Vive-se um ambiente de “cortar à faca” na Federação Moçambicana de Futebol (FMF), entre a direcção executiva daquele organismo desportivo e a equipa técnica da selecção nacional sénior de futebol, liderada por Chiquinho Conde, por uma alegada interferência da equipa de Faizal Sidat na preparação do combinado nacional para a Copa Africana das Nações (CAN), que arranca a 13 de Janeiro, na Costa do Marfim.
As desinteligências entre a direcção executiva da FMF e a equipa técnica foram tornadas públicas este fim-de-semana por Chiquinho Conde em entrevista concedida ao canal desportivo da Rádio Moçambique (RM Desporto).
Àquele órgão de comunicação social, Chiquinho Conde disse estar a ser alvo de sabotagem por parte da direcção executiva da FMF, que alegadamente tem estado a inviabilizar o seu plano de trabalho, a destacar a não realização de jogos de controlo a nível interno (com selecções regionais do centro e norte do país), por forma a garantir o ritmo competitivo dos jogadores que actuam no campeonato nacional de futebol (Moçambola), cuja prova terminou há mais de 30 dias.
Na entrevista concedida no último sábado ao RM Desporto, o seleccionador nacional de futebol mostrou-se desagradado com a escolha da África do Sul para o estágio dos “Mambas”, ao invés de Portugal, que era seu principal desejo. Afirma que Portugal seria o local ideal para a realização do estágio, uma vez que facilitaria a deslocação dos jogadores que actuam nos campeonatos europeus. Porém, a FMF preteriu esta escolha alegadamente por questões climatéricas, visto que Portugal regista temperaturas baixas em Janeiro, o que contraria a realidade da Costa do Marfim no igual período do ano.
“A selecção nacional não é de Chiquinho Conde, parece que as pessoas estão a combater o Chiquinho Conde. Isso é ridículo. Estou desagrado com toda esta situação. (…) Sou mais um que quer agregar valor”, desabafou Chiquinho Conde, garantindo que o seu descontentamento é do conhecimento da direcção executiva da FMF.
Nas suas declarações ao RM Desporto, Chiquinho Conde revelou, por exemplo, que não solicitou qualquer jogo de preparação com a Costa do Marfim, agendado para o dia 06 de Janeiro, em Abidjan, e nem foi informado das negociações entre as federações de futebol da Costa do Marfim e de Moçambique para o agendamento da referida partida. Afirma que tomou conhecimento do jogo através dos órgãos de comunicação social.
Para o seleccionador nacional, um jogo contra Costa do Marfim, nas vésperas do arranque da competição, é pesado para o combinado nacional, visto que exigirá deste maior esforço físico, podendo causar lesões aos atletas. Lembre-se que Moçambique estreia no CAN no dia 14 de Janeiro, defrontando o Egipto. A seguir, jogará com Cabo Verde a 19 de Janeiro e fecha a fase de grupo, jogando com o Gana a 22 de Janeiro.
“Carta” contactou o Presidente da FMF, Faizal Sidat, para colher sua reacção em torno do desabafo de Chiquinho Conde, mas este preferiu o silêncio. Este, refira-se, é mais um caso que abala os “Mambas”, nas vésperas de mais uma competição africana. Em Janeiro deste ano, recorde-se, jogadores da selecção nacional de futebol recusaram-se a deixar o hotel, em Argélia, exigindo o pagamento do prémio de jogo pela qualificação aos quartos-de-final do CHAN, que decorreu naquele país do Magrebe. (Carta)