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Economia e Negócios

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A Administração Nacional de Estradas (ANE) diz que o valor da multa aplicada aos condutores, por excesso de carga, não é canalizado para o sector de estradas, mas é o sector que é largamente afectado pelo fenómeno. Contudo, quer que esse cenário seja revertido.

 

Falando num seminário sobre o sector de estradas, na Feira Internacional de Maputo (FACIM), o Chefe do Departamento da Segurança Rodoviária na ANE, Daniel Machaie, disse que o problema de excesso de carga está a afectar severamente as estradas do país. Segundo o gestor, o fenómeno aumenta os custos de manutenção da rede de estradas, o tempo de viagem e os custos de operação dos veículos, para além do aumento da ocorrência de acidentes de viação, causando mortes e danos materiais avultados que prejudicam a economia nacional.

 

Ilustrou que, de Janeiro a Junho deste ano, a ANE fiscalizou 175.7 mil camiões de carga nas Estradas Nacionais Número 1, 2, 4, 6 e 7, tendo sido multados 7.4 mil veículos por excesso de carga. Esse número representa 22.8% do total de veículos inspeccionados. O que saltou à vista é que grande parte dos veículos multados (3.2 mil) circula na EN4, onde foram inspeccionados 35 mil veículos de carga, seguido pela EN6, onde foram multados 2.4 mil camiões por excesso de carga, dos 49.9 mil inspeccionados.

 

Durante a apresentação, a fonte deu a entender que se os valores de todos os veículos multados pelo Instituto Nacional de Transportes Rodoviários revertessem a favor de estradas, diminuiria o défice na manutenção e reabilitação das vias. Para reverter este cenário, o Chefe do Departamento da Segurança Rodoviária na ANE propõe a revisão da legislação que regula a inspecção de cargas.

 

Quanto à contínua degradação das estradas apesar das multas que são aplicadas aos infractores, Machaie disse que a ANE perspectiva a implementação do sistema de pesagem em movimento para evitar a acumulação de veículos nos postos fixos e a implementação do sistema integrado de gestão de básculas.

 

O gestor defendeu também a necessidade da construção de básculas fixas nas províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado, na EN1, EN12 e EN14, respectivamente, incrementando o número destas unidades para 47, das quais 17 fixas e 20 portáteis distribuídas equitativamente em diferentes pontos do país.

 

Para estancar o excesso de carga, a ANE defende igualmente a instalação de básculas nos locais de carregamento de inertes e sua venda em função do peso e não pelo volume; a divulgação massiva da legislação sobre o controlo de carga e sensibilização aos transportadores; a capacitação contínua dos operadores de básculas, bem como a revisão da legislação de controlo de carga com vista à penalização em função da distância percorrida e harmonização da percentagem de tolerância de excesso de carga, em todas as estradas do país. (Evaristo Chilingue)

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O recém-empossado Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Electricidade de Moçambique (EDM), Joaquim Ou-Chim, disse, em exclusivo à “Carta”, que uma das suas apostas é garantir que a empresa continue a ser financeiramente sustentável. Até 2019, as contas da EDM eram marcadas por prejuízos bilionários, resultantes de várias razões, nomeadamente, o facto de despender muito com a produção, aquisição e distribuição de energia, mas em contrapartida (até então) ganhar muito pouco com a venda do bem.

 

Contudo, há três anos, o cenário mudou e o novo PCA desafia-se a manter a sustentabilidade financeira da empresa. Além disso, Ou-chim elenca mais duas grandes apostas para a sua liderança, nomeadamente, garantir o acesso universal (com massificação das novas ligações) até 2030, bem como continuar a posicionar o país como um polo regional de energia.

 

“Temos o desafio da sustentabilidade financeira da empresa. É uma empresa pública, tem que continuar a desempenhar seu papel social, mas tem que ser sustentável financeiramente. O acesso universal é outra questão em que se deve apostar. Por último, está a questão do polo de desenvolvimento regional. Há défice regional de energia e, para a EDM, isso tem que ser uma oportunidade de negócio. Como braço empresarial do Estado, precisa desempenhar um papel importante”, afirmou Ou-chim, à margem de um seminário organizado, esta semana, pela EDM, na Feira Internacional de Maputo.

 

Para a materialização desses anseios, o novo PCA diz que a EDM deverá continuar a trabalhar com os seus parceiros para grandes projectos, no âmbito das Parcerias Público-Privadas, pois os recursos da empresa não são suficientes para investimentos. Para além de parceiros de projectos, Ou-chim apontou apoio dos parceiros de cooperação para o alcance dos referidos desideratos.

 

Até a sua nomeação, a 23 de Julho passado, Ou-chim desempenhava as funções de Administrador Executivo para a Área de Electrificação, desde 2020. Ou-chim ingressou na EDM como Técnico de Manutenção pesada na Direcção de Electrificação e Projectos. Na mesma direcção, de 1998 a 2005 foi Gestor-ajunto de Projectos. Ainda na mesma direcção, Ou-chim foi Director, de 2009 a 2012 e de 2012 a 2017.

 

Fora da EDM, Ou-chim desempenhou funções de Presidente do Conselho de Administração da Maguezi, de 2011 a 2013. Dois anos antes de ser nomeado para esse cargo, foi na mesma empresa administrador do pelouro técnico. Fora dessa empresa, no Fundo Nacional de Energia (FUNAE), foi consultor de energias renováveis de 2005 a 2011. Antes de ir à EDM, Maguezi e FUNAE, Ou-chim foi professor no Instituto Industrial de Maputo (1995-1999) e Técnico de Manutenção na Universidade Eduardo Mondlane - Centro de Electrónica e Instrumentação (de 1994-1996). (Evaristo Chilingue)

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Muitos não sabem que quando algumas instituições financeiras internacionais como o Banco Mundial anunciam créditos para financiamento de uma empreitada para o país o processo de desembolso desse valor chega a levar 19 meses. Aproximadamente vinte meses. É tanta a burocracia em que se encontram embrenhadas as instituições da Bretton Woods.

 

Mas este tempo todo parece demasiado exagerado. Sabe-se, por outro lado, que há um trabalho visando reduzir consideravelmente esse tempo a bem dos países destinatários dos créditos. 

 

Não se conhece a explicação plausível para tanto tempo de espera. Questões de elegibilidade? Ou credibilidade dos países? Ou níveis de endividamento dos países? Entretanto, Moçambique é um dos países com um alto nível de endividamento. 

 

Este introito vem a propósito de um concurso público lançado há quase um ano, pelo Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), anunciando a disponibilização de aproximadamente 7 milhões de dólares, pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), para a pavimentação da Dom Alexandre, numa extensão de 12 quilómetros, entre a circular do Albasine e o município de Marracuene. 

 

Na sequência do lançamento do referido concurso pelo INGD, foi apurado um empreiteiro que, ao que se sabe, tem já um estaleiro montado, mas nada está a acontecer no terreno, passam quase dez meses. 

 

Tanto o INGD assim como o financiador do projecto, no caso o BAD, e sobretudo a primeira entidade, nunca se deram ao trabalho de explicar as razões do atraso no início das obras. E não são os utilizadores da estrada os culpados quando falta um esclarecimento público do que está a acontecer. Muita coisa já foi dita, incluindo a falta de um fiscal para que as obras tivessem início. 

 

Entretanto, na falta de informação, a especulação é que ganha espaço e o que é que se diz na praça? Diz-se que o “guarda-redes” deste processo da construção da Dom Alexandre é o BAD. Portanto, o dedo acusador recai sobre o BAD. E há muitas versões, sendo que a primeira tem a ver com uma especulação, segundo a qual esta instituição terá recusado a oferta por parte do governo (Ministério das Obras Públicas) de um fiscal, preferindo lançar um concurso para a contratação de um fiscal.

 

A segunda especulação é a de que há um ping-pong “sem fim” de documentos entre o INGD e o próprio BAD ainda na questão da contratação de um fiscal. Há várias outras especulações. Mas o público utente gostaria de ouvir o BAD e o INGD a partilharem uma explicação cabal sobre o atraso das obras. O município de Marracuene é também parte interessada que pode, querendo, ou sabendo das engrenagens deste processo, vir explicar ao público porque é que este terá de continuar a danificar suas viaturas naquele troço, viaturas conseguidas com muito sacrifício, as quais depois serão sujeitas a uma inspecção obrigatória.

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A empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM) diz estar disposta a abrir o mercado de produção, transporte e comercialização de energia eléctrica em Moçambique para fornecedores totalmente privados. O posicionamento foi apresentado esta terça-feira (27), dia em que a empresa assinala 47 anos de operações marcados por monopólio no sector.

 

“Estamos abertos. Mas nós temos que nos adaptar, sermos mais competitivos. Acho que estamos em melhor posição para continuar a liderar o mercado”, afirmou o recém-empossado Presidente do Conselho de Administração (PCA), Joaquim Ou-chim. O PCA falava à margem dum seminário organizado pela empresa, na Feira Internacional de Maputo (FACIM), sobre o impacto das Parcerias Público-Privadas (PPP), no sector de energia.

 

Durante a apresentação do tema, o Director Nacional de Estratégias de Electrificação, António Nhassengo, explicou que a EDM começou a apostar em PPP, a partir de 2011 depois de experimentar um grande défice na produção, transporte e fornecimento de energia no país e para a região. Segundo Nhassengo, com a abertura da EDM para as PPP, constata-se nos últimos dias uma melhoria na segurança energética no país.

 

Dos projectos em PPP com a EDM, Nhassengo destacou a Central Térmica a Gás, a Central Térmica de Maputo, a Kuvaninga, a Central Térmica de Ressano Garcia, a Gigawatt e a Central Térmica de Temane, ainda em construção. Nesses projectos, a EDM diz ter já investido 800 milhões de USD, desde 2011.

 

Com esses projectos, para além de garantir o fornecimento interno, o Director Nacional de Estratégias de Electrificação disse que a empresa tem tido excedentes que são exportados para a venda em diferentes países da região austral.

 

A EDM registou em 2023, pelo terceiro ano consecutivo, resultados líquidos positivos na ordem de 4.8 mil milhões de Meticais. No mesmo ano, a empresa assistiu ao incremento do Volume de Negócios da Empresa em 14%, passando de 46.8 mil milhões de Meticais registados em 2022, para 53 mil milhões de Meticais em 2023.

 

Já o nível de perdas totais de energia, decorrentes sobretudo do roubo de energia, reduziu em dois pontos percentuais, saindo de 28% em 2022, para 26% em 2023. Esta redução, a mais acentuada nos últimos quatro anos, teve um peso significativo no aumento da receita da Empresa e responde ao desafio estabelecido pelo Governo de melhoria contínua de excelência operacional.

 

Naquele ano, os projectos de expansão da Rede Eléctrica Nacional e massificação de novas ligações garantiram que mais 395,732 novos consumidores passassem a beneficiar de energia eléctrica pela primeira vez, incluindo as comunidades de onze (11) sedes de Postos Administrativos. Com efeito, o número de clientes da EDM passou de 2.9 milhões em 2022, para 3.2 milhões em 2023, representando um crescimento de 9%. (Evaristo Chilingue)

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O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, disse ontem que o país recebeu, entre 2019 e 2023, cerca 8,9 mil milhões de euros em investimentos e pediu aos empresários “diversificação” dos destinos das exportações.

 

“Registamos um fluxo de investimentos diversificados acima de 10 mil milhões de dólares (8,9 mil milhões de euros) entre 2019 e 2023 direcionados para os setores de energia em 40%, turismo em 18%, indústria em 15 %, serviços com 14% e construção na ordem de 5%”, declarou o Presidente moçambicano, durante a abertura da 59.ª edição da Feira Internacional de Maputo (Facim), que decorre na província de Maputo até domingo.

 

Filipe Nyusi destacou que grande parte dos investimentos que ocorreram em Moçambique no período em referência são fruto, sobretudo, das medidas de aceleração económica, destacando a redução do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) e a isenção de vistos para 29 países em 2022, que permitiram “a diversificação da economia”.

 

“Em termos da nossa estrutura do Produto Interno Bruno (PIB), esta realidade está mais do que patente” como ilustram os registos do primeiro trimestre do ano corrente, em que “os ramos de agricultura e outras atividades relacionadas que contam com 31,5%, a indústria extrativa, com peso de 10,5%, transportes, armazenagem e comunicações, com 8,5%, o ramo de comércio e serviços de reparação, com peso de 8%, e indústria com 7%”, detalhou Nyusi.

 

O Presidente referiu que Moçambique tem estado a registar uma dinâmica moderada de crescimento económico, com o PIB a alcançar uma evolução de 5% em 2023, sendo que no primeiro trimestre de 2024 o seu crescimento foi de 3,2%, abaixo dos 5,5% da previsão anual.

 

“Este resultado foi fruto do pendor das medidas contracionistas da política monetária que conduziram à atual situação, onde se conjugam a baixa inflação com tendências sólidas de crescimento económico, igualmente com exportações a par da estabilidade cambial”, referiu o chefe do Estado moçambicano.

 

No seu discurso de abertura da Facim, Filipe Nyusi pediu ainda aos empresários para “diversificarem” os destinos dos seus produtos, lembrando que Índia, África do Sul, China, Reino Unido, Itália, Correia do Sul, Croácia, Tailândia, Singapura são os atuais locais preferenciais das exportações moçambicanas. “Isso é um TPC [trabalho para casa] que temos, há que diversificar mais em qualidade e quantidade os destinos dos nossos produtos e de forma competitiva”, apelou Filipe Nyusi.

 

A Feira Internacional de Maputo, a maior exposição de bens e serviços de Moçambique, vai decorrer até 01 de setembro, contando com a presença de 3.300 expositores de 26 países, das quais 2.300 empresas são moçambicanas e 750 estrangeiras, de acordo com dados do Ministério da Indústria e Comércio, que promove a exposição. (Lusa)

Exportações moçambicanas para Zimbabwe atingem menos de 400 milhões de dólares em 2022 – Observatório.jpg

Moçambique exportou 336 milhões de dólares em produtos para o Zimbabwe em 2022. Os principais produtos que Moçambique exportou para o Zimbabwe foram óleo de soja (US$ 93 milhões) e petróleo refinado (US$ 59,7 milhões).

 

Nos últimos seis anos, as exportações moçambicanas para Zimbabwe aumentaram a uma taxa anual de 24,4%, de US$ 113 milhões em 2017 para US$ 336 milhões em 2022.

 

Por seu turno, Zimbabwe exportou bens no valor de 119 milhões de dólares para Moçambique em 2022, sendo os principais produtos o tabaco processado (US$ 26,6 milhões), minerais (US$ 25 milhões) e ferroligas (US$ 22,6 milhões). Nos últimos seis anos, as exportações de produtos do Zimbabwe para Moçambique diminuíram a uma taxa anual de 2,9%, de US$ 348 milhões em 2017 para US$ 119 milhões em 2022.

Os dados foram divulgados pelo Observatory Economic Complexity, uma plataforma de visualização e distribuição online para comércio internacional, na véspera da deslocação do Presidente Filipe Nyusi a Harare, onde vai inaugurar a Feira Agrícola do Zimbabwe.

 

As estatísticas indicam que há muito mais que os dois países ainda precisam fazer para melhorar o comércio, pese embora o Instituto de Estatísticas do Zimbabwe (Zimstat) tenha indicado que as exportações do Zimbabwe para Moçambique duplicaram em 2023, passando de cerca de US$ 190,4 milhões em 2022 para US$ 397,7 milhões.

 

O estadista moçambicano é esperado esta terça-feira, para abrir oficialmente a 114ª edição da Feira Agrícola do Zimbabwe (ZAS). O evento deste ano decorre desde ontem até sábado no Exhibition Park em Harare, e tem como lema “Cultivando a Prosperidade: Crescimento de Negócios, Inovando para Mudança, Nutrindo Nosso Futuro”, devendo atrair mais de 200.000 visitantes.

 

O director-chefe interino do Ministério das Relações Exteriores e Comércio Internacional para serviços de protocolo e conferências, Livit Mugejo disse que “não é uma visita de Estado, mas sim uma visita de trabalho. Ele vem apenas para a abertura oficial da 114ª edição da Feira Agrícola do Zimbabwe.”

 

A visita do Presidente Nyusi, disse Mugejo, ressalta o relacionamento de longa data entre Harare e Maputo, enraizado em laços históricos, culturais e económicos.

 

Ele também afirmou que o convite de um chefe de Estado estrangeiro para abrir a feira agrícola visa fortalecer as relações comerciais entre os dois países. “As relações bilaterais entre o Zimbabwe e Moçambique se fortaleceram com base na parceria estratégica mútua entre os dois países”, acrescentou.

 

“Neste caso, Moçambique não é apenas nosso vizinho, mas um parceiro comercial muito importante do Zimbabwe. Moçambique fornece uma rota comercial para nós para o mar. Portanto, a plataforma ZAS fornece aos dois países uma oportunidade de aumentar as suas relações bilaterais e comerciais.”

 

Em entrevista separada ao The Sunday Mail, o director executivo da ZAS, Andrew Matibiri, disse que doze expositores internacionais de países como Moçambique, Rússia, Índia, África do Sul, Zâmbia, Paquistão, E-swatini, Japão, China, Malawi e Tanzânia confirmaram a sua participação, contra cinco no ano passado.

 

Por outro lado, 16 empresas do Zimbabwe expõem na feira comercial de Maputo aberta ontem (26) pelo Presidente da República Filipe Nyusi, em Ricatla, distrito de Marracuene.

 

A Feira Internacional de Comércio de Maputo (FACIM), que acontece de 26 de agosto a 1 de Setembro, oferece uma oportunidade única para empresas do Zimbabwe se conectarem com os principais parceiros em Moçambique, criando uma plataforma que deve melhorar o comércio bilateral entre os dois países vizinhos. 

 

As empresas participantes são provenientes de sectores como alimentos processados, construção civil, bens de consumo, alimentos processados, vestuário e têxteis e produtos farmacêuticos. Outros sectores representados são vestuário e têxteis, engenharia, embalagens, móveis e insumos e implementos agrícolas. (Herald/The Sunday Mail)

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