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sexta-feira, 17 julho 2020 07:07

Meia-decisão

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“Manteremos em vigor todas as medidas anunciadas anteriormente, o que significa que as escolas e os locais de culto continuarão fechados”. Muito bom! 

 

Manter as escolas fechadas e condicionar a sua abertura à criação de condições de higiene e segurança para as crianças é de longe a decisão mais sábia e lúcida do Presidente da República Filipe Nyusi, mas é uma meia-decisão. Faltou, quanto a mim, o essencial do discurso. O Presidente da República perdeu a oportunidade de pôr os pontos nos 'is' em relação ao futuro do ano lectivo 2020. É que todos sabemos que não iremos a tempo de criar condições de retorno às aulas em tão curto espaço de tempo. Ou seja, não teremos essas condições neste 2020. 

 

Por isso, o discurso do Presidente Nyusi peca por não deixar claro como fica o ano lectivo 2020. Ainda vamos a tempo de melhorar as condições das escolas e reabrirmos o ano lectivo 2020? Ainda há essa esperança ou queremos arrastar até Dezembro o assunto esquivo das propinas? É que, enquanto o ano lectivo 2020 continuar uma incógnita, continuaremos a pagar metade das propinas de crianças que estão sentadas em casa. Este ano é feriado. No fim de tudo vamos ver que este ano vai-se anular naturalmente... sem esforço. Mesmo que retornemos em Agosto ou Outubro, não iremos alcançar as metas (se é que existem) em três meses. Educação não é brincadeira!

 

O governo tem de decidir em anular o ano lectivo 2020 de uma vez por todas sem evasivas nem subterfúgios. Não há mais tempo. Não adianta vir com essa de rever o calendário escolar porque já não é mais possível. Sejamos honestos! Não há mais truques nem acrobacias. Anula-se o ano lectivo e o governo apoia as escolas privadas com linhas de crédito sem juros ou sei-lá-das-quantas. Percebe-se que esse titubear tem muito a ver com a pressão das escolas privadas e não com o interesse no ensino público. Percebe-se que o governo está enrolado. Essa enrolação atrapalha o seu foco, principalmente dos governos provinciais e locais. Os Secretários de Estado, os Governadores, os Presidentes dos Conselhos Autárquicos, os Administradores, os Chefes dos Postos Administrativos, os Chefes das Localidades, etecetera, vão gastando recursos e tempo preparando uma escola que não vai abrir neste ano, quando deviam estar focados em estratégias urgentes de prevenção e mitigação dos impactos da Covid-19 nas suas circunscrições. 

 

Haja coragem, senhor Presidente! Até quando vamos pagar propinas sem que as nossas crianças estejam a estudar?! Até quando essa enrolação?! Não seria melhor anular-se o ano lectivo para nos prepararmos melhor para o próximo?! Há que ainda acredita que iremos criar as condições necessárias em duas semanas e retornarmos às aulas em Agosto?! Ou precisa marcar um dia específico para se dirigir a nação apenas para dizer que 2020 é nulo?! 

 

- Co'licença!

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