A vila municipal de Mocímboa da Praia, no norte da província de Cabo Delgado, completou, este domingo, 62 anos da sua elevação à categoria de vila. Entretanto, a festa foi completamente beliscada pelos terroristas, que continuam a “gerir” a vila-sede daquele distrito, desde que a tomaram em Agosto de 2020.
Um dos maiores centros comerciais da província de Cabo Delgado, Mocímboa da Praia, tornou-se, a partir daquele mês, numa vila fantasma, com as residências e ruas totalmente desertas e com diferentes edifícios públicos e privados destruídos. Os seus munícipes transformaram-se em hóspedes (forçados) em outras vilas distritais, devido aos ataques terroristas, que tiveram seu início exactamente naquela vila-sede, a 05 de Outubro de 2017.
“Carta” conversou com algumas pessoas, naturais de Mocímboa da Praia, que hoje se encontram refugiadas na cidade de Pemba, a capital provincial de Cabo Delgado. Todas lamentam o facto de terem assinalado a data distante da sua terra natal, porém, algumas têm certeza de que irão regressar às suas casas (já destruídas), no entanto, há quem já perdeu a esperança, tendo em conta o escalar da violência.
Elisa Juma, viúva e mãe de quatro filhos, é natural de Mocímboa da Praia e diz estar a viver momentos difíceis. Desde Outubro de 2020, reside no bairro Cariacó, arredores da cidade de Pemba, onde encontrou um cantinho para poder “descansar” do som dos tiros, embora ainda não tenha encontrado rumo para sua vida. Aliás, acredita que a situação irá se normalizar e que irá regressar à sua terra natal.
Quem também diz estar a ser difícil adaptar-se à nova vida é Momade Abudo, que reside no bairro de Mahate, também nos arredores da cidade de Pemba. O custo de vida é a maior barreira encontrada por Abudo, que reside com sua esposa e seus cinco filhos. Entretanto, garante que a sua vida será reconstruída naquele ponto do país, pois, já perdeu a esperança de regressar a Mocímboa da Praia devido à intensidade da guerra.
Sublinhar que, no passado dia 28 de Fevereiro, o Edil da vila municipal de Mocímboa da Praia, Cheia Momba, avançou que a efeméride seria assinalada, de forma simbólica, na aldeia Nanjua, no distrito de Ancuabe. (Carta)