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quinta-feira, 15 julho 2021 04:16

SADC rejeita tropas do Malawi na luta contra a insurgência em Cabo Delgado

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e Moçambique rejeitaram as tropas do Malawi (Malawi Defence Force) para ajudar na luta contra os insurgentes na província nortenha de Cabo Delgado. Esta é a primeira vez na história do país que soldados do Malawi são rejeitados em missões internacionais.

 

O porta-voz das Forças de Defesa do Malawi, Major Calvin Mleremba, disse que Malawi não fará parte da força da SADC, que em princípio deveria começar a desdobrar-se a partir desta quinta-feira para Moçambique. Mleremba disse que a decisão foi tomada porque o Malawi não foi incluído para fazer parte do envio de tropas.

 

Refira-se que o Malawi tem um batalhão integrado na brigada de Intervenção da SADC na República Democrática do Congo, da qual também fazem parte a Tanzânia e África do Sul. A brigada opera sob égide da MONUSCO, a missão das Nações Unidas para a manutenção da paz na República Democrática do Congo.

 

Os soldados do Malawi também já estiveram em Moçambique como capacetes azuis integrados na ONUMOZ, depois da assinatura do Acordo Geral de Paz em Roma em 1992.

 

Lembre-se, no entanto, que no final de uma cimeira de um dia em Maputo no mês passado, que também contou com a presença do líder do Malawi, Lazarus Chakwera, a Secretária-Executiva da SADC, Stergomena Tax, disse que todos os países concordaram em enviar tropas a Moçambique para ajudar a combater a escalada da violência no norte do país. A força da SADC faz parte de um pacto de defesa regional que permite a intervenção militar para evitar a propagação do conflito.

 

…e Zimbabwe não tem dinheiro para equipar e financiar os seus militares

 

Enquanto isso, o governo do Presidente Emmerson Mnangagwa está a lutar para mobilizar recursos suficientes para contribuir para a Força da SADC destacada para iniciar operações militares para reprimir a insurgência em Moçambique.

 

Fontes militares e oficiais seniores disseram que, actualmente, Zimbabwe só pode contribuir com soldados e armas clássicas. Espera-se que o Zimbabwe forneça tropas para a força regional de cerca de 3.000 homens.

 

Mas com o país no meio de uma crise económica, agora agravada pela Covid-19, fontes do Tesouro disseram que não havia dinheiro para financiar uma operação tão cara, pois, esvaziaria os já esgotados cofres.

 

O jornal NewZimbabwe apurou que as reservas foram também expressas nos círculos militares, sobre a escassez de armamento adequado e necessário para combater a guerra assimétrica. Entende-se por guerra assimétrica aquela em que um exército estatal convencional luta contra um actor não estatal interno ou externo, geralmente terroristas e/ou insurgentes.

 

Ao abrigo do acordo da SADC, os estados membros devem financiar e equipar os seus próprios soldados.

 

Fontes disseram que houve várias reuniões nas últimas três semanas, envolvendo todas as partes interessadas, onde foi repetidamente enfatizado que não havia dinheiro para o exercício. “Há basicamente três coisas aqui. Em primeiro lugar, o Ministério das Finanças diz que de momento não há dinheiro para financiar a operação. Os soldados ou oficiais vão precisar de ajudas de custo que só podem ser pagas pelo governo e, como aprendemos na RDC, este é um empreendimento muito caro”, disse a fonte.

 

“Em segundo lugar, as reservas vieram dos militares de que não tem as ferramentas necessárias para combater numa guerra assimétrica como esta. Lembre-se de que os terroristas são diferentes de um exército convencional que luta abertamente. Eles brincam de esconde-esconde. Eles estão na sua maioria integrados nas comunidades e lançam ataques coordenados e esporádicos antes de recuar rapidamente. É necessário investirmos em tecnologias modernas para combater com sucesso os insurgentes, como drones e veículos aéreos não tripulados. Precisamos explorar o ciberespaço, mas de momento não temos essa capacidade”, acrescentou a fonte.

 

Uma fonte militar revelou que, no ano passado, membros das forças especiais altamente qualificados foram enviados a Moçambique para fazer trabalho de reconhecimento. O seu relatório sugeria que a melhor forma de vencer esta guerra era usar estas tecnologias para identificar e eliminar terroristas. (F.I.)

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