Receio que Benedito Guimino, actual edil da cidade de Inhambane, enlouqueça espiritualmente depois de deixar o cargo. Pode ser que fique com a sensação – após dez anos de mandato – de ter feito pouco pelo seu município, e isso vai frustar qualquer pessoa de bom senso. Tinha espaço para no mínimo, ordenar o território das zonas de expansão, na impossibilidade de fazer voos de grande altitude, mas esse desafio carece de audácia, ou seja, de juramento. Guimino não tomou essa atitude.
As vias de acesso constituem – isso todos nós sabemos – pontos cruciais para o desenvolvimento da comunidade. Houve uma tentativa no sentido de se melhorarem os acessos.
Construíram-se algumas ruas de pavêt de certa forma aplaudidas, mas não passou muito tempo, percebeu-se que a qualidade das obras é fraca. Em alguns troços o pavimento está a destroçar-se, mesmo antes de Guimino entregar o testemunho.
Pode ser que Guimino saia da cadeira com remorsos, não consegue manter a cidade limpa. Prometeu construir um mercado do peixe na Mafurreira. Desalojou as vendereiras há mais de dois anos, tendo-as colocado em condições mais do que deploráveis, à espera que o edifício fosse feito, qual!. O tempo passava com peso esmagador sobre as mulheres e, do novo mercado, nada! A única coisa que o Município fez foram as fundações numa zona de pântano com riscos ecológicos, e até hoje nem água vai, nem água vem. O mais triste é que o edil costuma passar pelo local no seu carro luxuoso, desfrutando do ar-condicionado e todo o conforto, sem ao menos parar para saudar “aquele povo” que, cansado de esperar, regressou ao seu lugar agora com as circunstâncias pioradas pelas fundações.
Tenho receio que estes fracassos esmaguem a alma de Benedito Guimino, um professor outrora elogiado por ter a Escola Secundária de Muelé bem organizada, quando era director. O município de Inhambane tem um ordenamento territorial caótico. As novas ruas foram feitas sem valas de drenagem. O mangal que veio retirar a vocação de cidade de veraneio, agravou ainda mais o estado de abandono, onde a “mão” do presidente do Município faz-se sentir pouco, em alguns momentos inoportuno.
Guimino entrou em colisão com os moradores do bairro Matadouro, que se sentiram não só burlados, mas sobretudo desprezados e esmagados na sua dignidade. O Banco de Moçambique propôs a construção de um monumento na referida zona, com a contrapartida de retirar as pessoas e coloca-las num outro lugar com casas construídas pelo município com dinheiro desembolsado pelo Banco, são cerca de sessenta famílias.
Até aqui estava tudo bem, mas Benedito Guimino, no lugar de construir casas condignas, conforme propunha o Banco e com condições criadas, foi erguer casebres inóspitos, que foram prontamente rejeitados pelos moradors. O presidente do município ainda ameaçou os moradores, pretendendo tirá-los à força, usando a polícia, mas eles foram firmes, exigindo seus direitos. Até hoje estão nas suas casas, à espera que sejam consideradas como pessoas, conforme dizia uma moradora em confronto com Guimino.
São estes alguns dos pontos que podem contribuir para que Benedito GUimino saia chamuscado. O que será muito triste não só para ele, como para todos aqueles que esperavam dele um grande desempenho!