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segunda-feira, 27 dezembro 2021 07:36

Cerca de 1.9 milhão de pessoas em níveis elevados de insegurança alimentar aguda no país – SETSAN

Perto de 1.9 milhão de pessoas poderão estar em situação de insegurança alimentar aguda em todo o país até Março de 2022. As projecções são feitas pelo Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN) no seu mais recente IPC da Insegurança Alimentar Aguda referente ao período de Novembro de 2021 a Setembro de 2022.

 

De acordo com o documento, o número poderá baixar para 1.4 milhão de pessoas, de Março até Setembro de 2022 (período que coincide com a colheita), porém, com a excepção da província de Cabo Delgado, onde mais de 800 mil pessoas se encontram deslocadas devido aos ataques terroristas. O estudo revela ainda que 39 mil pessoas estão em situação de emergência alimentar, enquanto perto de 6.6 milhões de moçambicanos têm a alimentação assegurada.

 

Segundo o SETSAN, dos cerca de 1.9 milhão de moçambicanos em situação de “crise” actualmente, perto de 481 mil estão nas 11 capitais provinciais (8% da população urbana analisada), devido à irregularidade das chuvas (nas cidades de Nampula, Tete, Inhambane e Xai-Xai), ocorrência de ciclones e ventos fortes (Chimoio e Beira), aumento de preços dos produtos alimentares (Pemba, Matola e Maputo), acções de terrorismo (Pemba) e o impacto das medidas de restrição da COVID-19 (em todo o país).

 

“A maior proporção de famílias em Crise (Fase 3 do IPC) dentro das áreas urbanas analisadas foi em Pemba a 55%, o equivalente a aproximadamente 165.000 pessoas”, sublinha o estudo, garantindo que, nas restantes cidades, a taxa varia de 1% a 15%.

 

Já nas áreas rurais, o SETSAN estima que cerca de 1.38 milhão de pessoas estejam, neste momento, a enfrentar níveis elevados de insegurança alimentar aguda, em pelo menos 50 distritos analisados, “como resultado da combinação de diferentes choques que afectaram os meios de sustento dos agregados familiares e o acesso a alimentos”.

 

“Na tentativa de conseguir alimentos, os agregados familiares podem ser obrigados a vender seus bens acumulados durantes vários anos, agravando também a sua pobreza. Portanto, estes agregados familiares precisam de assistência urgente para reduzir o défice alimentar e proteger os seus meios de sustento”, defendem os técnicos daquela instituição.

 

De acordo com o estudo, a população mais afectada está localizada nos distritos de Ancuabe, Ibo, Macomia, Meluco, Metuge, Mocímboa da Praia, Montepuez, Mueda, Muidumbe, Nangade, Quissanga e Palma (província de Cabo Delgado); Tambara (Manica); Changara (Tete); e Chibuto, Mabalane e Guijá (Gaza). “Nestes distritos, a proporção de agregados familiares na Fase 3 ou pior varia entre 20% e 80%, principalmente nos distritos de Cabo Delgado, Gaza e Tete”, sublinha a fonte.

 

“A magnitude e a severidade da Insegurança Alimentar Aguda observada neste período (novembro de 2021 a março de 2022) resulta dos efeitos do terrorismo na província de Cabo Delgado e escassez de chuva nos distritos localizados nas zonas áridas e semi-áridas das províncias de Manica, Tete e Gaza que têm estado a reduzir a capacidade de produção agrícola dos agregados familiares”, sublinha a fonte.

 

Refira-se que IPC de Insegurança Alimentar Aguda é um conjunto de ferramentas e procedimentos usados para classificar a gravidade e as características de crises alimentares e de nutrição agudas, bem como a insegurança alimentar crónica, com base em padrões internacionais. IPC compreende quatro funções que se reforçam mutuamente, cada uma com um conjunto de protocolos específicos (ferramentas e procedimentos).

 

O estudo recentemente publicado foi realizado entre os dias 26 de Setembro e 11 de Outubro de 2021, pelo SETSAN e pelos Serviços Provinciais de Actividades Económicas (SPAE) e Direcções Provinciais da Agricultura e Pesca (DPAP).

 

“Foram cobertas 10 províncias e a Cidade de Maputo, num total de 51 distritos, dos quais 10 cidades capitais, quatro distritos urbanos da cidade de Maputo e 37 distritos rurais, onde foram seleccionadas aleatoriamente seis Áreas de Enumeração por distrito Urbano e Rural, entrevistados 18 Agregados Familiares por Área de Enumeração Urbana, totalizando 108 Agregados Familiares por distrito Urbano e 16 Agregados Familiares por Áreas de Enumeração Rural, perfazendo um total 96 Agregados Familiares por distrito Rural, perfazendo uma amostra de 5.064 Agregados Familiares”, garante a fonte. (Carta)

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