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quinta-feira, 10 setembro 2020 12:02

Alguém em casa?

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Quando alguém  chega à uma residência e nesta, à partida, não se vislumbram sinais de alguma alma viva é normal que se pergunte “Alguém em casa?”. Depois de algum tempo, e perante o silêncio, é ainda normal que o visitante entre pela casa dentro.  Diante  do cenário de abandono e sem que ninguém interpele, o visitante, nos dias que se seguem,  paulatinamente apodera de um e outro pertence até ao dia, e por força do silêncio,  em que decide definitivamente  assentar arraial como o todo poderoso. 

 

O intróito foi a propósito de uma conversa de Chapa esta manhã.  Um dos passageiros  reclamava pelo destino de um país entregue aos antónimos dos nacionais. O tal passageiro, para fundamentar o seu protesto, contava que os seus gastos diários, incluindo os de construção,  eram invariavelmente feitos em “vários países”. Disse ainda, em tom jocoso, de que os únicos locais em que os mesmos (gastos) eram intramuros  a Covid-19 tratou de fechá-los.  Insistido por outros passageiros para que revelasse os tais locais o passageio pronunciou bem alto “Barraca” e bem baixinho “Escondidinho”. Um outro passageiro, e com ares de um universitário em defeso forçado pela Covid-19,  teorizou a tirada, denominando tais locais de “conclaves de soberania”,  incorporando nestes o Chapa.  Segundo ele, os ditos “conclaves de soberania” ainda não foram tomados pelos antónimos dos nacionais, um entendimento posto em causa por outros passageiros e até com recurso à exemplos concretos.  

 

O debate foi prosseguindo à media do para e arranca do Chapa. Embora com uma enorme vontade de continuar a participar (em silêncio),  tive que descer numa paragem junto à uma instituição pública que, por coincidência, era o meu destino. Já no interior e depois de uma hora ainda aguardava ser atendido. Infelizmente não era o único e até por mais tempo. Enquanto esperava veio-me à mente o episódio do “Alguém em Casa?”. Pelos vistos pouco ou nada mudou desde a penetração dos povos Bantu,  passando pela dos árabes, a dos europeus e mais recentemente a de outras latitudes e a da própria renovação, em outras vestes, das primeiras penetrações. É  a sina  da hospitalidade da Pérola do Índico. E como diz um meu primo: “I'm telling you”.

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