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Redacção

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Manifestações chegam a Bruxelas e Paris.jpg

As manifestações populares contra a fraude eleitoral, sequestros, raptos e violência policial já ultrapassaram as fronteiras moçambicanas, estando também a decorrer em alguns países europeus, para além de serem manchetes das principais publicações do velho continente.

 

Para além de Lisboa, capital portuguesa, onde dezenas de moçambicanos já realizaram duas marchas de protesto contra a fraude eleitoral e violência que se vive em Moçambique, os protestos chegaram também a Bruxelas, na Bélgica, sede da União Europeia; Londres, capital inglesa; Paris, a capital francesa; e a cidade universitária de Coimbra, em Portugal.

 

Em todas estas cidades, dezenas de moçambicanos clamam pelo fim da violência policial, pelo respeito às liberdades individuais e pela reposição da verdade eleitoral. Empunhando dísticos com diversas mensagens, bandeiras e cascóis de Moçambique, os manifestantes vão gritando, em algumas ocasiões, “não ao assassinato do povo moçambicano”, em clara referência à brutalidade da Polícia nas manifestações, que já causaram mais de vinte mortos com balas da Polícia.

 

As manifestações que se verificam no estrangeiro contam também com apoio de cidadãos de outras nacionalidades, com destaque para angolanos que, nas suas palavras, Angola vive situações idênticas ao que se testemunha em Moçambique. Aliás, quatro activistas daquele país lusófono foram detidos pela Polícia, quando tentavam protestar em frente à embaixada moçambicana, em Luanda.

 

No entanto, enquanto em Moçambique e Angola, os protestos são rechaçados pela Polícia, em Portugal, Bélgica, França e Inglaterra, os manifestantes exteriorizam as suas opiniões sem ter de inalar o gás lacrimogéneo e muito menos ter medo de balas. A Polícia desses países se tem limitado apenas à protecção dos manifestantes.

 

Enquanto isso, os jornais estrangeiros não param de destacar Moçambique, pela negativa. O observador, editado em Portugal, fala, por exemplo, de um domingo de “caça às bruxas”, antevendo “mais violência”, em Moçambique.

 

Já a SIC Notícias criou uma categoria dedicada à violência em Moçambique, contendo mais de duas dezenas de textos retratando a situação que se vive, neste momento, no país. O jornal Expresso, também de Portugal, fala de “eleições contestadas, assassinatos e de pelo menos 30 mortos nas ruas” em Moçambique.

 

Refira-se que ontem o candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane anunciou as medidas a serem implementadas na quarta e última fase das manifestações, que deverão durar perto de duas semanas. (Carta)

dezenas de bancas de comerciantes informais e.jpg

A população dos arredores da vila de Macomia, em Cabo Delgado, entrou em pânico depois que um incêndio de grandes proporções devorou, na noite do último domingo (10), dezenas de barracas de construção precária.

 

Inicialmente, os residentes presumiram que se tratava de mais uma invasão terrorista, tendo em conta os relatos que dão conta da circulação de terroristas nas aldeias ao longo do rio Messalo, que limita com o distrito de Muidumbe.

 

"Foi um incêndio no mercado, todas as bancas foram consumidas. Mas, para quem não estava perto, parecia que estávamos a ser atacados por terroristas, por isso ficamos em alerta", contou um morador.

 

O episódio teve início por volta das 18h00 e só terminou à meia-noite, situação agravada com a falta de meios para combater as chamas. O distrito de Macomia não dispõe de bombeiros, nem de pessoal preparado para intervir tecnicamente em caso de incêndio.

 

Comerciantes contactados pela "Carta" dizem estar desesperados, pois boa parte da sua economia foi completamente destruída. As autoridades locais ainda não se pronunciaram sobre a ocorrência. No entanto, sabe-se que o distrito não possui muitos beneficiários do Fundo de Reconstrução Económica de Cabo Delgado, apesar de muitos terem submetido propostas de financiamento.

 

O mercado da vila de Macomia, em Cabo Delgado, já passou pela mesma situação após o incêndio de 2020, quando o primeiro ataque terrorista devastou a região, deixando os estabelecimentos comerciais completamente destruídos pelo fogo.

 

O incêndio do último domingo também afectou o fornecimento de energia eléctrica na vila, pois, um dos postes de electricidade foi danificado. No entanto, os residentes informaram que uma equipa da Electricidade de Moçambique está no local para fazer a reposição. Além disso, não há sinal de uma das operadoras de telefonia móvel. (Carta)

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Durante os cinco anos de implementação do Plano Quinquenal do Governo (2020-2024), o sector registou um crescimento assinalável, tendo o Produto Interno Bruto Agrário saído de 1.2% em 2019 para 5.7% em 2024, o que tem resultado na redução da Insegurança Alimentar Aguda. Além disso, as exportações agrícolas registaram uma subida de 33%, “tendo superado a marca de um bilião de USD pela primeira vez na história”, revelou esta segunda-feira (11), em Maputo, o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, durante a abertura do quinto Conselho Coordenador da instituição.

 

De entre vários factores, o Ministro destacou que concorreu para os referidos resultados o aumento da área média de pequenas explorações de 1,4 hectares para 1,7 hectares, que traduz o surgimento da agricultura familiar orientada para o mercado. Apontou também o crescimento do número de grandes explorações de 873 para 1.131, que marca um crescimento significativo da agricultura comercial, bem como o aumento da produção de semente certificada de 3.2 mil toneladas em 2019, para 9 mil toneladas em 2024, que marca um crescimento de 189%.

 

Num balanço dos últimos cinco anos, Correia apontou igualmente o aumento de uso de semente certificada de 3.7 mil toneladas em 2019 para 15 mil toneladas em 2024, em grande medida influenciado pelos beneficiários do Programa SUSTENTA; aumento de uso de fertilizantes de 68.3 mil toneladas em 2019 para 164 670 toneladas em 2024, igualmente por conta do Programa SUSTENTA.

 

Apontou igualmente o crescimento da produção de cereais em 37% de 1.9 milhões de toneladas para 2,6 toneladas; o crescimento da produção de leguminosas em 65% de 470 mil toneladas para 871 toneladas, bem como o crescimento da Produção de Oleaginosas em 46%, de 213 mil toneladas em 2019 para 335 mil toneladas em 2024.

 

No seu discurso de abertura, o Ministro explicou que concorreu igualmente para o crescimento do sector agrícola o aumento da produção de raízes de tubérculos em 25%; o aumento na produção de frutas em 44%, com destaque para a banana que cresceu de 258 mil toneladas para 371 mil toneladas; o crescimento na produção de Amêndoas em 11%, com destaque para o crescimento na produção da macadâmia de 2.418 toneladas para 5.192 toneladas, bem como o crescimento do efectivo de gado bovino de 2 000 118 cabeças em 2019 para 2 444 142 cabeças em 2024.

 

Correia destacou ainda o crescimento da produção de frango. Disse que, em 2019, o país produzia 120 mil toneladas, mas a quantidade aumentou para 152 mil toneladas, sendo Moçambique o segundo maior produtor da SADC. Dados apresentados pelo governante indicam ainda que, durante cinco anos, a produção de ração animal de aves aumentou de 196 mil toneladas para 254 mil toneladas e o crescimento da produção foi ainda acompanhado do aumento da produtividade das principais culturas, com destaque para o milho que passou de 803 kg por hectare para 967 kg por hectare, bem como a produção de feijões que passou de 466 kg por hectare para 555 kg por cada hectare.

 

Com base nesses resultados, o Governante mostrou optimismo para a próxima campanha agrária, lançada na passada sexta-feira, que projecta alcançar um crescimento, na ordem dos 5%, encaminhando o sector agro-pecuário para a posição de principal condutor da estabilidade económica no país. (Carta)

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Uma análise feita pelo Centro de Integridade Pública (CIP) nega que a fronteira de Ressano Garcia produza 1,5 mil milhões de Meticais por dia, tal como avançou há dias a Autoridade Tributária de Moçambique. Para organização, aquele valor gera uma aparente discrepância quando comparado com a receita fiscal anual projectada no Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) para 2024, que é de 348,3 mil milhões de Meticais, ou uma média diária de 950 milhões de Meticais.

 

De acordo com o documento, essa estimativa implica que, caso as perdas referidas pela AT sejam fiscais, a receita anual somente da fronteira de Ressano Garcia superaria em 157% a receita total estimada no PESOE para o país, o que indica uma possível superestimação ou uma confusão entre movimentação económica e arrecadação directa.

 

“A nossa análise, baseada no PESOE 2024, estima que a perda fiscal diária, devido às paralisações, seria de 277,9 milhões de Meticais, resultando numa perda acumulada de aproximadamente 833,8 milhões de Meticais nos três dias de paralisação. Esse valor é substancialmente inferior ao de 1,5 mil milhões de Meticais diários apresentados pela AT. Isso sugere que as declarações da AT podem incluir a movimentação económica total na fronteira e não apenas a receita fiscal directa”, lê-se no documento.

 

Para o CIP, essa inconsistência levanta questões sobre a precisão e a transparência das estimativas, especialmente num contexto económico e social crítico em que informações financeiras precisam de ser baseadas em dados rigorosos e claramente comunicados.

 

O CIP concluiu que o impacto das manifestações pós-eleitorais na economia é de cerca de 24,5 mil milhões de Meticais para um período de 10 dias, representando aproximadamente 2% do Produto Interno Bruto (PIB) projectado para 2024.

 

Para a organização, essa cifra supera significativamente as estimativas divulgadas pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que calculou perdas de 10 mil milhões de Meticais para o mesmo período.                                                                                      

 

“A diferença de cerca de 14,5 mil milhões de Meticais sugere uma discrepância de 156,4% entre as duas abordagens, indicando que as metodologias utilizadas pela CTA podem ser mais restritas, possivelmente focando-se apenas em determinados sectores ou num conjunto limitado de empresas. Em contraste, a metodologia empregue neste estudo é abrangente e incorpora múltiplos sectores, destacando um panorama mais holístico das perdas”, lê-se no documento.

 

Dada a relevância dessas estimativas para a formulação de políticas públicas e para a planificação de empresas e investidores, o CIP recomenda que o Governo e a CTA adoptem uma abordagem mais fundamentada e transparente na análise e na divulgação dos dados económicos.

 

Especificamente, sugere-se uma metodologia que seja clara e publicamente acessível, especificando as premissas e as variáveis utilizadas para os cálculos das perdas e um alinhamento com dados oficiais divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), Banco de Moçambique e pelo PESOE.

 

Além disso, a organização recomenda que o Tribunal Administrativo conduza uma auditoria independente nas estimativas de perdas económicas e fiscais para garantir que os dados reflictam com precisão a realidade económica e fiscal do país. Apela ainda para que, em tempos de crise, se torne essencial não apenas relatar perdas, mas comunicar de forma equilibrada e fiável de modo a manter a confiança pública e dos investidores.

 

Independentemente das metodologias ou valores reais, a organização diz ser fundamental considerar que factores como as alegações de fraude eleitoral e a instabilidade política envolvendo o partido Frelimo e os órgãos eleitorais (STAE e CNE) podem afectar de forma significativa a economia moçambicana. Esse impacto é particularmente notável num trimestre que tradicionalmente apresenta performances económicas positivas, intensificando as incertezas e minando a confiança de investidores e do público.

 

“A clareza e a transparência na comunicação dos dados, bem como a neutralidade das instituições envolvidas, são indispensáveis para evitar a manipulação das informações em benefício de interesses específicos e para promover uma gestão económica e fiscal mais robusta e confiável em Moçambique”, concluiu a fonte. (Carta)

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A Eni Rovuma Basin em nome dos Parceiros da Área 4, procedeu hoje Juntamente com o Ministro da Saúde, Dr. Armindo Tiago e o Secretário de Estado da Província de Cabo Delgado, António Supeia, à entrega e inauguração das novas instalações de Cuidados Intensivos e de Radiologia no Hospital Provincial de Pemba.

 

Este projecto foi implementado no âmbito do Memorando de Entendimento assinado com o Ministério da Saúde (MISAU) em Dezembro de 2022, com o objectivo de apoiar o Governo no fortalecimento do Serviço Nacional de Saúde e consistiu na expansão dos Serviços de Radiologia e instalação se um aparelho de Tomografia Axial Computarizada (TAC), na ampliação da Unidade de Cuidados Intensivos para acomodar mais 4 camas totalmente equipadas com tecnologia moderna, na construção de um novo bloco de farmácia e uma sala de espera para os utentes do hospital.

 

“O acesso a saúde é fundamental para o fortalecimento das comunidades e é com bastante orgulho que entregamos hoje a província de Cabo Delgado o primeiro aparelho TAC, que vai permitir que os doentes tenham um acesso rápido aos exames médicos que antes eram realizados fora da província. Com este gesto reafirmamos uma vez mais o nosso compromisso de continuar a contribuir para o desenvolvimento sustentável de Cabo Delgado”. afirmou Marica Calabrese, Directora Geral da Eni Rovuma Basin.

 

Para além das obras de reabilitação e de instalação de equipamento médico, o apoio inclui também a formação de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem dos serviços de radiologia, com vista a dotá-los de maiores competências para a utilização dovnovo equipamento. Esta parceria com as autoridades de Saúde de Moçambique, vem reafirmar o compromisso da Eni e dos Parceiros da Área 4 de continuar a promover o bem-estar das comunidades e contribuir para um maior acesso aos cuidados de saúde primários, em linha com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável.(Carta)

Tensão pós-eleitoral_ SACC apela ao retorno da paz em Moçambique.jpg

O Conselho Sul-Africano de Igrejas (SACC) está apelando a todas as igrejas próximas ao posto fronteiriço de Lebombo, entre a África do Sul e Moçambique, para que ofereçam apoio humanitário a todas as pessoas necessitadas.

 

A Organização, juntamente com a Conferência dos Bispos Católicos da África Austral, disse que estavam solidários com o povo de Moçambique, especialmente com as comunidades cristãs que têm pedido o fim dos protestos, ao mesmo tempo que apelam para que se avance com o diálogo. 

 

O apelo surge após semanas de agitação no país após as eleições de 9 de Outubro, com protestos em Maputo e na vila fronteiriça de Ressano Garcia, onde camiões foram sequestrados e usados para bloquear a estrada principal entre Moçambique e África do Sul.

 

Moçambique vive momentos de manifestações, cuja quarta fase começa hoje (12), convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, em protesto contra os resultados das eleições, consideradas fraudulentas, que viram a Frelimo estender o seu governo de 49 anos.

 

Os protestos resultaram em perda de vidas, já que o gás lacrimogéneo e balas reais estão a ser usados pela polícia para matar indiscriminadamente e dispersar as multidões. A violência fez com que a fronteira de Lebombo entre a África do Sul e Moçambique fosse fechada na semana passada, antes de ser reaberta novamente na sexta-feira. 

 

"Nós, como SACC, somos inspirados pelo trabalho realizado pela Fellowship of Christian Councils of Southern Africa e pela All Africa Conference of Churches, que estão todos a orar pelo retorno da paz e pela resolução da crise actual sem mais perdas de vidas ou destruição de propriedades, disse o Reverendo Mzwandile Molo, secretário-geral do SACC.

 

Molo disse ainda que as necessidades do povo de Moçambique neste momento são variadas e que eles têm a responsabilidade de orar e agir por aqueles que precisam. “Estamos encorajados pelo trabalho de todas as comunidades religiosas e da sociedade civil em Moçambique que estão a fornecer alívio e apoio àqueles que estão presos, numa altura em que as fronteiras foram reabertas apenas parcialmente. A segurança alimentar já é uma preocupação nacional e o conflito actual só vai agravar a situação”, disse.

 

Estima-se que 1,5 milhão de pessoas precisavam urgentemente de assistência humanitária antes do início das eleições, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, afirmou o Reverendo Molo. (Sowetan live)

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O Governo da Índia ofereceu duas embarcações de intercepção rápida (FICs) a Moçambique, para reforçar o combate ao terrorismo na província de Cabo Delgado. As referidas embarcações são movidas a jacto de água e tem uma velocidade máxima de 45 nós e um alcance de 200 milhas náuticas a 12 nós. Estes barcos têm a capacidade de transportar uma tripulação de cinco pessoas e são equipados com metralhadoras e cabines à prova de balas.

 

“Estas embarcações vão ajudar o Governo moçambicano a combater o terrorismo, visto que tem desempenhado um papel fundamental desde 2019 em operações anti-insurgência, patrulhas e interdições marítimas e missões de apoio logístico”, refere o Governo indiano.

 

A Marinha indiana tem sido considerada por várias nações das Regiões do Oceano Índico (IOR) como o parceiro preferido em termos de equipamento e formação, a fim de fazer face a desafios como a pirataria, o tráfico de droga e de seres humanos, a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada e o terrorismo marítimo.

 

A Marinha indiana foi também a primeira a prestar assistência humanitária e socorro em caso de catástrofe a várias nações da região durante calamidades naturais e outras contingências, como a pandemia da COVID-19. Em Março de 2021, a Índia doou 100 mil doses e forneceu mais de um milhão de doses da vacina COVERSHIELD para Moçambique através do programa da COVAX.

 

O acto de entrega das embarcações teve lugar no último sábado no Porto de Nacala. Segundo escreve o jornal The Hindu, a cerimónia foi testemunhada pelo Alto Comissário da Índia em Moçambique, Robert Shetkintong, pelo recém-nomeado Conselheiro de Defesa da Índia em Maputo, Coronel Puneet Attri e pelo Secretário Permanente do Ministério da Defesa Nacional, Augusto Casimiro Mueio. Mueio recebeu formalmente as embarcações em nome do Governo de Moçambique. (Carta)

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A Comissão Nacional de Eleições (CNE) falhou o prazo para a entrega dos editais e actas do apuramento parcial (feito nas mesas de voto) e distrital, solicitados no dia 30 de Outubro pelo Conselho Constitucional, no âmbito do processo de validação e proclamação dos resultados das VII Eleições Gerais e IV Provinciais, de 09 de Outubro último.

 

De acordo com o Boletim Eleitoral do Centro de Integridade Pública (CIP Eleições), o último grupo de editais solicitados pelo Conselho Constitucional só foi entregue ao Presidente da CNE, na última sexta-feira, já fora do prazo estabelecido pelo órgão responsável por validar ou invalidar as eleições no país.

 

Lembre-se que o Conselho Constitucional estabeleceu um prazo de oito dias para que a CNE enviasse os editais e actas do apuramento parcial e distrital de sete províncias, sendo que o prazo findava no dia 07 de Novembro.

 

Os editais que estavam em falta, segundo o CIP Eleições, são da província de Inhambane, cuja capital dista a menos de 450 Km da Cidade de Maputo. Para além de Inhambane, refira-se, o Conselho Constitucional solicitou também editais e actas das províncias de Nampula, Zambézia, Tete, Gaza e da província e Cidade de Maputo.

 

O atraso na entrega das actas e editais dos apuramentos parcial e distrital dos resultados das eleições de 09 de Outubro último pode estar relacionado com a alegada fabricação dos documentos por parte das Comissões Distritais de Eleições, lideradas pelo partido Frelimo.

 

O CIP Eleições revela, por exemplo, que foram encontrados editais nas sedes da Frelimo e outros na lixeira. O PODEMOS denunciou, semana finda, à Procuradoria-Geral da República, um plano de falsificação de editais a favor do partido Frelimo e seu candidato presidencial.

 

Em entrevista à DW, o segundo vice-Presidente da CNE, Fernando Mazanga, disse não ter elementos suficientes para afirmar se a CNE tem ou não capacidade para entregar actas e editais originais ao Conselho Constitucional, visto que as solicitações feitas pelo órgão não foram submetidas ao Plenário da CNE, estando a ser tratadas por um “grupinho”.

 

Aliás, não é apenas o assunto das actas e editais que foi tratado à revelia dos vogais da CNE, segundo Mazanga. As explicações sobre as discrepâncias existentes no número de votantes nas três eleições (presidencial, legislativa e Assembleias Provinciais) também foram tratadas sem o conhecimento dos vogais.

 

Lembre-se que o Conselho Constitucional solicitou explicações à CNE sobre os diferentes números de votantes em cada província nas três eleições, cuja resposta devia dar entrada naquele órgão de soberania em 72 horas, isto é, até sexta-feira passada. No entanto, tal não aconteceu no tempo previsto, de acordo com fontes da instituição, embora a CNE tenha assegurado, em comunicado publicado no sábado, que o expediente foi submetido no dia 08 de Novembro, sexta-feira. (Carta)

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Inicia amanhã, em todo território nacional, a quarta e última fase das manifestações populares convocadas pelo candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane, em protesto aos resultados eleitorais de 09 de Outubro passado, que dão vitória à Frelimo e seu candidato com mais de 73%.

 

Em mais uma transmissão ao vivo na sua página oficial do Facebook, Mondlane disse que a nova e última etapa das manifestações será dividida em “várias fases”, sendo que a primeira inicia amanhã, quarta-feira, e deverá durar até sexta-feira, seguindo-se “uma pausa para puxarmos o ar.”

 

Nestes três dias, os manifestantes deverão deslocar-se às capitais provinciais, portos e fronteiras nacionais. “Vamos paralisar todas as atividades para que percebam que o povo está cansado e quer uma resposta”, afirmou, esclarecendo que a participação não é obrigatória.

 

“Não obrigamos ninguém a fazer a manifestação. Apenas passamos os valores da manifestação. Quem quiser, adere”, defendeu, apelando aos camionistas de todo país a aderir à greve. “Em Ressano Garcia, os camionistas aderiram à nossa greve e eles paralisaram as suas viaturas”.

 

Na sua comunicação, Venâncio Mondlane agradeceu aos moçambicanos “pelos sacríficos” e aos militares “pela postura” apresentada durante as manifestações de 07 de Novembro último, no encerramento da terceira fase das manifestações populares que, aliás, classificou como tendo sido “extremamente positiva”.

 

O candidato presidencial nega a ideia de querer chegar ao poder à força. “O nosso objectivo não é tomar o poder a força, não é fazer nenhum golpe de Estado. Estamos para pressionar o Governo, aos órgãos eleitorais, às instituições de justiça para que se reponha a verdade eleitoral”, disse. (Carta)

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Está restabelecido o acesso “interrupto” à internet móvel em todo o país, depois de 14 dias de restrições e bloqueio total das redes sociais, incluindo um “recolher obrigatório virtual” diário que iniciava às 19h00 e terminava depois das 08h00 do dia seguinte.

 

Desde sexta-feira que os moçambicanos têm tido acesso à internet móvel sem restrições, porém, com o acesso às redes sociais ainda restrito, havendo ainda necessidade de recorrer à rede virtual privada, o principal recurso de acesso às mídias digitais nas últimas duas semanas, por parte das famílias mais pobres.

 

Lembre-se que a internet móvel foi desligada pelo Governo, pela primeira vez, no dia 25 de Outubro (no terceiro dia das manifestações populares), sendo que no dia 31 de Outubro começou a ser fornecida com algumas restrições, que incluíam o bloqueio das redes sociais, sobretudo o WhatsAppFacebook e Instagram, principais veículos usados pelos cidadãos para partilha de informações relevantes em torno das manifestações.

 

Até ao fecho da reportagem, na manhã desta segunda-feira, era possível usar o WhatsApp sem quaisquer restrições, porém, as restrições continuavam no FacebookInstragram e Tik Tok.

 

As restrições no acesso à internet e o bloqueio das redes sociais foram condenados por diversas organizações da sociedade civil, com destaque para o MISA-Moçambique que emitiu um comunicado de imprensa a considerar o acto “como uma clara violação contra as Liberdades de Imprensa e de Expressão e o Direito à Informação, que são direitos fundamentais na República de Moçambique”.

 

Por sua vez, três organizações da sociedade civil (CIP, CDD e CESC) submeteram, na semana finda, uma providência cautelar contra as três operadoras de telecomunicações (Movitel, Tmcel e Vodacom) para o restabelecimento imediato do acesso à internet móvel em todo o território nacional, alegando que as restrições no acesso à internet têm tido um impacto directo e significativo na vida dos moçambicanos, “prejudicando o direito ao trabalho, à comunicação e à livre expressão”.

 

Em declarações feitas neste fim-de-semana, a partir da fronteira de Ressano Garcia, no distrito da Moamba, província de Maputo, o Ministro dos Transportes e Comunicações disse que as restrições no acesso à internet móvel visavam impedir a destruição do país. “Quando vemos violações que põem em perigo a integridade de todos os moçambicanos, temos que agir como tal para que os nossos meios de comunicação não sejam usados para destruição do país”, afirmou Mateus Magala.

 

Magala disse ainda que as operadoras desligaram a internet devido a sua responsabilidade civil. “É uma combinação de muitos factores, destruição de infra-estruturas, mas também a segurança dos próprios operadores, pois, têm que operar num ambiente de segurança. Mas também há responsabilidade civil dos operadores, quando vêem que a internet está a ser usada para destruir o país”, defendeu o governante.

 

Refira-se que o país viveu, nas últimas três semanas, manifestações populares, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane, em protesto contra os resultados eleitorais. Em algumas situações, as manifestações tornaram-se violentas, com a Polícia a ser, em grande parte, a protagonista das cenas de guerra, recorrendo às armas de fogo para impedir marchas pacíficas.

 

Hoje, serão anunciadas as medidas da quarta e última fase das manifestações populares, que já registaram o assassínio de mais de duas dezenas de civis pela Polícia e perto de uma dezena de agentes da Polícia pelos manifestantes. (Carta)

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