Uma boa parte das celebrações do meu aniversário não estive presente. O motivo é simples: foram celebrações-surpresa, incluindo a ausência do aniversariante. Todavia, com ou sem a minha presença ( o aniversariante), a festa ou o corte de bolo acontecia. Lembro-me disto a propósito da celebração dos 30 anos do multipartidarismo em Moçambique cuja arena principal, o aniversariante-mor, o Parlamento, que há 30 anos aprovou a constituição democrática e a posterior os subsequentes actos afins, esteve ausente ou não teve a presença merecida quer nas celebrações promovidas por terceiros quer, e não me consta, em iniciativas por si organizadas. A condução da celebração aparentou mais do Governo em parceria com Organizações da Sociedade Civil (OSC) e algum destaque presencial, tipo “pendura”, do Conselho Constitucional.
Contei a um amigo esta constatação. Este não me pareceu surpreendido e até disse que não esperava tanto, pois o Parlamento foi sempre o parente frágil/pobre da nova ordem democrática saída da constituição de 1990. Ele defende, e eu concordo, que o Parlamento, a nossa Assembleia da República, não ocupa o espaço que merece no xadrez político e de desenvolvimento de Moçambique. Para o dito amigo e cito: “O que seria um espaço para o confronto de ideias/propostas, o nosso Parlamento não passa de um local de conforto para o Governo e de local de aulas promovidas pela sociedade civil”. Para ele, e a justificar a condução da celebração dos 30 anos por parte do Governo e OSC, tal explica-se porque “são os beneficiários históricos da fragilidade do Parlamento, pois facilita a aprovação da agenda do Governo e cria oportunidades para as OSC desenvolverem os seus projectos de capacitação”. Na senda, e em jeito de conclusão, soou o alarme: a ausência do Parlamento é extensiva aos 30 anos (na verdade, em termos efectivos, são 25 anos, contados a partir de 1995, o ano do início do funcionamento do Parlamento multipartidário).
E na sequência conclusiva, e desta, para fechar, voltando às celebrações do meu aniversário: a minha ausência nunca fora motivo para cancelamento ou adiamento da celebração. No mesmo diapasão: será que cola celebrar a democracia/o multipartidarismo sem o Parlamento? No mínimo, é par(a)lamentar!