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terça-feira, 04 fevereiro 2020 08:17

A propósito dos Secretários de Estado da Província Versus Governadores Provinciais: Agarrem-me senão…

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A professora e académica  Iraê Lundin (1951-2018)  contara uma vez – na verdade mais do que uma – que no seu tempo de juventude e estudante universitária na Suécia  ela perdeu o verão por culpa de umas horinhas a mais  de sono.  Ela contara que certo dia  e depois de meses molestada pelo frio sueco  foi anunciado que no dia seguinte seria o esperado verão e daí   uma oportunidade tropical  para ela matar as saudades do sol e reviver o Brasil, a sua terra natal. O momento mereceu uma saída “by night” de despedida do inverno da qual se arrependera pelo resto da vida: por conta de excessos dessa noite ela teve que dormir um pouco mais e quando acordara o verão já se tinha ido.

 

Imagino que o mesmo esteja a acontecer com os actuais Governadores Provinciais (GPs): logo que os Secretários de Estado da Província (SEPs) tomaram posse de repente o verão que se pensava igual aos anteriores  durou apenas umas horinhas. Assim e contra todas as previsões “políteorológicas” da corrente do Poder o  inverno cinzento do processo político moçambicano continua com a diferença de que para além de longo,  agora chove intensamente no inverno. 

 

Nas cerimónias oficiais de abertura do ano lectivo e mais recentemente as do 3 de Fevereiro, o dia dos heróis,  foram avistados -  logo pela manhã - aguaceiros  locais no semblante dos GPs que denunciavam uma temporada de intensa chuva cujas inundações a História  encarregar-se-á de registar e estudar as consequências.  Agora e diante das inundações  cabe aos GPs  escolher a melhor estratégia para a própria  sobrevivência política.

 

E em matéria estratégica de sobrevivência recomendo aos  GPs que recorram à uma estratégia  dos tempos de moleque do bairro. Nesses tempos e perante um sinal de algum perigo, principalmente  de agressão exterior e diante da nítida inferioridade na capacidade de  resposta,  a estratégia de defesa (preventiva) passava pelo recurso ao  “agarrem-me senão não respondo por mim”. No caso, os GPs  podem adaptar a estratégia para o “agarrem-me se não desisto/bato-lhe”.

 

E assim segue a democracia à moda moçambicana onde a política também ( como em outros quadrantes) não se difere tanto do clima. Nos dois casos não se celebra uma previsão, sobretudo quando a partida ela é  boa. E por estes tempos de mudanças  climáticas/políticas não se guie pelo embrulho  é necessário que saiba previamente o seu conteúdo e o quanto é resiliente às intempéries dos ventos que sopram do norte.    

 

 

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