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quarta-feira, 20 setembro 2023 06:39

Em casa onde há pouco pão...

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Os Estados Unidos da América investem forte no basquetebol. O bio-tipo dos seus cidadãos, a tradição da bola-ao-cesto, enraizada nos bairros e escolas, garantem-lhes superioridade no Mundo da modalidade. Em África, um bom exemplo é o da Etiópia, que graças à altitude, clima e hábitos centenários, domina as provas de meio-fundo e fundo. Situações análogas permitem ao Japão brilhar no ténis de mesa, Austrália no râguebi, Rússia nos saltos e lançamentos.

 

O futebol, actualmente, não entra na lista das opções, uma vez que o pontapé-na-bola já “contagiou” o mundo inteiro. Por exemplo: a qualificação a um CAN, mexe mais com os moçambicanos, do que um quarto lugar no Mundial de hóquei em patins!

 

Estamos a falar de competição, pois desporto de lazer para distrair e melhorar a saúde, está inteiramente ao critério de cada grupo ou cidadão.

 

Refira-se que o talento dos moçambicanos no desporto, não veio com a declaração da Independência. Antes, éramos o primeiro mercado dos grandes clubes da então metrópole, em várias modalidades. Nomes como Eusébio, Coluna, Matateu, Hilário e muitos outros, figuram nos anais da FIFA, como dos melhores futebolistas mundiais de sempre. Mas não nos ficávamos por aí. No atletismo, tínhamos José Magalhães, que chegou a ser o maior velocista hibérico (Portugal e Espanha), mais os campeões mundiais de hóquei em patins, estrelas lusas em basquetebol e noutras modalidades.

 

TALENTOS DIVINOS

NÃO NOS DEVEM DISTRAIR

 

Dos principais erros no pós-Independência, claramente se destacam três: venda da maioria dos recintos desportivos, ocupação dos espaços livres pelos “dumba-nengues” e proibição dos craques poderem demonstrar as suas qualidades além-fronteiras.

 

Importa salientar que o surgimento de “talentos-divinos”, de geração espontânea como Mutola, Reinildo ou as meninas do boxe, devem ser acarinhados. Porém, isso não nos deve distrair daquele que deverá ser o foco principal: a definição das apostas pelo Estado, no que toca ao investimento nas modalidades prioritárias.

 

Pois a realidade é esta: se os mais ricos definem apostas e prioridades, após estudos científicos e concretos de algumas realidades atrás citadas, porque é que nós não apontamos – após estudos realistas – em desportos e actividades que nos permitam ser campeões regularmente, ao invés de estarmos à espera dos “talentos-divinos”, que aparecem por geração espontânea?

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