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terça-feira, 21 março 2023 09:57

Estratégia sobre a EN1 é insustentável

Escrito por

MoisesMabundaNova3333

Estamos todos jubilosos porque o Banco Mundial nos vai emprestar 850 milhões de dólares para a reabilitação da nossa Estrada Nacional Número Um, vulgo EN1. Reza a notícia que o empréstimo do BM é para reabilitar a metade da via em dois anos, numa extensão de mil quilómetros.

 

Mas o entusiasmo já vem de há uns dois meses, quando conseguimos outro empréstimo dos árabes, de 600 milhões de dólares para o mesmo efeito, a reabilitação da EN1. Como bom patriota, também estou jubiloso, apesar de muitas reticências… E a primeira é que ambos os empréstimos não são suficientes para cobrir toda a extensão da nossa Estrada Nacional. A nossa EN1 tem um comprimento de 2600 quilômetros. Os empréstimos conseguidos cobrem cerca de 1600 quilómetros, segundo os entendidos. E os restantes mil quilómetros?!… A resposta é simples e óbvia: temos que ir à busca de outro empréstimo… de mil milhões de dólares!

 

Vamos supor que conseguíssemos de uma só vez os dois biliões e seiscentos milhões de dólares norte-americanos que são necessários para refazermos de uma só vez a nossa EN1! Seria uma maravilha. Mas este, para mim,  NÃO É UM MODELO SUSTENTÁVEL DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DA NOSSA EN1!

 

Explico-me. Conseguido esse dinheiro e assumindo que os nossos corruptos não lhe iam deitar a mão, os empreiteiros e os fiscais seriam bem solícitos e os prazos se iriam cumprir satisfatoriamente - ia escrever literalmente, mas para nós isso é impossível, todos sabemos porquê - com os prazos, teríamos então uma EN1 um autêntico tapete.

 

A questão é: quanto tempo esse tapete iria aguentar a quantidade de camiões que diariamente a atravessam com toneladas e toneladas de mercadoria? E ninguém tem o controlo da quantidade de toneladas que esses camiões levam… algo me diz que aqueles basculantes que vemos aqui e acolá podem ser para inglês ver… eu pelo menos nunca ouvi que um único camião foi multado, mandado voltar, seu proprietário ou empresa banido/a… por excesso de tonelagem. NUNCA!

 

Com tanto camião com imensas toneladas de mercadoria atravessando diariamente a EN1 de norte para sul e vice-versa, NENHUMA estrada, por mais bem feita que esteja, pode resistir tanto tempo. Compatriotas, é TANTO O CAMIÃO QUE ESTÁ NA NOSSA EN1 DIARIAMENTE ! Nenhuma estrada resistiria. Com a agravante de que TODOS OS AUTOCARROS DE PASSAGEIROS USAM A MESMA VIA e TODOS OS CARROS PARTICULARES TAMBÉM! Difícil uma via resistir a tanta demanda!

 

E vai acontecer que três, quatro anos depois, a estrada começará (ou voltará) a degradar-se de novo. Mais ou menos nesta ou naquela província. E aí, de novo, voltaremos a ir à busca de novos empréstimos para o mesmo fim… antes de pagarmos os que contraímos agora… Estaremos em mais outros empréstimos sobre empréstimos. E NÃO TEREMOS O PROBLEMA RESOLVIDO!

 

A SOLUÇÃO DA ESTRADA NACIONAL N. 1 PASSA POR UMA LINHA FÉRREA E PELA CABOTAGEM. Pôr a EN1 top, só e só, não vai ser a solução, não será durável, não será sustentável. Temos que ter “alívios”: uma linha férrea e uns três a quatro navios de carga. Uma carga a ir via linha férrea e outra via marítima. Assim, aliviaremos a nossa EN1 e as reabilitações vão ser duráveis.

 

Em termos de linha férrea, já temos algum caminho andado: temos ligação Maputo a Chicualacuala… é uma questão de ligar Chicualacuala a Machipanda… só e só isso. E pôr as outras linhas a funcionarem… Machipanda-Beira; Beira-Tete; Tete-Nacala; Nacala-Pemba; e Pemba-Niassa. A mercadoria podia levar uma, duas semanas a chegar ao destino… mas chegaria e… aliviar-se-ia a EN1.

 

Em termos de cabotagem, é uma questão de adquirirmos três navios de transporte de mercadoria e pormo-los a levarem carga de Maputo a Rovuma e de Rovuma a Maputo com toda a paragem possível e necessária! Donde temos o dinheiro? Da mesma forma que conseguimos estes 850 milhões do BM, ou 600 milhões dos árabes, podemos ter uns tantos para comprarmos navios de transporte de mercadoria…

 

ASSIM ALIVIARÍAMOS A NOSSA QUERIDA ESTRADA NACIONAL! Doutro modo, estamos e estaremos a brincar no circo!

 

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