A organização norte-americana, denominada Rede de Sistemas de Alerta Antecipado de Fome (FEWS), gerida pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), revela que cerca de 67.500 crianças, dos seis aos 59 meses de vida, de diferentes distritos do país, sofrem de malnutrição aguda, sendo que, neste grupo, 6.500 crianças sofrem de malnutrição severa aguda.
A informação consta de um relatório intitulado “perspectiva sobre segurança alimentar”, divulgado semana passada, pela organização, no qual sublinha que, em Moçambique, vive-se a pior insegurança alimentar, desde 2016.
Para a FEWS, entre os meses de Maio e Junho do presente ano, 1.6 milhão de pessoas, nos distritos afectados pelos ciclones Idai e Kenneth, que fustigaram as zonas centro e norte do país, nos meses de Março e Abril, respectivamente, tiveram assistência humanitária, devido à fome que se faz sentir nos referidos locais.
Entretanto, “existem muitas famílias que ainda não receberam nenhum apoio alimentar, das várias organizações e muito menos do governo”, denuncia a FEWS.
De acordo com o documento, a emergência humanitária, que se regista em muitos distritos do país, é provocada pela passagem dos ciclones Desmond, Idai e Kenneth, assim como chuvas torrenciais e inundações, que se fizeram sentir nas zonas norte e centro, associadas à seca que se faz sentir na região sul.
O estudo afirma ainda que as devastações mataram 120 cabeças de gado bovino, 1.220 caprinos e 22 mil frangos, para além de mais de um milhão de toneladas de culturas, entre elas, o milho, arroz, amendoim, feijão e vegetais terem sido destruídas em todas as regiões do país, devido aos ciclones e seca. Segundo o estudo, devido a esta situação, a produção agrícola da época 2018/2019 estará abaixo da produção da época anterior.
O relatório indica, igualmente, que os ciclones tropicais destruíram barcos e equipamentos de pesca, por sinal, uma das mais importantes actividades que alimenta as populações que vivem nas zonas costeiras.
As previsões da FEWS apontam que, até Setembro deste ano, mesmo as famílias que, até agora, têm alguns alimentos guardados nos seus celeiros, poderão ficar sem nada, apontando esta como a pior situação de insegurança alimentar dos últimos três anos. (Omardine Omar)