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Três membros das Forças Armadas e Defesa de Moçambique (FADM) encontram-se detidos, desde meados do passado mês de Abril, depois de terem interrogado um suposto informante dos terroristas que, durante duas semanas, andou sondando o quartel militar do distrito do Ibo, na província de Cabo Delgado.

 

Entre os detidos está Rui António Busquete, natural do distrito de Montepuez, província de Cabo Delgado, que integrou as fileiras das FADM no dia 19 de Abril de 2017, após fazer parte do 42º curso de instrução básica militar, na especialidade de Fuzileiros Navais.

 

De acordo com as fontes, há dois meses que a família não tem informações sobre o seu paradeiro, da mesma forma como os colegas nunca ouviram falar da instauração de um processo criminal contra o indivíduo.

 

As fontes contam que tudo terá ocorrido entre os dias 16 e 17 de Abril, quando os três militares terão desconfiado e interpelado um cidadão civil que, durante dias, circulou por aquela posição militar. De acordo com os companheiros de trincheira, durante o interrogatório, o referido cidadão referiu que estava a cumprir uma missão emanada por um suposto alto representante da administração distrital do Ibo.

 

As fontes garantiram à nossa reportagem que, após o interrogatório, os três militares soltaram o cidadão em questão, porém, no dia seguinte seriam detidos por ordem do suposto alto representante do distrito do Ibo. Acrescentam que os três militares permaneceram na Ilha do Ibo apenas uma noite, pois, no dia seguinte foram transferidos para o Estabelecimento Provincial, situada na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado. Porém, as fontes suspeitam que tenham sido transferidos para o Estabelecimento Penitenciário de Njezi. (O.O. e P.M.)

O Presidente Filipe Nyusi anunciou ontem que o seu executivo vai atribuir um subsídio aos jovens militares que combatem grupos armados na província de Cabo Delgado. "Vamos reconsiderar o subsídio de empenhamento, que eles muito bem merecem, e temos a consciência de que não será tudo, porque o sacrifício destes jovens não se paga com dinheiro ou com algum recurso", disse Filipe Nyusi, falando em Mueda, na província de Cabo Delgado, por ocasião do 60.º aniversário do massacre de Mueda, momento marcante da luta anticolonial.

 

Cabo Delgado, província onde avança o maior investimento privado de África para exploração de gás natural, está sob ataque desde outubro de 2017 por insurgentes, classificados desde o início do ano pelas autoridades moçambicanas e internacionais como uma ameaça terrorista, e que já causaram pelo menos 600 mortos e afetaram 200 mil pessoas, obrigadas a refugiar-se em lugares mais seguros.

 

O chefe de Estado não avançou detalhes nem datas sobre a atribuição do subsídio, declarando apenas que, além dos militares que combatem os grupos armados em Cabo Delgado, a medida deverá abranger também profissionais de saúde que estão atualmente na linha da frente do combate à covid-19 no país, que regista 638 casos e quatro óbitos.

 

Durante o seu discurso, Filipe Nyusi frisou que o país "nunca se resignará" perante os "ataques terroristas" na região norte, apontando a resistência ao colonialismo como inspiração para a luta contra os desafios atuais.

 

"Os moçambicanos nunca se resignarão, continuaremos a lutar em defesa dos nossos interesses e continuaremos a lutar contra todo o tipo de divisionismo e de agressão", disse Filipe Nyusi. (Lusa)

Quatro raparigas foram raptadas na noite da passada sexta-feira, no bairro Milamba, na vila municipal de Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado. Segundo as fontes, uma das raptadas tem 11 anos de idade e foi raptada, quando se encontrava na varanda da casa do vizinho.

 

Não se conhecem as circunstâncias que levaram ao rapto de outras raparigas. Fontes contam ainda que um jovem residente de Milamba ter-se-á juntado ao grupo, levando consigo sua filha de três anos de idade.

 

Informações não confirmadas dão conta que o Governador de Cabo Delgado, Valige Tawabo, tinha programado celebrar o Eid al-Fitr (fim do jejum na religião muçulmana) na vila de Mocímboa da Praia, para depois seguir ao distrito de Nangade, mas terá adiado a visita, devido a uma suposta ameaça de que os insurgentes também iriam passar o dia com a população daquele distrito.

 

Entretanto, “Carta” soube que os insurgentes abandonaram a aldeia Miangalewa, no distrito de Muidumbe, depois de se terem fixado naquele local durante mais de uma semana. (Carta)

A província de Cabo Delgado perdeu cerca de 2 biliões de Mts em receitas fiscais nos primeiros dois anos dos ataques armados, provocados pelo grupo “terrorista” até aqui ainda não identificado. A constatação é do Centro de Integridade Pública (CIP), que explica que a perda corresponde a cerca de 27.6% da receita total da província.

 

Em mais uma edição do seu boletim sobre Anticorrupção, Transparência e Integridade, publicado este domingo, 24 de Maio, o CIP revela que o facto se deve à redução da produção e/ou paralisação das actividades nos sectores produtivos que contribuem para a arrecadação de receitas e para o crescimento da economia local, dando o exemplo dos sectores da agricultura, pesca, turismo e o comércio em geral.

 

Recorrendo aos dados das Contas Gerais do Estado, de 2015 a 2018, o CIP mostra que a arrecadação fiscal, naquela província, ficou abaixo da prevista nos anos de 2018 e 2019. Em 2018, a previsão de arrecadação fiscal foi de cerca de 4,13 biliões de Mts, tendo-se efectivado somente 3,75 biliões de Mts. Em 2019, previa-se arrecadar 5,1 biliões de Mts, porém, apenas se colectou 3.5 biliões de Mts.

 

“A diferença entre a receita cobrada e da receita prevista de 2015 e 2016 é superior à diferença registada em 2017, que marca o início do declínio da arrecadação fiscal em relação à meta em Cabo Delgado. Portanto, pode-se constatar que a ocorrência dos ataques armados pelos insurgentes contribuiu em grande medida para que Cabo Delgado registasse uma perda em receitas de pelo menos 2 biliões de meticais de 2018 a 2019 (cerca de 27.6% da receita total da província neste período)”, conclui aquela organização da sociedade civil, que se dedica à defesa da integridade e transparência na gestão do erário.

 

“Os ataques dificultam a condução normal dos negócios, criam interrupção das rotas comerciais normais, propiciam a redução do investimento, da produção e da produtividade nos principais sectores da economia local. Ademais, nos distritos alvos de ataques, regista-se encerramento de estabelecimentos comerciais, por pilhagem e falta de produtos, o que propiciou o aumento dos preços de mercadorias – tendência que não é captada pelo índice de preço ao consumidor de âmbito nacional”, defende, sublinhando que a situação que se observa naquela província gera “insegurança e instabilidade” no seio dos investidores, o que constitui um factor significativo de risco para o ambiente de negócios naquele ponto e no país, em geral.

 

Lembre-se que desde o passado dia 05 de Outubro de 2017 que a província de Cabo Delgado tem sido vítima dos ataques armados provocados por um grupo “terrorista” ainda não identificado. O Conselho Nacional de Defesa e Segurança (CNDS) classifica-os como “terroristas do Estado Islâmico”, mas há quem acredita tratar-se de uma célula do Al Shabaab, grupo terrorista em países como Somália e República Democrática do Congo.

 

Os ataques, refira-se, já provocaram mais de 1.100 mortos e mais de 200 mil deslocados, para além da destruição de infra-estruturas sociais e económicas, entre públicas e privadas. Macomia, Quissanga, Muidumbe, Meluco, Mocímboa da Praia, Palma, Nangade, Mueda e Ilha do Ibo são os distritos mais afectados pela acção macabra dos insurgentes.

 

Devido ao ambiente de insegurança instalado naquela província, o CIP revela que os recursos destinados aos sectores sociais diminuíram, em detrimento dos recursos destinados para à área da defesa, que cresceram em cerca de 451%, a nível nacional.

 

Segundo o CIP, entre 2017 e 2019, os gastos com investimento interno (na educação e saúde), em Cabo Delgado, foram quase “insignificantes em relação à realização da despesa de investimento da defesa militar nacional”. “Particularmente, de 2018 a 2019, a realização da despesa de investimento interno no sector da educação em Cabo Delgado reduziu em cerca de 52.4%, de 33,1 milhões [de Mts] em 2018 para 15,8 milhões [de Mts] em 2019 e, no sector da saúde nesta província, registou-se uma redução da realização do investimento interno em cerca de 51.2%, de 26,7 milhões [de Mts] em 2018 para cerca de 13 milhões [de Mts] em 2019”, explica a fonte.

 

Entretanto, realça a análise de sete páginas, a despesa de investimento interno para a defesa militar nacional teve um crescimento exorbitante de 2018 para 2019, de cerca de 451%, ao passar de cerca de 678,8 milhões de Mts em 2018 para 3,7 biliões de Mts em 2019. Aliás, devido a este aspecto, garante o CIP, os residentes de Cabo Delgado descrevem aquela província como “precária, devido à falta de investimentos públicos nos sectores sociais, por parte do Governo”.

 

Na sua análise, a organização considera que, a par da actual conjuntura nacional e internacional, os ataques armados, em Cabo Delgado, representam ameaça à efectivação e/ou ao encarecimento dos investimentos de extracção e produção de Gás Natural Liquefeito (LNG), pelo que, “colocam em risco a arrecadação das receitas previstas pelo Estado”, que são de cerca de 2.1 mil milhões de USD a partir de 2025. (A.M.)

Homens armados destruíram na terça-feira instalações de uma missão de monges beneditinos em Auasse, em Cabo Delgado, norte de Moçambique, levando à fuga de quatro religiosos tanzanianos para o seu país, disse o bispo de Pemba, capital da província. Luiz Fernando Lisboa disse que na sequência do ataque, no distrito de Mocímboa da Praia, os quatro monges beneditinos foram obrigados a ficar escondidos durante dois dias no mato, tendo conseguido fugir até um convento da congregação, na Tanzânia.

 

Luiz Fernando Lisboa assinalou que o ataque é mais uma prova do agravamento da insegurança na província de Cabo Delgado. "Fizeram ataques em três distritos, em simultâneo. Isso aprofunda a crise", referiu Lisboa. Os homens armados deitaram fogo à residência dos beneditinos, destruíram aquilo que os monges estavam a construir na região, roubaram diverso equipamento e uma viatura, acrescentou.

 

"Embora a presença das forças [militares seja mais visível], a situação não está controlada", declarou o bispo. Luiz Fernando Lisboa adiantou que nas ações da última semana, não houve vítimas a lamentar.O bispo de Pemba sublinhou que o ataque de terça-feira em Auasse terá sido o mais significativo contra uma estrutura da Igreja Católica, depois dos incidentes na igreja de Nangololo durante a Semana Santa.

 

A insegurança em Cabo Delgado está a deteriorar-se e assiste-se a uma fuga em massa das populações, acrescentou Luiz Fernando Lisboa. "Há fome, porque muitas famílias, que estão a acolher também deslocados, já são muito pobres. Este é um problema muito sério", destacou.

 

O bispo de Pemba considera que Moçambique precisa de ajuda internacional para travar a violência em Cabo Delgado, porque as Forças de Defesa e Segurança sozinhas não estão a ser capazes de deter a ação dos grupos armados. "Quem pode ajudar, tem de oferecer essa ajuda", refere Luiz Fernando Lisboa.

 

Cabo Delgado, região onde avançam megaprojetos para a extração de gás natural, vê-se a braços com ataques de grupos armados classificados como uma ameaça terrorista e que já provocaram a morte de, pelo menos, 550 pessoas em dois anos e meio. As autoridades moçambicanas contabilizam 162 mil afetados pela violência armada na província.​​​​​​​(Lusa)

A aldeia de Miangalewa, no distrito de Muidumbe, província de Cabo Delgado, continua na mira dos insurgentes, tendo sido novamente atacada pelo grupo na manhã do último sábado, depois de ter sido alvo destes na passada segunda-feira, 11 de Maio.

 

Segundo fontes, o grupo, até aqui desconhecido, chegou àquela aldeia por volta das 5:00 horas, mas, diferentemente das outras ocasiões, não efectuou nenhum disparo “prévio” para o ar, tendo surpreendido grande parte dos que ainda continuavam naquele local. Por isso, garante a fonte, à sua chegada, o grupo tirou a vida a sete pessoas. De seguida, perseguiu os que se haviam escondido nas matas, tendo matado mais três pessoas, totalizando 10 vítimas mortais daquela acção macabra.

 

Conforme relata a fonte, o ataque não teve nenhuma resposta por parte das Forças de Defesa e Segurança (FDS).

 

Fontes da “Carta” contaram ainda ter havido um falso alarme na aldeia Muambula, também localizada no distrito de Muidumbe, que terá levado algumas pessoas a dormir no mato. “Carta” soube que tudo se deveu a uma informação posta circular na aldeia, segundo a qual, o grupo estava a atacar a aldeia Chitunda e que no mesmo dia ia atacar aquela aldeia. A informação criou pânico na região, tendo havido pessoas que se deslocaram para o mato para se esconder dos “terroristas”. (Carta)

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