Mas o tamanho das irregularidades em Marromeu, criticadas por todo o mundo, levou-lhe a bater seu martelo contra o coro de seus pares (cinco votaram validando os resultados). “Diante de tantas irregularidades, testemunhadas por 68 observadores e 20 jornalistas, o actual sistema eleitoral mostrou mais uma vez que pode ser manipulado por quem está no comando, apresentando os resultados que julgar convenientes”, disse Franque. Para ele, o princípio da “objecção prévia” continua sendo “complexo, inviável e injusto”, e o resultado imediato é “a lavagem das irregularidades que ocorreram nas eleições”. Este princípio significa que um partido ou candidato não pode protestar contra qualquer fraude eleitoral, a menos que primeiro tenha feito uma “objecção prévia” junto do órgão eleitoral de base, designadamente as mesas de assembleia de voto. Mas, repetidamente, os presidentes das assembleias de voto recusaram-se ilegalmente a aceitar queixas da Renamo.
Franque observou que essa recusa, “com a intenção de prejudicar alguns candidatos e favorecer os outros”, juntamente com a recusa de entregar cópias das fichas de resultados, tornou-se “uma nova maneira de obter resultados eleitorais fora do quadro legal”. A solução ideal que Franque apontou para se contornar o mecanismo fraudulento é o voto eletrónico, mas Moçambique não tem condições estruturais para introduzir essa via a breve trecho. O voto vencido de Franque serve para tirar algum peso de consciência mas por diversas vezes ele podia ter aberto a boca no mesmo diapasão, dando um ar de pluralismo a um Conselho Constitucional que perdeu toda a credibilidade.(M.M.)