Novecentas e sessenta e três empresas moçambicanas, tidas como capazes e competentes nos seus ramos de actividades, foram identificadas para auxiliar nas obras de construção da plataforma de extracção e liquefacção de gás natural, na Área 1, da bacia do Rovuma, empreendimento a ser erguido nos próximos cinco anos.
O dado foi revelado, na última terça-feira (18), pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, durante a cerimónia de assinatura e anúncio oficial da Decisão Final de Investimento (DFI) do projecto Gás Natural Liquefeito (GNL), das concessionárias da Área 1, lideradas pela Anadarko.
Segundo o Chefe de Estado, a identificação daquele número de empresários resultou dos seminários de oportunidades locais que a Anadarko e o Governo promoveram, no ano passado, no âmbito da inclusão, nos projectos de gás natural, do conteúdo local.
Se, por um lado, a maioria das empresas seleccionadas ainda não começou a trabalhar, Nyusi afirmou que as poucas que operam já consumiram mais de 36 por cento do valor despendido pela Anadarko e parceiros, nos últimos cinco anos.
Nyusi fez saber ainda que, para além de empresas, nos referidos seminários foi possível identificar-se mais dois mil moçambicanos com habilitações técnicas para ocuparem os cinco mil postos de emprego a serem criados no âmbito da construção da plataforma. Falando à margem da cerimónia, o presidente da Comissão do Conteúdo Local na Confederação das Associações Económicas (CTA), Florival Mucave, disse que 963 empresas moçambicanas é um número satisfatório, pois, há 10 anos, o país não tinha esse número de empresas certificadas para aquele negócio.
“Isto significa que existe uma capacidade nacional de participação, o que é muito louvável”, afirmou Mucave, tendo acrescentado que há mais empresas que estão a ser treinadas e certificadas para integrarem a lista. Contudo, para que o empresariado nacional aproveite efectivamente negócios no projecto da Anadarko e parceiros (e não só), a fonte defendeu a necessidade de haver mais formação, capacitação, bem como trabalho de qualidade.
O sector privado afirma que a Lei de Conteúdo Local seria o instrumento que permitiria maior inclusão dos empresários moçambicanos no negócio dos mega-projectos do sector extractivo. Mas a aprovação do seu projecto, que se debate há 11 anos, está a ser adiada há muito tempo, de tal modo que esta terça-feira (18) a Anadarko e parceiros tomaram o FID sem esse instrumento legal. (Evaristo Chilingue)