O Almirante havia puxado e sacudido o tapete. E no acto os grãos maiores caíram. Apenas as migalhas é que foram salvas porque colaram devidamente o tapete. A casa maior estava em estado de alerta. Todos os esquemas de enriquecimento alheio estavam expostos. O homem com carta branca para fazer o que quiser, devido à sua lealdade e amizade sacrossanta com "maior da Pérola do Índico", havia mexido no poço de dinheiro dos generais - com contas chorudas fruto dos "moinhos" que instalaram nas finanças do sector castrense, cujos mais prejudicados eram sempre os subalternos - que depois de recorrer ao empréstimo no banco dos generais, transformam-se em eternos escravos!
A decisão do almirante foi festejada nos corredores dos quartéis. Nas matas de Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Manica, Sofala e Zambézia. Naquele mês, alguns militares voltaram a ver suas contas bancárias a respirarem de alívio. Os telemóveis eram consultados livremente. As caixas de ATM ficaram lotadas. Todos queriam ver a cor do dinheiro e tentar chupar algumas cervejas na zona sem temer, o Almirante havia devolvido o sorriso no rosto dos subalternos, mas como diz um adágio popular, "a felicidade do pobre dura pouco" e eis que, dias depois, uma brigada dos generais tomou coragem e foi sentar com o Almirante com vista a desbloquearem o impasse que, num mês só, já havia colocado as contas do banco na insolvência - os homens juraram respeitar o lado humano dos militares. Que os cortes e juros não seriam jamais no estilo dos agiotas turcos ou do 3S. Iria agir consoante a realidade de cada cliente!
Os generais já estavam estremecidos. Com sua vaca leiteira exposta e controlada, os homens sentiram a mão dura do Almirante que dia-a-dia está a sacudir os esquemas que há anos vigoravam nas fileiras e colocando os seus no referido posto. Agora não se sabe se apenas se mudou o casaco velho e as atitudes e esquemas se mantém ou se é mesmo uma transformação radical e desenvolvista. É que muita gente está a sentar em casa e a morrer de amargura. A proferir o seu ódio contra o Almirante que chegou a salvar o país de um rumo maliano ou “burkinabe”!
As decisões do Almirante são boas para os justos do sector castrense e más para os que pensavam que a vaca para sempre continuaria a dar leite. Que o modus vivendi do sector seria aquele para sempre e era isso que os generais, os donos do banco, pensavam. Até que um golpe administrativo do Almirante colocou os homens em tensão alta. Criou princípio de AVC aos accionistas porque por pouco o sherif saltava da 25 de Setembro para a Samora Machel e ir fechar a sede do banco dos generais pessoalmente. Os homens tiveram que ir chorar para o Almirante e jurar que nunca cortariam da fonte e nem estabeleceriam juros exorbitantes no magro salário dos defensores da soberania nacional.
O show do Almirante está a deixar os "manga longa" em fúria. A qualidade do vinho está a reduzir. As boladas da logística idem. Os homens andam com os nervos no esgotamento. Há quem reze para que o "amigo pessoal" do Almirante termine o mandato para ajustarem as contas porque nada anda agora, até a bolada da traição na corporação foi fechada. O jogo está agressivo. A ideia do Almirante é resgatar a auto-estima dos homens que durante anos viveram na sarjeta e entregues aos leões financeiros da Defesa nacional e da política vigente no país!
É importante que homens astutos e meticulosos liderem as instituições para que sejam fortes!!!