A Westminister Foundation for Democracy (WFD) lançou, esta quarta-feira, em Maputo, um Relatório sobre a situação social e económica das pessoas com deficiência em Moçambique, intitulado “Rumo a Políticas Sociais, Económicas e Inclusivas para as pessoas com Deficiência em Moçambique”.
De acordo com o Relatório, que reporta os resultados de um estudo realizado em Setembro último, a relação entre a deficiência e a pobreza, em Moçambique, é o principal factor que define as semelhanças entre as regiões do país.
Entretanto, ainda de acordo com a pesquisa, este factor é bastante significativo, visto que a pobreza afecta a maioria das populações das zonas rurais do país, grande parte das quais não possui infra-estruturas sociais, económicas e físicas adequadas, principalmente para as pessoas com deficiência.
Entretanto, lê-se no documento, existem alguns avanços na operacionalização das acções sobre a deficiência no país, embora persistam ainda alguns desafios que partem das acções multissectoriais, em que todos os intervenientes se consciencializem que só com uma abordagem conjunta se pode combater os obstáculos sociais e económicos, a discriminação, negação de direitos e outras barreiras.
Segundo a Alta-Comissária Britânica na República de Moçambique, NneNne Iwuji-Eme, o país tem vindo a desenvolver vários esforços tendentes a melhorar o quadro da pessoa com deficiência e estas acções são de louvar.
“As vozes ouvidas neste estudo fazem menção à persistência do estigma e discriminação das pessoas com deficiência, baixos níveis de empoderamento e barreiras no acesso a oportunidades de trabalho. Estes factos subsidiam a visão do governo do Reino Unido de que este é o momento para agir”.
Entretanto, para o Presidente do Conselho de Direcção da Associação dos Deficientes Moçambicanos (ADEMO), Ricardo Moresse, um outro grande desafio que se coloca é a falta de um censo específico sobre a população com deficiência em Moçambique, pois os dados existentes apresentam números aproximados, como se pode ver através do Censo Populacional de 2017, cujo quadro está aquém do desejado, o que pode dificultar uma planificação adequada para o sector da deficiência.
O lema “nada sobre nós, sem nós”, mencionado pelo estudo, não passará de letra morta enquanto as pessoas com deficiência continuarem a viver à margem dos centros de tomada de decisão, e enquanto se mantiverem as barreiras de ordem arquitectónica, e de acesso às tecnologias de comunicação e informação, que impedem a participação efectiva das pessoas com deficiência, em diversas esferas da vida social, económica e política. (Marta Afonso)