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segunda-feira, 27 abril 2020 08:45

Os 100 dias de "governação" dos insurgentes

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"Que balanço faz dos 100 dias da governação de Nyusi?". Se fizermos essa pergunta, hoje, a um refugiado de Muatide, Chitunda, Naunde, Namacande, Meangaleua, Ntchinga, Quitarejo, Chicuaia-Velha, Lukwamba, Litingina e outras já destruídas aldeias de Nangade, Muidumbe, Mocímboa, Macomia, Ibo, e etecetera, claramente que a resposta será uma pergunta: "quem é Nyusi?".
 
 
Não entendam mal essas pessoas! É que governar é fazer a agenda do país. Governar é dar as cartas... ficar com o trunfo... e ainda ter uma carta na manga. Governar é estar na vanguarda dos acontecimentos... é prever e antecipar-se. Governar é comunicar com os governados... é dizer o que está a fazer e o que vai fazer. Governar é dar a cara... mesmo que seja cara de bunda ou cara-de-pau. Governar é controlar... é tomar as rédeas, é tomar o remo do barco. Governar é saber onde vai... e ir. Governar é guiar. Governar é ser protagonista. Governar é dominar. Governar é criar confiança. 
 
 
Governar é PODER. E o Poder se tem ou por carisma (respeito) ou por força (medo). Nesses últimos 100 dias assistiu-se a um Poder instituído paulatinamente à força pelos insurgentes a ponto de serem aplaudidos e os soldados governamentais insultados pela população. Os insurgentes embaralharam as cartas e distribuíram-nas. Infelizmente, nesses 100 dias, o país andou a reboque desses energúnenos. Eles fizeram a agenda do país dentro e além fronteiras. Fizeram a nossa diplomacia. Não se sabe como não mandaram o seu representante à Breton Woods para negociar a nossa dívida. 
 
 
Na verdade, estamos a viver uma inércia de partilha de poder, que vem do quinquênio passado, entre o governo legalmente instituído e outros "governos sombra" que foram se impondo dentro dos circunstancialismos das circunstâncias. Temos a "governação" dos gatunos de estimação e do Efe-Eme-I que remonta desde a desocultação das dívidas ocultas cujo domínio é visível até os dias de hoje. Depois juntou-se a "governação" paralela do Nhongo e dos insurgentes cujo exercício iniciou nos meados do mandato passado e foi-se perpetuando e agudizando até hoje. 
 
 
De resto, podemos assumir que nos últimos anos, temos visto uma governação intermitente de Filipe Nyusi, com algumas acções esporádicas e pontuais. Mas, na prática, os primeiros 100 dias de governação, a contar da tomada de posse de Filipe Nyusi, a 15 de Janeiro, vimos apenas um Nyusi nomeador e empossador. As suas ações de governação dignas do nome foram marcadas por nomeações e empossamentos. O resto foram assobios para os ombros em relação aos problemas mais candentes do país, principalmente, aos ataques de Cabo Delgado. 
 
 
Nesse período, Nyusi nomeou e empossou toda a gente, tanto que nomeou e empossou pessoas que não conhecem os seus termos de referência. Uns estão a lutar para inaugurar pontecas, outros estão a dançar nos estádios, e ainda a quem está a empossar administradores de grupos de WhatsApp. Até nomeou e empossou a senhora que fica com as chaves do escritório da sua esposa. Provavelmente, mandar fechar escolas e barracas tenha sido o píncaro da sua governação desses primeiros três meses do calendário gregoriano.
 
 
Enfim, a César o que é dele. O primeiro trimestre foi dos insurgentes, hoje, terroristas. Foram eles que fizeram a pauta do país. Isso não é conspiração, nem vanglorização dos terroristas e, muito menos, celebração da violência ou, então, ejaculação com as mortes... é simplesmente o que se viu até agora. É o que se sente. Mas, o mandato ainda é uma criança! Avante, camarada Presidente! A nossa confiança em ti ainda não esgotou! Ainda temos muita esperança!
 
 
- Co'licença!
 
 
 
 
 
 

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