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segunda-feira, 30 maio 2022 07:14

Será este um ministério da ignorância & subdesenvolvimento humano?

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Não quero com este artigo proceder à Revisão pontual ou errata dos livros da 6.ª Classe do nosso ensino. Deixemos essa tarefa para quem de direito. O que me faz redigir este artigo é a aparente certa falta de humildade mostrada pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano no que se refere  às suas atribuições concernente à produção de livros escolares para o ensino básico.

 

Cria-me grande desconforto quando me apercebo que os livros que os nossos filhos estão a usar para a sua educação estão repletos de erros, imprecisões, desconexões e, ainda, com falhas sem tamanho.

 

Um livro escolar é uma ferramenta de importância sem tamanho para a educação dos nossos mais novos. A escolaridade e a educação são a base do desenvolvimento. Daí que o Ministério que tutela a componente educacional deixou de ser simplesmente Ministério da Educação, passando a chamar-se igualmente Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano. É desta premissa que todo o enredo de descontentamento com a conduta deste Ministério começa.

 

Ainda ontem assistimos a uma Conferência de Imprensa convocada por este Ministério em que, após reconhecerem as gralhas dos livros (um pouco tarde, claro), vieram anunciar a produção de ERRATAS para todos os livros e, ainda, a criação de uma Comissão de Revisão para todos os livros de distribuição.

 

Até aí tudo bem!

 

Mas o que me perturba o sono é saber que um Ministério daquela dimensão (dimensão educacional, diga-se) não conseguiu proceder com a revisão de um livro(inho) de pouquíssimas páginas (se compararmos com o número de páginas de um simples romance).

 

Será que era tão difícil para este Ministério criar uma Comissão de Revisão antes da impressão do livro?

 

Qual, então, seria a responsabilidade jurídica do Ministério perante os alunos (e não só) que foram mal informados ou, então, puramente desenformados? 

 

Não é admissível que os nossos petizes andem por aí a aprender matérias escolares com base em erros crassos.

 

Mais ainda, engana-se o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano se pensa que as crianças e jovens de hoje sofram de alguma “miopia académica”.

 

Os tempos mudaram. A juventude de hoje tem acesso a telemóveis com internet. Isto é, ao invés de convocar Comissões de Revisão para analisarem os erros dos livros, o Ministério deve, pelo contrário, convocar os próprios alunos (crianças e jovens) a proceder a tal revisão, pois que, só com os seus telemóveis e com acesso ao Google ou Wikipedia, qualquer estudante ou aluno é capaz de proceder com a revisão e a contra-prova das informações contidas em qualquer livro ou manual académico.

 

É inaceitável que, neste século XXI em que nos encontramos, ainda existam livros para estudantes  e de consulta obrigatória para o ensino geral que venham repletos de erros e de matérias duvidosas ou não socialmente aceitáveis (como o caso da educação sexual dos livros da 3.ª classe).

 

Os tempos são outros.

 

Quando anos atrás nos queixávamos da falta de informação, em que a informação era apenas transmitida por via dos livros e acessível apenas às pequenas elites, hoje a problemática é bem diferente: assistimos à  democratização e excesso de informação ou informação em excesso (se assim se preferir).

 

Os telemóveis das crianças e jovens estão repletos de vária informação, o que faz com que, hoje, o que se necessite ter é a capacidade de apreensão de informação útil e a rejeição das “fake-news”.

 

Hoje em dia existem até aplicativos em telemóveis que permitem fazer o que se designa “checkagem” da informação, onde qualquer pessoa pode, em fracção de segundos, verificar a veracidade de uma informação somente apontando a câmara do seu “smartphone” para a informação duvidosa.

 

O Ministério da Educação de hoje não se compara ao de ontem a que, essencialmente, competia  apenas imprimir livros com informação sedimentada e não sujeita ao contraditório. Os livros de hoje são sujeitos à actualização dia após dia, mês após mês e ano após ano. As informações variam recorrentemente, daí que se mostra necessário que o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano se redimensione e se adapte ao fenómeno das novas tecnologias que trazem consigo novos desafios e responsabilidades.

 

Mais ainda, é preciso ter-se em conta que a própria sociedade sofreu significativa alteração evolutiva. Quando antes um simples pedido de desculpas nas câmaras de televisão numa Conferência de Imprensa resolvia o problema, hoje, com uma sociedade juridicamente educada, não basta aparecer na televisão, rádio ou jornal e proceder a pedidos de desculpas. Pode ainda esta sociedade exigir alguma quota de indemnização pelos danos causados na componente educacional. Fiquem espertos senhores do Ministério, as coisas mudaram e…

 

…Cabeças podem rolar!

Sir Motors

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