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quinta-feira, 10 março 2022 08:47

As "barras mortíferas" do Doutor Abdul Gani!

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Se a apresentação das alegações finais do famoso Advogado Doutor Abdul Gani fosse um concurso de Freestyle acreditem que já teria sido declarado campeão ou o vencedor pelo voto do júri e o voto popular que muito aprecia o rap game. Mas como se tratava de um julgamento existem outros pressupostos que irão decidir se aqueles morteiros discursivos e retóricos irão salvar o seu cliente de uma pena pesada.

 

Para quem acompanhou a intervenção do Doutor Abdul Gani ficou encantado como se estivesse a assistir um espectáculo de Notorius B.I.G, Jay-Z, Eminem, Azagaia, Valete ou aquelas barras saudáveis e enriquecidas de mensagem saudável e interventiva pelo galáctico do rap no Niassa, Rei Bravo.  

 

O discurso do Doutor Gani fez com que algumas pessoas presentes naquela tenda da vergonha atingissem o orgasmo pela eloquência e agressividade – até parecia que estava possuído, no bom sentido – o homem sentia-se como o filósofo da Grécia antiga, Sócrates, perante seus discípulos – tendo deixado o Ministério Público com as luvas de combate rotas.

 

É que ninguém estava preparado para ouvir naquela tenda alguém a dizer: "quem é a Doutora Ana Sheila Marrengula para desrespeitar o Gregório Leão?" – "Devem ir estagiar no SISE para perceber como se faz segurança!" – "Esta matéria é leccionada na disciplina de Introdução ao Direito, é uma matéria preparatória para o Direito Penal ou Criminal" – "como se pode fazer analogia de crimes num processo criminal?" – "Leia mais!"

 

Ya- o homem estava endiabrado! Estava narutizado! Estava no estilo Gambeta durante o episódio do vídeo que lhe trouxe a fama facebookiana!   

 

O homem demonstrou o valor de um bom ensaio antes de qualquer apresentação e da experiência. A vantagem da retórica para quem pretende seguir o Direito ou Advocacia. O valor da leitura. O Doutor Gani trazia barras do estilo Mente Mágica, em Angola e 16 cenas em Moçambique. Aquilo já não parecia alegações finais – não!

 

O homem parecia estar farto de ser ludibriado pelas instituições de justiça e durante os últimos sete meses sentou e viu tudo, ou seja, parecia um rapper que fica a preparar um combate de Freestyle por sete meses, acompanhando tudo que o adversário principal está a fazer para depois derrubá-lo na primeira opção que tiver!

 

A estratégia do Doutor Gani deve ter sido vasculhada nos manuais de Artur Schopenhauer, principalmente na obra 39 regras de debate – os meus pássaros disseram que alguém não dormiu naquele dia de tantos ataques e que os arguidos amanheceram a rir lá nas bandas do Língamo por alguém ter dito na cara da Procuradora aquilo que lhes apetecia. A situação pode vir azedar com as réplicas e os discursos dos arguidos.

 

No entanto, tudo está nas mãos do Juiz Efigénio Baptista, que no início atrevi-me a chamá-lo de "Juiz da esperança ou da desilusão" para o povo, para os arguidos, para os advogados ou mesmo para o Ministério Público, uma vez que, caso não faça justiça, poderá ver muitas barras do estilo do Doutor Gani fazendo manchetes em Jornais e debates intermináveis. Mas o que seria para fazer justiça no caso das dívidas odiosas/ocultas? Condenação ou absolvição dos arguidos?   

Sir Motors

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