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sexta-feira, 19 junho 2020 08:10

O preço da nossa casmurrice colectiva

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Fomos ao hospício, encontramos um maluco em tratamento, levamos o gajo à força contra a vontade do médico e sem nenhum laudo psicológico, enfiamos o gajo num fato e gravata da boutique "Extravagância", tiramos o gajo uma foto tipo passe, imprimimos em A-4 colorido e fotocopiamos aos milhares ali na papelaria "Académica", distribuímos por toda a província da Zambézia, gritamos aos quatro ventos para todo o mundo ouvir que aquele era o nosso candidato a Governador Provincial da Zambézia - o melhor de todos os zambezianos: o mais honesto, o mais inteligente, o mais prudente, o mais sisudo, o mais confiado, o mais sei-lá-quantos, e hoje estamos a chorar das suas maluquices! Hoje estamos a pedir que o maluco tenha dó. Queremos que o maluco tenha consternação. Definitivamente, somos muito complicados!

 

Hoje estamos a pedir àquele maluco que fomos levar no hospício sem ter tido alta oficial que não gaste dinheiro do povo com reabilitação do seu palácio. Estamos a pedir ao mesmo perturbado mental que avalie a situação. Que pondere, que seja prudente, que sinta pena. Estamos a pedir ao mesmo doído que analise a situação e abdique da reabilitação do seu pomposo palácio. Hoje estamos a dizer que meio milhão de dólares norte-americanos é exagerado para reabilitar uma casa. E queremos que um maluco que abandonou o tratamento tenha consciência disso. Vai entender!!!

 

Olha lá, aquele é um chanfrado. Saiu da presidência do município porque não estava bem da "head" e nunca nos disseram que já estava curado. É um paulado. Ele dele nem está a ver esse milhão dele como alguma coisa. Nem sabe que está a fazer algo de errado. Está nem aí! Nem sabe até que estão a falar com ele. Aquele está num mundo só dele e lá no mundo dele ele vive num palácio novo. Onde já viram um maluco que se importa com dinheiro. Não viram o gajo a lançar maços de dinheiro durante a campanha eleitoral?! Não viram?! Não deu para ver que o gajo é apenas um louco a viver a sua loucura?! 

 

Ele é apenas um maluco, pessoal! Não tem remorsos. Ele pensa que pode fazer o que quiser. E nós devíamos aceitar isso como o preço da nossa casmurrice colectiva. Ou então pegamos o gajo de volta ao hospital, dizemos ao médico-psiquiatra que o gajo tinha fugido e alertamos aos guardas para ficarem "txendjewa" com o gajo para não pular muro. Não sei se há outra ideia!

 

- Co'licença!

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