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sexta-feira, 22 novembro 2024 05:35

Eleições 2024: Buzinas e roupa preta voltam a inundar grande Maputo no segundo dia de “luto nacional”

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O segundo dia de luto nacional, decretado pelo candidato Venâncio Mondlane, foi marcado pela intensidade das "buzinadelas" e pela predominância do preto nas ruas da cidade e da província de Maputo, com o total bloqueio da estrada nacional número 4 (N4), concretamente na zona de Malhapsene.

 

Quando o relógio marcou exactamente 12h00, tudo parou. O trânsito praticamente desapareceu, pois, os populares ocuparam as ruas para prestar homenagem aos 50 mortos durante as manifestações que ocorreram em quase todo o país. O trânsito estava parado entre buzinas e apitos e até houve espaço para estender uma esteira no meio da estrada para um chá da tarde ou uma oração, em resposta ao apelo de três dias de luto do candidato presidencial Venâncio Mondlane.

 

Na estrada circular de Maputo, o cenário não era diferente. Alguns grupos se amontoaram na via e o som das buzinas vinha de todos os lados. Os 15 minutos de parada foram cumpridos à risca. Ninguém ia para trás nem para frente. Tudo parou.

 

Na cidade de Maputo, nas avenidas Eduardo Mondlane, Guerra Popular e 25 de Setembro, o cenário também foi o mesmo. As buzinas ecoavam de todos os cantos, as vias estavam bloqueadas, com os carros parados, e não foi necessário o uso de semáforos para ordenar a imobilização dos veículos.

 

No cruzamento entre as avenidas Guerra Popular e Eduardo Mondlane, as pessoas se aglomeraram, vindas de diversos pontos da cidade. No meio da estrada, alguns jovens empunhavam cartazes e bandeiras do partido PODEMOS, e, na sua maioria, também estavam vestidos de preto. Na Baixa da cidade, o comércio parou, menos a venda de apitos e vuvuzelas, e o povo gritava "Venâncio".

 

“Nosso presidente é Venâncio. Ele só precisa dar as ordens e nós vamos cumprir. Ele não tem que conversar com esses ladrões da FRELIMO. Esta farsa toda deve ser anulada. Nós exigimos que o nosso país seja salvo”, gritavam alguns populares que circulavam na baixa da cidade ao som dos apitos.

 

Em mais uma transmissão ao vivo, na sua página oficial no Facebook, feita na tarde desta quinta-feira (21), Venâncio Mondlane aproveitou para agradecer aos automobilistas que “aderiram de forma massiva e estrondosa a este chamamento em homenagem àqueles que perderam as suas vidas, deixando órfãos, viúvas e sonhos interrompidos”.

 

Prosseguindo, afirmou que a manifestação desta sexta-feira vai ser diferente, devendo ter quatro momentos. O primeiro será com todas as viaturas paradas por 15 minutos e buzinando. Depois, as viaturas retomam a marcha para os seus destinos ao som da buzina, até às 13h00.

 

Das 13h00 às 13h25, as viaturas deverão parar novamente, e todas as pessoas, onde quer que estejam, devem observar uma pausa entoando o hino nacional quantas vezes for necessário, em homenagem ao advogado Elvino Dias e ao membro do Podemos, Paulo Guambe, mortos por 25 tiros no mês de Outubro.

 

Às 21h00, as paneladas, vuvuzelas e apitos, como em ocasiões anteriores, deverão marcar o dia. E, finalmente, das 23h00 às 2h00, os moçambicanos vão fazer uma vigília em homenagem aos mortos durante as manifestações.

 

Entretanto, “Carta” recebeu relatos de que várias empresas públicas e privadas decidiram sancionar os seus trabalhadores que compareceram ao local de trabalho trajados de preto e sobretudo aqueles que saíram e se juntaram aos manifestantes em frente ao seu local de trabalho quando o ponteiro do relógio indicou 12h00. (M.A)

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