O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, não vê qualquer problema em Moçambique manter-se neutro em relação à guerra entre a Ucrânia e a Rússia, que dura há 22 dias e que já provocou pelo menos 780 mortos, 1.252 feridos e mais de 3,1 milhões de refugiados.
Falando esta terça-feira, em Maputo, no âmbito da visita do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo De Sousa, Filipe Nyusi defendeu que o seu executivo não está preocupado em condenar A ou B, mas sim na resolução do conflito.
Moçambique, lembre-se, integra a lista de 35 países que se abstiveram na votação de uma resolução que condena a invasão russa na Ucrânia, durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas. A resolução foi aprovada com 141 votos a favor e cinco contra.
A posição assumida pelo Governo é criticada por alguns cidadãos, que consideram prejudicial para candidatura do país a Membro Não Permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Também é vista como sendo prejudicial para o combate ao terrorismo, visto que Moçambique recebe diversos apoios dos países ocidentais, que apoiam a Ucrânia nesta guerra. Aliás, na semana finda, o Embaixador norte-americano em Maputo, Peter H. Vrooman, emitiu um comunicado de imprensa, pedindo solidariedade do povo moçambicano para com o povo ucraniano.
“Não vejo, totalmente, onde está o problema. Nós aqui, em Moçambique, temos uma experiência de conflitos armados e, todas as vezes, esses conflitos terminaram com o diálogo. Para nós, se conseguíssemos fazer de tudo para que a Rússia e a Ucrânia falem e resolvam rápido o problema, haverá prosperidade no mundo”, disse Nyusi, em resposta a uma pergunta dos jornalistas.
Segundo o Chefe de Estado, “Moçambique não está de acordo com a guerra”, pelo que, “defendemos que haja um diálogo”. “Não estamos a dizer que A, B ou C tem razão e nem estamos a dizer e nunca diremos que morrer é bom”, sublinhou, reiterando a necessidade de as partes beligerantes optarem pelo diálogo.
Refira-se que a tese apresentada por Filipe Nyusi, esta quinta-feira, já tinha sido defendida pela Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, na terça-feira. “A nossa grande preocupação é que as partes se sentem para encontrar solução”, disse Verónica Macamo aos jornalistas. (Carta)