Depois de, na segunda-feira (22), o estudo publicado pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) ter apontado os altos custos de energia eléctrica como um dos vários entraves que enfermam o sector industrial, para além dos custos elevados de matérias-primas e financiamento, agora é o Director-geral-adjunto do Parque Industrial de Beluluane (PIB), Onório Manuel, queixar-se dos altos custos de energia para o funcionamento das 35 empresas instaladas naquela zona industrial, localizada no distrito de Boane, província de Maputo.
Em entrevista à “Carta”, esta terça-feira, cujo objectivo era conhecer os actuais desafios, avanços e perspectivas daquele parque industrial, Manuel apontou, categoricamente, o preço da energia eléctrica como o principal desafio das indústrias que operam naquele local.
Como consequência, a fonte revelou que as empresas reduziram a sua capacidade de produção, de modo a evitar maior consumo daquele bem. Explicou ainda que aquelas que produzem em plena capacidade nestas condições ajustam os custos nos preços dos produtos que as empresas manufacturam.
“E quando é assim, onde é que vais vender esse produto? A vender no mercado internacional um produto cujo custo de produção foi elevado comparando com outro produto dum país que o seu custo de produção foi inferior, evidentemente, que serás menos competitivo, porque o teu produto vai ser caro”, afirmou a fonte.
Para Manuel, a influência dos custos de produção no produto final tem outros impactos, pois, com preços altos “começamos a dizer que o produto de Moçambique não é competitivo. Mas, não é por falta de qualidade”, referiu a fonte.
Face às condições lastimáveis em que as empresas operam, o Director-geral-adjunto do Parque Industrial de Beluluane defende preços competitivos de energia eléctrica nacional sob risco de os altos custos continuarem a afectar o sector.
“Embora se diga que tem a ver com os custos de produção que a própria empresa Electricidade de Moçambique tem, por comprar na Hidroeléctrica de Cahora Bassa e depois ter de revender e não estar a incorrer prejuízos, é preciso tomar medidas de tal forma que o preço se torne mais competitivo sob pena de cada vez mais sufocar o sector produtivo privado e muito as indústrias que são consumidoras de grande parte de energia”, disse Manuel.
Refira-se que, recentemente, o PIB, criado no ano de 2000, como uma Parceria Público-Privada entre a Agência para a Promoção de Investimento e Exportações (APIEX) de Moçambique e investidores Suíço-Moçambicanos, registou um incremento na quantidade de energia eléctrica fornecida ao passar dos anteriores 20 Megawatts para os actuais 40 Megawatts. Onório Manuel revela ainda que a melhoria da qualidade deste recurso, dada a requalificação do sistema eléctrico.
Dentre os sectores económicos das empresas instaladas no Parque, encontram-se a indústria pesada de engenharia e automóveis, indústria de bens de consumo e de transformação, com destaque para a Mozal – empresa de fundição de alumínio, com accionistas como BHP Billiton, a Mitsubishi Corporation, a Industrial Development Corporation da África do Sul e o Estado de Moçambique. (Evaristo Chilingue)