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quinta-feira, 16 janeiro 2025 07:49

Conteúdo Local e Megaprojetos: Garantindo Benefícios Reais para os Moçambicanos

Escrito por

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Moçambique, com vastas reservas de gás natural, tem a oportunidade de se posicionar como um líder no uso sustentável de recursos naturais. A posse do Presidente Daniel Francisco Chapo marca um momento decisivo para transformar megaprojetos em motores de desenvolvimento inclusivo. Este artigo apresenta uma análise detalhada, baseada em dados confiáveis, mapas e gráficos, para contextualizar o impacto e propor soluções práticas.

 

  • Potencial Energético de Moçambique

 

Moçambique possui 2,832 trilhões de metros cúbicos de reservas provadas de gás natural, sendo um dos países africanos mais promissores no sector (Index Mundi, 2023).

 

Áreas de Operação: A exploração está concentrada na Bacia do Rovuma, onde projectos de Gás Natural Liquefeito (GNL), liderados por empresas como TotalEnergies, somam mais de 20 bilhões de dólares em investimentos (DW, 2023).

 

  • Impacto Económico dos Megaprojetos

 

Os megaprojetos são fundamentais para a economia nacional, mas o impacto social ainda precisa ser maximizado. Contribuição Actual: Representaram 11,3% do PIB em 2023, com receitas de 16,583 bilhões de meticais (Profile, 2023).

 

Projeções Futuras: O FMI estima que as exportações de GNL possam gerar até 5 bilhões de dólares anuais até 2030 (DW, 2023).

 

Gráfico: Contribuição dos Megaprojetos ao PIB de Moçambique (2018-2030)

 

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  • Desenvolvimento de Fornecedores Locais

 

Os megaprojetos têm potencial para impulsionar as cadeias de valor em Moçambique: Impacto Económico: Cada emprego directo gera até 8 empregos indiretos e induzidos. Sectores como logística, engenharia e serviços têm alta demanda.

 

Abaixo está a explicação detalhada de cada categoria de emprego, acompanhada de exemplos práticos:

 

  • Empregos Directos

 

São posições criadas directamente pelas empresas envolvidas nos megaprojetos e nas suas operações principais. Tais como: engenheiros civis, operadores de máquinas e trabalhadores de manutenção que actuam em locais como os campos de gás ou nas instalações de processamento.

 

  • Empregos Indirectos

 

São empregos gerados por empresas que fornecem bens e serviços necessários para os megaprojectos. Por exemplo, os fornecedores de materiais de construção, empresas de transporte, catering e manutenção que trabalham em parceria com os grandes projectos.

 

  • Empregos Induzidos

 

São empregos criados em resposta ao aumento da demanda por bens e serviços nas comunidades locais, impulsionado pelo impacto económico dos projectos. Tais como abertura de novas lojas, restaurantes e escolas em áreas próximas aos projectos devido ao aumento da renda local e da população empregue.

 

Gráfico: Impacto dos Megaprojetos no Emprego (Estimativas até 2030)

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  • Proposta: Criação do PETROFUND – Fundo Nacional de Desenvolvimento dos Recursos Petrolíferos

 

Para garantir que as receitas dos megaprojetos beneficiem a população de forma equitativa e estratégica, propõe-se a criação do PETROFUND, um Fundo Nacional de Desenvolvimento dos Recursos Petrolíferos. Este fundo asseguraria que os lucros provenientes da exploração de gás natural e outros recursos naturais sejam canalizados para o desenvolvimento sustentável de Moçambique.

 

Objetivos do PETROFUND

 

  • Promover o Desenvolvimento Sustentável:

 

Investir em áreas críticas como educação, saúde, infraestrutura e tecnologias sustentáveis.

 

  • Garantir Benefícios Locais:

 

Alocar recursos diretamente para as comunidades mais impactadas pelas atividades de exploração, como Cabo Delgado.

 

  • Fortalecer a Economia Nacional:

 

Financiar programas de capacitação técnica e fomentar o desenvolvimento de pequenas e médias empresas (PMEs).

 

  • Assegurar Transparência e Governação:

 

Implementar mecanismos para monitoramento público e prevenção de corrupção.

 

Fontes de Financiamento

 

  • Royalties: Uma percentagem fixa das receitas geradas pelos megaprojetos.
  • Participação Accionista do Estado: Percentuais de participação em consórcios de exploração.
  • Taxas Ambientais: Cobranças aplicadas às empresas para mitigar os impactos ambientais.

 

Áreas de Alocação de Recursos

 

O fundo seria distribuído de forma estratégica para atender às principais necessidades do país:

  • 30% para Educação e Capacitação Técnica:
  • 50% para Infraestrutura Comunitária:
  • 20% para Tecnologias Sustentáveis:

 

Governação e Transparência

 

O PETROFUND seria gerido com base em padrões rigorosos de transparência e prestação de contas:

 

  • Painel Independente de Auditoria: Composto por representantes do governo, sociedade civil e especialistas internacionais.
  • Plataforma Digital Pública: Relatórios anuais detalhando receitas, despesas e resultados alcançados, acessíveis ao público.

 

Exemplo Internacional

 

Botsuana utiliza 50% das receitas de diamantes para financiar saúde e educação, enquanto a Noruega investe receitas do petróleo em um fundo soberano que assegura o futuro das próximas gerações. Moçambique pode adaptar essas boas práticas ao seu contexto, transformando a riqueza natural em benefícios duradouros.

 

A falta de transparência é um dos maiores desafios na gestão de recursos naturais: Indicadores de Transparência: Moçambique ocupa a 142ª posição no Índice de Percepção da Corrupção (Transparency International, 2023).

 

Propostas: Plataformas Digitais de Transparência: Publicação online de contratos e receitas. Painel de Governação Independente: Auditorias regulares dos fundos do PETROFUND. Relatórios acessíveis à sociedade civil.

 

Gráfico: Comparação de Transparência na Gestão de Recursos (2023)

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Sustentabilidade Ambiental

 

A exploração de gás natural gera impactos significativos: Emissões de Metano: A Bacia do Rovuma é uma das maiores fontes de emissão de gases de efeito estufa na África (Global Gas Flaring Reduction Partnership, 2023).

 

Soluções Sustentáveis: Tecnologias de captura e armazenamento de carbono. Reflorestamento e mitigação de impactos ambientais.

 

Conclusão e Apelo Final

 

Moçambique está em um ponto de inflexão que definirá o futuro das próximas gerações. Com a criação do PETROFUND, políticas de conteúdo local e práticas transparentes de governança, é possível transformar as riquezas naturais do país em um legado de prosperidade compartilhada.

 

"O futuro de Moçambique está em nossas mãos. É hora de agir com visão, coragem e compromisso. Que nossas riquezas não sejam um privilégio para poucos, mas um direito para todos os moçambicanos. Junte-se a essa transformação!"

 

*Denise Cortês-Keyser, assessora responsável por África no Global Gas Centre, em Genebra, é especialista em mineração, petróleo e gás, energia, finanças e atração de investimentos, liderando iniciativas estratégicas para fortalecer África no cenário global.

 

 

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