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Actualizado de Segunda a Sexta

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quinta-feira, 22 novembro 2018 03:34

Em defesa da liberdade e da democracia

Regressar ao jornalismo de uma forma estruturada foi sempre uma tentação. Durante meu exílio das lides andei reprimindo esse desejo. Mas sucumbi. Me derrotei na vertigem de pensar que podia fazer intervenção social e política a jeito de paninhos quentes. Amaciando o verbo. Subir no muro e deixar-me estar olhando os ratos roendo tudo e eu enjeitado no conformismo. Não aprendi assim. O editor queria que eu me tornasse um grande jornalista.

quarta-feira, 21 novembro 2018 17:46

Contos de Mumemo / Bola de Cristal

Ouve-se “bola de Cristal” de Olho Vivo numa casa de bloco cru em Memo. São 9 horas da manhã e Ernesto espreguiça-se na sua cama casal. Teve, mais uma vez, uma noite intranquila. Estamos em 25 de Novembro e as taxas de câmbio testemunham o fracasso do metical face ao dólar. O homem levanta-se com a sensação de que a subida do carapau, do dia anterior, será compensada com o excesso de oferta de verdura nos mercados. A realidade, no grossista do Zimpeto, não lhe dá razão. A couve acompanhou o peixe. Dói-lhe, agora, ter experimentado aquela sensação. “Estou de luto”, comenta para os seus botões. 


Não tem sido fácil para Ernesto, o homem de negócios que prosperou com a venda de carros segunda mão. Desde que o esquema dos partidos foi desmantelado, o pequeno negociante não vê a cor do dinheiro. Na sua casa culparam-lhe, primeiro, pela falta de queijo e, depois, pela falta de derivados de frango. Agora falta pão e culpa continua imensamente dele. Ao lado, numa outra casa, Julião sorri pela desgraça de Ernesto. Sob ponto de vista da estética dos bons costumes é indecente festejar o fim de um homem. Como também seria indecente festejar a morte duma criança. Mas isso não impede Julião de celebrar os maus dias de Ernesto. É que a lógica do ódio não se move pela racionalidade e nem pela justiça.


Ernesto julga-se detentor legítimo do direito de festejar a desgraça alheia. Não festeja, como pretende fazer transparecer, o fim dos negócios ilegais do vizinho. Ele celebra, isso sim, a vizinhança no lodo da desgraça. Ele hoje não vai comer e sequer reuniu dinheiro suficiente para o my love, mas esboça o maior dos sorrisos pelo simples facto de partilhar a situação com o vizinho.   Na casa ao lado Ernesto faz contas a vida e pensa nos preços que corroem os últimos pilares da sua dignidade. Começou por ser o chefe do agregado e acaba assim, como um zé-ninguém. Começou com um carro topo de gama e acaba curvado num my love. A prosperidade efêmera e sucumbiu ao cerco contra ilegalidade.  Ciente da incapacidade de realizar o milagre da multiplicação, Ernesto coloca uma corda ao pescoço e põe termo a vida. Já, aliás, estava morto, a partir do momento em que se revelou incapaz de realizar o prodígio de alimentar o seu agregado em época de crise.

quarta-feira, 21 novembro 2018 13:08

Atacados de forma nuclear

Nesta terça-feira, Rogério Zandamela, Governador do Banco de Moçambique, disse que o sistema informático nacional foi alvo de um ataque cibernético nuclear. O dedo acusador foi apontado à Bizfirst, os donos do software usado pela Sociedade Interbancária de Moçambique, SIMO. Estranho é que diante um tamanho ataque, "nuclear", não tenham sido acionados (pelo menos não se sabe até ao momento) os devidos mecanismos que o Estado tem para se prevenir de situações que atentam com a soberania, tal como se tem dito.

Em relação à FMF a opinião de Nhacila não é válida. Ele está em claro conflito de interesses. Portanto, a integridade e a independência em relação aos vários poderes (no caso FMF) e às fontes de informação (FMF de novo) que deviam definir a conduta profissional de Nhacila não existem. Para falar com isenção e sem estar manchado pelo conflito de interesses Nhacila devia recusar cargos e funções incompatíveis com o estatuto do jornalista. Por exemplo: ligações governativas ou ao poder autárquico, às Forças Armadas, polícias e similares; à publicidade, relações públicas, assessorias e gabinetes de imprensa e/ou de imagem (incluindo-se neste âmbito a chamada imprensa partidária, empresarial, de clubes, etc.).

Enfim, quaisquer vínculos aos poderes estabelecidos, privados e oficiais. Ou qualquer género de actividade empresarial, liberal ou assalariada que (caso da advocacia), pela sua natureza ou conflitualidade de interesses, condicione o trabalho jornalístico específico. Não sabendo com que Nhacila se fala aqui não tenho, em sã consciência, como crer nele por mais boa vontade que revele. Apenas um exemplo: jornalista X está encarregado de acompanhar todo o "dossier" do mandato de Simango — especialmente "quente" com a questão da promessa da qualificação ao CHAN. O mesmo jornalista tem uma posição claramente militante sobre o presidente da FMF. Por isso, assina um texto sobre as mentiras dos críticos da FMF. Que, como é bom lembrar, dividem o "país esclarecido".


Como vai ser visto, doravante, o trabalho do jornalista X? Ficou ou não alterado (logo, desequilibrado) o seu relacionamento com as posições em confronto, em termos de acesso a informações e iniciativas? Como passa a ser visto o seu trabalho. Nhacila, neste caso, não está ao serviço do jornalismo e muito menos do país. Ele já defendeu a direcção do GDM e hoje sequer o clube tem o campo. É o velho hábito de estar do lado errado da história e na mesa do poder. Não me espanta. Mas essa é a poeira que se lança aos olhos dos incautos para justificar o indefensável, que afinal o homem do futebol não detinha nenhuma poção mágica para desandar o caminho da mediocridade. Simango é culpado. Nem ele e nem os seus antecessores o foram.

Simplesmente passaram pela FMF dois homens sem ideias nenhumas, com o agravante dos problemas estruturais do nosso desporto, no geral, serem completamente ignorados. Mas só se salva quem tem um Nhacila.

terça-feira, 20 novembro 2018 14:28

Outros gráficos da vida

Quando se pergunta a uma pessoa bem sucedida ou rica (rica, não no sentido moçambicano da palavra) qual é o segredo do seu sucesso, a resposta tem sido simples: humildade e honestidade. Aos que gerem finanças alheias ou públicas pede-se-lhes o dobro. Isso não é brincadeira.

Por falta de honestidade, o governo ofereceu-nos uma dívida de estimação sem solução à vista.

sexta-feira, 16 novembro 2018 16:32

Fazes falta Cardoso

Assassinaram-te há 18 anos. A maior parte dos moçambicanos tem hoje menos de 18 anos. A maior parte deles não sabe quem foi este bravo jornalista que deu a vida na luta contra a corrupção. O risco é este: Cardoso vai ser esquecido. E esse esquecimento é o seu segundo assassinato. Da mesma maneira vai ser esquecido Siba-Siba Macuacua. Como serão esquecidos outros que foram nobres exemplos na luta pela honestidade e pela dignidade.