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quinta-feira, 09 fevereiro 2023 07:43

Transportadores moçambicanos escolhem rota “mais cara” para a África do Sul com medo de ataques

Transportadores moçambicanos que fazem o trajeto Maputo-Durban estão a recorrer a uma via alternativa “muito mais cara” para chegar ao seu destino face a ataques contra viaturas na África do Sul, disseram hoje à Lusa.

 

“Estamos a usar Essuatíni [antiga Suazilândia] como via alternativa para chegar a Durban, mas não é uma via eficiente, é muito mais cara”, afirmou Francisco Mandlate, secretário-geral da Associação Moçambique, África do Sul e Associados, que congrega transportadores, em declarações à Lusa.

 

Em causa estão episódios registados nas últimas semanas em que pelo menos seis veículos moçambicanos, incluindo um autocarro e um camião, foram queimados por assaltantes na estrada R22, entre Hluhluwe e Mbazwane, na província sul-africana de KwaZulu-Natal.

 

O troço fica a cerca de 90 quilómetros da fronteira e faz parte da ligação usada por vários transportadores entre Maputo e Durban.

 

Segundo a associação, a via alternativa é muito mais onerosa e “burocrática”, implicando que os veículos moçambicanos percorram 123 quilómetros a mais para chegar a Durban.

 

A via da Ponta de Ouro, “era muito mais eficiente”, disse.

 

Além disso, por Essuatíni, “as pessoas são obrigadas a atravessar muitas fronteiras”.

 

“São mais carimbos nas páginas dos passaportes”, declarou Francisco Mandlate, em alusão aos procedimentos para entrada e saída entre os três países, incluindo algumas taxas aplicadas na fronteira.

 

Os transportadores moçambicanos queixam-se ainda de falta de passageiros desde os ataques.

 

“O número de passageiros reduziu. Os nossos carros estão a sair daqui sem passageiros e o nosso negócio está a falir”, alertou Francisco Mandlate.

 

A Associação Moçambique, África do Sul e Associados lembrou ainda que este não é o primeiro episódio em que estrangeiros, incluindo moçambicanos, são impedidos de trabalhar na África do Sul.

 

Exigem, por isso, que as autoridades sul-africanas apliquem medidas para travar episódios que culminam em violência.

 

“Aquele país nunca resolveu definitivamente este tipo de problemas. É um país irmão e que na história com Moçambique sempre estabeleceu a ideia de ajuda mútua”, só que os moçambicanos têm sido “vítimas”, sem nunca fazer “retaliações”, concluiu Francisco Mandlate.

 

Os ataques registados nas últimas semanas surgiram depois de comunidades locais de KwaZulu-Natal se queixarem de vários roubos de veículos alegadamente contrabandeados para Moçambique e que têm passado impunes.

 

Devido à sua estabilidade económica, a nível regional, a África do Sul, a terra do rand (moeda sul-africana), é um dos países que mais recebe imigrantes de várias regiões africanas, mas principalmente dos Estados vizinhos, incluindo Moçambique.

 

A África do Sul, a maior economia da região, acolhe mais de dois milhões de moçambicanos que trabalham nas minas, campos agrícolas e comércio informal, segundo os mais recentes dados avançados pelas autoridades.(Lusa)

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