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terça-feira, 01 setembro 2020 13:22

Moçambique e a presidência da SADC

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Passam já 20 dias após Moçambique assumir a presidência rotativa da SADC e, as vozes que questionam o significado que esta terá para Moçambique não param, são vozes que clamam pela paz em Cabo Delgado e enternecidas pelo sofrimento que assola a população daquela parcela do país. Não é para menos! Afinal, são pessoas brutalmente assassinadas, outras obrigadas a deixar para trás tudo que por vida inteira lutaram para conquistar, homens e mulheres são despojados das suas terras, crianças vêem seus sonhos e seu futuro mutilados, seus direitos espoliados, enfim, são vidas alienadas e obrigadas a viver em condições inóspitas e que, para tomar qualquer tipo de refeição dependem de ajuda.

 

Pelas razões anteriores são justificáveis as inquietudes e normal que se procure entender como pode Moçambique usar a presidência para persuadir os países da região, já que é assumida numa altura em que, os ataques em Cabo Delgado têm se intensificado e pontos estratégicos como o porto da Mocímboa da Praia são tomados. 

 

A resposta para estes questionamentos é simples – Moçambique não pode fazer nada – os países são soberanos. Ademais, a política exterior dos países é conduzida em função dos interesses nacionais e combater a insurgência na região me parece não fazer parte dos seus interesses. A excepcionalidade deve ser o calcanhar de aquiles da cooperação internacional. Para além do marco da SADC e da União Africana, as relações entre os países da região são regidas também por acordos bilaterais, o que dá espaço para que a cooperação seja mais efectiva.

 

Falando da excepcionalidade, vale a pena sublinhar que não se trata de um problema apenas dos países da região, mas sim da cooperação internacional no geral. Depois do brote do covid-19 na cidade Chinesa de Wuhan, ninguém pensava que a epidemia sairia das fronteiras chinesas, para o mundo o covid-19 era “um problema chines” e, por tanto, não haviam razões para a cooperação multilateral. Esta foi a reação pelo menos dos líderes de alguns países desenvolvidos, como é o caso do presidente Donald Trump, quem chegou a chamar corana vírus de “vírus chines”.

 

Desgraçadamente “o vírus chines” já não é um problema para a China, mas para o mundo e sobretudo para os EUA que têm registado números assustadores, com cerca de 6,008,000 casos confirmados contra cerca de 85,000 na China, situando-se por debaixo de muitos países da América Latina, da Europa e inclusive de alguns países da África como, África do Sul e Egipto.

 

O facto é que a globalização é uma realidade e estamos todos conectados, porém, para fazer face aos problemas que devastam a região e o continente é necessário que os países pensem numa cooperação efectiva. O terrorismo é um problema global e emergente, nenhum país da região está livre, para a sua erradicação precisa-se de conjugação de sinergias e de uma vontade política inabalável. Disto depende a integração e o desenvolvimento regional.

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