Comunidades dos Postos Administrativos de Magude-sede, Mahel, Motaze, Panjane e Mapulanguene, no distrito de Magude, província de Maputo, queixam-se da constante destruição das suas machambas por parte de animais bravios.
Num seminário havido semana finda, em Magude, sobre conflito homem-fauna bravia e caça furtiva, organizado pelo Governo Distrital de Magude, em parceria com o Fundo Mundial da Natureza (WWF) e a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), os Chefes dos cinco Postos Administrativos daquele distrito revelaram que só na presente época agrícola, no Posto Administrativo de Mapulanguene, por exemplo, os animais (com maior destaque para os elefantes e búfalos) já devastaram cerca de 18 hectares.
Para além das culturas, os animais bravios têm destruído celeiros, havendo também relatos de terem matado duas pessoas, das quais uma anciã, de 70 anos de idade, que foi atacada por um búfalo e uma criança, cuja idade não apuramos, que foi atacada por um crocodilo. Os dois casos foram registados no Posto Administrativo de Motaze.
Segundo Matilde Bié, Chefe do Posto Administrativo de Mahel, os elefantes invadem as machambas diariamente, facto que inquieta as comunidades que dizem não entender o papel da ANAC no combate a esta “praga”.
Aliás, Fenias Bié, um extensionista de Mahel, garante que o som da buzina facultada pela ANAC e pelos Serviços Distritais de Actividades Económicas de Magude é idêntico ao som produzido pelos elefantes, facto que faz com que, ao ser tocada, aqueles paquidermes se dirijam em direcção à pessoa que toca a buzina. “Os animais tiraram-nos tudo o que havíamos produzido este ano”, sublinha.
Quem também entende serem insustentáveis as medidas, até então, adoptadas pelas autoridades para combater os animais bravios é Albertino da Costa, Chefe do Posto Administrativo de Magude-sede, que revela já ter perdido um total de cinco celeiros e 18 machambas na sua área de jurisdição.
Por seu turno, Julião Chiburre, um dos lesados, propõe a criação de um Fundo de Compensação para os camponeses lesados pelas acções dos animais bravios, pois, nem todas as fazendas de bravio têm cercas eléctricas para impedir a saída dos animais das áreas de conservação.
ANAC reconhece os problemas e propõe abate dos animais “infractores”
Em reacção às inquietações apresentadas, Paulo Barros, em representação da ANAC, reconheceu os problemas, tendo avançado que, neste momento, é prioritário o treinamento das comunidades de Magude e Moamba.
Na sua intervenção, Barros propôs o abate dos animais “infractores” sempre que estes se dirigirem para uma área comunitária, onde se antevê que causarão danos. Porém, após o abate, disse, a população deverá informar imediatamente as autoridades para que o “abate” não seja considerado “crime de caça furtiva”.
A fonte garantiu ainda que a sua instituição pensa em criar um mecanismo de compensação às comunidades lesadas pelos animais bravios, apesar de esta medida não estar prevista na legislação. (Omardine Omar, em Magude)