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quinta-feira, 19 maio 2022 09:18

Quando o pseudo-intelectualismo e a pobreza se intercruzam

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Quando se pára nas ruas das nossas cidades, em períodos de manhãs ou tardes, tem-se toda a felicidade e orgulho de que valeu apenas ter-se lutado e alcançado a independência nacional que trouxe a dignidade de todos nós os moçambicanos: alunos (muitos deles uniformizados e tomando, nos seus bolsos de camisas, imagens de Samora, Josina, Mondlane,...nossos heróis) e muito lindos indo às escolas, lá onde se forma o ser humano.
 
Igualdade se pára nas mesmas ruas e se tem tristeza e total presunção: muito lixo espalhado.
 
Ora, é muito assustador que, para além de sermos pobres em dinheiro que, se calhar, é a razão de não termos muitas infraestruturas melhoradas, não conseguimos ao menos gerir o pouco que temos.
 
Não faz sentido que um aluno de ensino secundário, dum instituto de formação profissional básico ou médio, um estudante universitário, um acadêmico, salte o lixo descendo de chapa ou de seu próprio carro.
 
É como o que está a se falar agora sobre a gestão dum e único estádio de futebol. É muito vergonhoso! Como disse Professor Ferreira num dos debates televisivos, "só falta carregar as balizas e gás."
 
Voltando ao assunto do lixo nas nossas cidades, eu penso que este é uma situação que seria controlável num país que tanto diz-se ter formado muitos intelectuais, aliás, talvez se possa ver pela proliferação de universidades e muitas escolas secundárias, que até lá, pelo menos alguém esteja alfabetizado.
 
Quando penso nisso, lembro o que o meu pai (alguém que gagueja ao ler) tem dito: "às vezes vale mais ter um filho que não estudou!"
 
Primeiramente eu achei a expressão estranha mas, na verdade e ao fundo, estranhos são os que dizem ter estudado e que só pioram o seu nível de analfabetismo.
 
Ora, a gestão de resíduos sólidos nas cidades não deve, em nenhum momento, ser pensada como coisa exclusiva das edilidades.
 
Sabe-se que os conselhos municipais têm um papel muito importante nesse processo (e alguns deles também que decepcionam) mas, é bom mesmo que um cidadão que pensa, coma uma banana e deixe cair a casca da janela do carro? Ou que uma família constituída (marido, esposa e filhos) leve o lixo (plásticos, resto de vestuários e de comida) para tapar buracos nas ruas do bairro? Ou ainda que uma vendedeira de laranjas não tenha onde colocar as cascas que seus clientes deixam?
 
Cidades sim, academismo sim mas que haja civilização, faxavor*!
 
Muitas vezes se pode chegar ao ponto de se pensar que, se não fosse imperativo estudar ou trabalhar, vale a pena viver no campo do que nessas imundices.
 
Quer dizer, você tem que passar por algumas (muitas) ruas de bairros com nariz tapado. É viver isso?
 
Já andei para várias cidades capitais das nossas províncias e vi que só a limpeza vê-se mais ou menos nos centros dessas cidades, aliás, perto de edifícios governamentais, o resto é uma lixeira. Os únicos bairros limpos são de expansão.
 
Portanto, várias coisas andam muito mal neste país não por sermos pobres em dinheiro, é por concebermos mal a educação e o intelectualismo.
 
PS: Pode haver crescimento mas, se não houver desenvolvimento, seremos piores que os Australopithecus!
 
Aliás, já havia dito isto!

Sir Motors

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