Ultrapassado o “dilúvio” no rio Revúboè, na cidade de Tete, as atenções estão viradas para o rio Zambeze, concretamente nos distritos de Mutarara (em Tete), Caia e Marromeu (em Sofala). De acordo com a Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos, entre a noite desta quarta-feira e madrugada de quinta-feira, o caudal do rio Zambeze poderá inundar os distritos de Caia e Marromeu, em Sofala, causando danos nas infra-estruturas e na segurança rodoviária.
Em conferência de imprensa concedida na manhã desta quarta-feira, Agostinho Vilanculos, Chefe do Departamento de Gestão de Bacias Hidrográficas, explicou que as bacias hidrográficas do Revúboè e Shiri, afluentes do Zambeze, registaram volumes muito elevados de escoamento das águas, pelo que, prevê-se inundações do regime moderado à alto.
“Ainda continuamos com grande preocupação em termos daquilo que é a evolução hidrológica, sobretudo, na bacia do Zambeze. Ontem [terça-feira] registamos volumes muito elevados vindos do Revúboè [8 mil metros cúbicos por segundo] e também estamos a registar níveis elevados de escoamento na sub-bacia do Shiri [5 mil metros cúbicos por segundo] (…) e esses dois grandes braços juntam-se ao Zambeze principal [com um volume de 3 mil metros cúbicos por segundo] e, todos juntos, é muita água [16 mil metros cúbicos por segundo]”, disse Vilanculo, sublinhando que “isso vai ter impactos significativos nos distritos de Caia e Marromeu (Sofala) entre a noite de hoje [quarta-feira] e o princípio do dia de amanhã [quinta-feira] e essas grandes ondas de água poderão gerar inundações de regime moderado à alto”.
De acordo com a Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos, cerca de 200 mil pessoas serão afectadas pelas descargas do rio Zambeze, para além das infra-estruturas sociais e económicas.
Entretanto…
O Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, diz estar controlada a situação no rio Zambeze. Em declarações à Rádio Moçambique, no final da reunião Comité Operativo de Emergência (COE) em Tete, que teve lugar na manhã desta quarta-feira, Correia disse ainda não haver aviso de mau tempo, pelo que, ainda não há motivos de preocupação.
Correia está em Tete a liderar a Brigada do Conselho de Ministros que irá avaliar os efeitos da Tempestade Tropical ANA naquela parcela do país. “A situação está calma, porque o caudal [do Rio Revúboè] está a baixar. Tivemos níveis de 8, 9 metros ontem e hoje está a 5 metros. A província está estável, a situação está controlada”, disse o governante.
Referir que, em consequência da passagem da Tempestade Tropical e da “fúria” do Revúboè, quatro pessoas morreram na província de Tete, concretamente nos distritos de Macanga (duas), Tsangano (uma) e Tete (uma). Entre os mortos está o Administrador de Tete, José Maria Mandere, que perdeu a vida ontem vítima de afogamento. O seu corpo foi localizado esta manhã. (Carta)