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segunda-feira, 10 junho 2019 07:06

Funcionários denunciam “apartheid” na Universidade Joaquim Chissano

“Autocrático e arrogante” é como os funcionários da recém-criada Universidade Joaquim Chissano (UJC), ex-Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI), caracterizam o comportamento da actual direcção daquela instituição, facto que os motivou a escreverem uma carta ao Presidente da República, solicitando a sua intervenção.

 

Na missiva dirigida a Filipe Nyusi, a que “Carta” teve acesso, os contestatários apontam como principais problemas a suposta “segregação administrativa” existente na instituição, a introdução de cursos que não geram receitas suficientes para pagar salários dos docentes nacionais e estrangeiros, o “abocanhamento” dos horários dos cursos por parte do Reitor (José Magode), pagamento de salários “magros” e atribuição de bolsas de estudo sem critérios claros.

 

 

O documento relata ainda o convite de pessoas próximas do Reitor para assumirem cargos de direcção, ignorando-se os “quadros” que vêm trabalhando no processo de transição e a suspensão unilateral do subsídio interno, atribuído aos funcionários desde o ano de 2009.

 

Na carta, os requerentes perguntam a Nyusi porque não os “consultou antes da nomeação” de José Mário Magode e Lukas Dominikus Mkuti como Reitor e vice-Reitor, respectivamente, daquela instituição, que herdou também o extinto Instituto Superior de Administração Pública (ISAP).

 

Segundo escrevem, o problema começou, em 2015, quando iniciou o processo de transformação do ISRI em Universidade Joaquim Chissano. Na altura, José Magode desempenhava a função de vice-Reitor (foi nomeado para o novo cargo em Março deste ano), porém, chegado ao cargo de Reitor, começou a tomar um conjunto de decisões, algumas pouco consensuais e outras completamente contestadas, até por membros da direcção, para além dos restantes funcionários da instituição.

 

No documento, os funcionários da UJC dizem ainda que, com o corte do subsídio introduzido pela direcção do antigo ISRI, devido ao período pós-laboral dos cursos de Licenciatura, a situação acaba abalando as suas contas, em particular dos técnicos administrativos, que não têm contrato de pós-laboral e que, durante 10 anos, contaram com aquele valor para pagar despesas que o salário não cobria.

 

Os requerentes chamam José Magode de “turbo” por estar a leccionar na maior parte dos cursos de todos os graus académicos existentes na instituição (licenciatura, mestrado e doutoramento), ganhando, assim, para além do salário referente ao cargo que desempenha, valor relativo à docência. Os denunciantes anónimos dos abusos do Reitor da UJC dizem também que o visado instituiu uma política “segregacionista” por níveis académicos.

 

De acordo com o que vem exposto na carta dirigida ao PR, as viaturas de recolha de pessoal estão avariadas e não há perspectivas de reparação, alegadamente, por não existir um orçamento, facto que os funcionários negam. Para estes, a real motivação deve-se ao facto de as despesas para reparação de viaturas serem alocadas para o pagamento de salários dos docentes dos cursos recentemente introduzidos e que, supostamente, não gerem receitas suficientes como previsto.

 

A carta termina com o pedido a Filipe Nyusi, no sentido deste procurar outro académico com capacidade para dirigir aquela instituição pública de ensino superior de forma sábia e humilde porque, segundo os denunciantes, Magode não tem capacidade de liderança.

 

Entretanto, a “Carta” procurou ouvir a Direcção da UJC, tendo, várias vezes, interagido com o Chefe do Gabinete do Reitor da UJC, Juvêncio Cumbana. Este apenas limitou-se a prometer organizar uma entrevista com o Reitor, mas que nunca aconteceu.

 

Aliás, sempre que interagíamos com o Chefe do Gabinete do Reitor da UJC, este pedia-nos para repetir os motivos que nos levavam a solicitar a entrevista com o seu superior hierárquico, porém, sem dar nenhum andamento no processo. (Omardine Omar)

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