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quinta-feira, 22 agosto 2019 05:45

Depois de encaixar 8.5 milhões de dólares da Privinvest, Teófilo Nhangumele exigiu mais 500.000 à Proindicus

O “mastermind” do calote, como ele próprio não se cansou de se identificar em círculos de amigos, queria mais dinheiro. Da Privinvest, ele recebera pelos “trabalhos iniciais” mais de 8 milhões de “verdinhas” (ou “galinhas” na linguagem codificada do grupo). No Despacho de Pronúncia do processo das “dívidas ocultas” são profundos os detalhes dando conta de um esforço titânico dele, Teófilo, para desbloquear onde a trama emperrava na madrugada da operação.

 

 

Por exemplo, quando Manuel Chang alertou-o que o financiamento comercial do Credit Suisse (os 622.000.000 de USD que acabaram inscritos como dívida da Proindicus), só poderia avançar se fosse através de um veículo de titularização (a própria Proindicus) e tendo por base garantias soberanas, Teófilo escreveu a Jean Boustany, informando-o dessa boa “nova” que acabara de obter do antigo Ministro das Finanças.

 

“Oi Bro! Tive um encontro com Chopstick (Manuel Chang) (adoro este nome!). Ele quer saber se o Credit Suisse irá aceitar as Garantias Soberanas. O Ministério das Finanças não pode assinar o contrato com o CS, mas está preparado e pronto para emitir uma garantia soberana no montante total do empréstimo", escreveu Nhangumele.

 

E quando tudo foi desbloqueado, ele acabou encaixando da Privinvest os milhões reportados acima. Mas não se deu por satisfeito de todo, sobretudo quando, aos poucos, foi sendo empurrado para fora do projecto porque não era quadro do SISE. Zangado por causa desse afastamento, a 25 de Fevereiro de 2013, Nhangumele escreveu uma carta ao Presidente do Conselho de Administração da Proindicus (António Carlos do Rosário), reclamando o pagamento de 500.000,00 USD.

 

Eis o teor da missiva: (...)Permita-me que traga para a Vossa detida atenção os presentes factos:

 

  1. a)Venho trabalhando neste processo desde finais de 2011 tendo para o efeito desenvolvido todo o trabalho técnico relativo ao projecto, incluindo as viagens necessárias de “due diligence” à Alemanha e Abu Dhabi;
  2. b)Elaborei e defendi a motivação perante Suas Excelências os titulares das Forças de Defesa e Segurança e perante sua Excelência o Presidente da República para a aprovação do projecto;
  3. c)Trabalhei na identificação do financiamento para tornar este projecto financeiramente possível;
  4. d)Criei e registei o nome Proindicus e participei na criação da empresa e
  5. e)Custeei todas as despesas relativas ao transporte pesssoal, impressão de documentação, duplicação e encadernação de todas as várias apresentações feitas, a todos os níveis para tornar este projecto possível.

Por via do exposto acima, venho humilde e encarecidamente solicitar que me seja reconhecido o esforço individual despendido para que este projecto fosse possível; por conseguinte, ser remunerado pecuniarmente pelo trabalho realizado no valor de 500.000,00 USD”.

 

A resposta recebida de volta, por carta assinada pelo PCA da Proindicus, e datada de 24 de Abril de 2013, foi negativa. “No que concerne à solicitação para que lhe seja pecuniarmente remunerado pelo trabalho realizado para que este projecto fosse possível (...) é entendimento da Assembleia Geral da Proindicus não ser esta a entidade responsável em pagar a remuneração pretendida, em virtude da Proindicus ter sido constituída posteriormente à realização do referido trabalho”. (Carta)

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