Nos últimos 10 anos, em Moçambique, vários cidadãos que sofrem de pigmentação da pele têm sido vítimas de malfeitores que, por razões anormais, capturam, assassinam e traficam em países como Malawi e Tanzânia. As províncias de Nampula, Zambézia, Cabo Delgado lideram a lista dos locais onde pessoas com albinismo têm sido vítimas.
Segundo a Associação Kanimambo, nos últimos tempos, foram relatados, na maioria das províncias moçambicanas, com especial incidência nas do norte, ataques físicos contra pessoas com albinismo, incluindo sequestro e tráfico de partes do corpo.
As crianças parecem ser as maiores vítimas, embora os adultos também sejam alvo. Mesmo após a sua morte, as pessoas com albinismo não podem “descansar em paz”, pois, os seus túmulos são muitas vezes saqueados e os seus ossos roubados.
Num comunicado, enviado pela Kanimambo, este organismo refere que existem escassas informações e dados disponíveis sobre pessoas com albinismo em Moçambique. Estatísticas de vários países da África indicam que uma pessoa com albinismo morre, devido ao cancro da pele entre os 30 e 40 anos. Menos de 10 por cento das pessoas com albinismo vivem mais de 30 anos e apenas 2 por cento vivem até aos 40 anos de idade.
O albinismo resulta de uma anomalia genética. A sua ocorrência é variável, segundo as várias regiões do mundo, tendo especial incidência na África Oriental. Estima-se que um em cada 1400 habitantes seja portador de albinismo naquela área.
Dada a sua diferença, as pessoas com albinismo (PCA), sobretudo crianças, idosos e mulheres, são vítimas de discriminação, apoiada em superstições de populações mal informadas. Nos últimos anos, práticas de feitiçaria têm sido reportadas nos países da África Oriental, verificando-se graves violações de direitos humanos, incluindo assassinatos e mutilações.
As consequências junto da minoria portadora de albinismo são fáceis de prever: baixa autoestima, dificuldade em aprender (pela perturbação na visão), rejeição na procura de trabalho. A forte exposição ao sol provoca queimaduras de pele que, não sendo tratadas, podem degenerar em cancros. O albinismo é uma condição genética que resulta da produção insuficiente de melanina, pelo que a principal característica do albinismo é a ausência, parcial ou total, de pigmento na pele, cabelo e olhos.
A Associação Kanimambo teve sua génese num movimento espontâneo de jovens que, desde 2012, se organizou para angariar e enviar protectores solares, bonés e chapéus-de-sol para crianças e adultos com albinismo.A Associação de Apoio ao Albinismo (KNMB) é uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD), portuguesa, registada em Moçambique, que desenvolve um programa de ajuda especialmente dedicado às crianças com Albinismo. (Omardine Omar)