Muthemba continuou a liderar o Ministério das Pescas no primeiro dos dois mandatos de Armando de Guebuza.
No segundo mandato de Armando Guebuza, Cadmiel Muthemba foi nomeado Ministro das Obras Públicas e Habitação em substituição de Felício Zacarias.
O “percurso político” de Cadmiel Muthemba remota aos primórdios da década 70, refere o Boletim Sobre Processo Político em Moçambique, publicado pelo Centro de Integridade Pública e AWEPA, Parlamentares Europeus para África. Na esteira da tomada de posse do Governo de Transição, que tinha em Joaquim Chissano o Primeiro-Ministro, Muthemba é enviado à província de Inhambane para, na qualidade de Comissário Político, liderar o processo de implantação das estruturas da Frelimo. Muthemba foi enviado à chamada “terra da boa gente”, concretamente, a 20 de Julho de 1974.
Cadmiel Muthemba é, novamente, indigitado para conduzir a implantação de uma nova estrutura, desta feita, a Direcção Provincial de Apoio e Controlo na província de Tete, da qual veio a ser chefe de Departamento.
Ainda em Tete, Cadmiel Muthemba foi Presidente do Conselho da cidade com o mesmo nome, cargo que exerceu até ao ano 1983. Neste período, simultaneamente, desempenhou as funções de Primeiro Secretário do Comité da Frelimo da cidade e provincial da Tete.
Em reconhecimento pelo trabalho que fizera, Cadmiel Muthemba é indicado Governador de Tete em 1987. Muthemba permaneceu no cargo de Governador até Maio de 1995, ano após a realização das primeiras eleições multipartidárias (1994).
Entre 1995 e 1997, Cadmiel Muthemba foi Secretário do Comité Central da Frelimo. Muthemba foi também deputado, cargo que veio a renunciar em 2000, tendo a vacatura sido ocupada por Adelina Rosa Bernardo. (Carta)