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quarta-feira, 20 outubro 2021 07:46

Os Postulados e a Teoria dos Martelos de um Grande Chefe

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Moçambique é um território com muitas novidades, bem como centenas de Grandes Chefes. Porém, o que não nos havia sido dito, em público, é que muitos Grandes Chefes da Pérola do Índico são autores de postulados e teorias, nunca antes estudados nas salas de aulas das nossas desgastadas, muitas delas internadas, Escolas e Universidades espalhadas em todo o País.

 

Contudo, nestes dias, a partir da mais falada tenda do País, a tenda das revelações, localizada na Cadeia de Máxima Segurança desprovida de segurança, passamos a receber aulas gratuitas sobre os Postulados negacionistas de defesa e a Teoria dos Martelos, descascados em martelanços, ora pequenos, ora grandes, sejam pretos-brancos, sejam coloridos, quer nacionais, quer chineses.

 

No início das audições, quem não ficou colado às telinhas de TVs ou dos smartphones, queimando energia e os poucos megabytes que tinha, para acompanhar ao mais mediático julgamento económico de Moçambique – o Caso de Querela sobre as Dívidas Ocultas?

 

Assim, em poucos dias, duas personagens, quase por todos desconhecidas no País e no mundo, ganharam estatuto de modelos de justiça e de luta contra a corrupção. Pelo que, não faltaram elogios nem aplausos, escoltados de choros alegres e palmas de alívio de cidadãos desesperados e com bolsos furados gotejando migalhas de miseráveis esperanças.

 

Em seguida, vieram os Arguidos, os quais, após definido o Código Penal em uso naquele processo, transformaram-se em Réus. Com a audição de Mutota, passamos a saber que os nossos Grandes Chefes, também, são agricultores com machambas desconhecidas, nas quais, em pleno século 21, desperdiçam milhares de dólares sem planos claros de retorno – um SUSTENTA insustentável!

 

À entrada triunfal de Nhangumele, foi-nos referido que o projecto que levou à contracção dos 2.2 biliões de dólares foi esculpido por artistas secretos, com técnicas mágicas, provenientes de um planeta ainda por se descobrir e, caso aquele plano funcionasse, estaríamos seguros como nação. Ele disse não estar interessado em devolver parte das moedas que nos levaram à vala comum.

 

Quando chegou a vez do réu mais mimado da Pérola do Índico, entendemos que Jean Boustani, lá dos Emirados Árabes, estava enganado ao chamar de Cinderela um indivíduo que teve a coragem de espalhar perfumes de arrogância e malcriadez, bem como desrespeitar a todos Moçambicanos, pois, segundo ele, além de não ter memória de elefante, como ovelha inofensiva conduzida ao matadouro, foi injustamente empurrado nas dívidas publicitadas para atacar a sua família real.

 

Veio o seu amigo de infância, que, também, apesar de não constar da árvore genealógica da família real, transpirou chuvas venenosas de prazeres de insubordinação à justiça associadas ao seu problema de memória de curta metragem. Apesar de ele ser elefante em esquemas (i)mobiliários e monetários, afirmou não ter qualidades daquele animal em vias de extinção.

 

Igualmente, vieram outros Réus e Rés, que reclamaram sofrer injustiças e perseguições do guardião da legalidade no País. Alguns mais grosseiros que outros e outros produtores de respeito e obrigados em larga escala. Algumas até cuspiram verdades face aos apelos de sensibilidade do Tribunal e outras se revelaram autênticas artistas e costureiras de esquemas milionários.

 

Nisto, corriam as audições em sede de Tribunal. O alarme soou e chegou a vez do Chefe dos Agentes Secretos nacionais. Em contramão a todas as nossas expectativas, o rei da selva revelou, estrategicamente, desconhecer o pelouro que dirigia, despossuir abertamente a memória de um elefante, nem saber os contornos do projecto que, segundo eles, havia sido esboçado para nos proteger. Insólito! Era o primeiro leão sem juba, que disse ter potência inferior a algumas hienas e alguns abutres que pastavam e alimentavam-se nas relvas daquele pátio nas tendas da B.O.

 

Além disso, o rei da selva fez-nos saber que ele era um eterno apaixonado pela sua leoa, que não parava de interceder e enviar pingos de orações em favor da vida do casal, a fim de proteger a sua imagem, malandramente manchada pela falta de atenção aos detalhes de transações bancárias planificadas, esculpidas e monitoradas pelos Agentes Secretos liderados pelo leão, que não parava de rugir diante do Tribunal e de todos que acompanhavam as sessões de julgamento.

 

Aliás, quase todos estávamos acostumados em ouvir vários postulados negacionistas, a saber, postulado não me recordo, postulado não vou responder, postulado já respondi ontem, postulado está consignado em acta, postulado do silêncio, entre outros misturados com caril de malcriadez.

 

Por conseguinte, quando todos pensávamos que havia chegado a hora de ouvir grandes revelações do espião mais esperado de Moçambique, em sede da tenda das revelações, fomos brindados não apenas com postulados negacionistas de defesa, mas com uma teoria nunca antes ouvida, que diariamente gotejava em série, a Teoria dos Martelos de um Grande Chefe.

 

Aliás, não era a primeira novidade: assistiu-se e ouviu-se, naquela tenda, desfiles abertos de gatos, que procuravam devorar anexos, volumes e folhas daquele processo, mas o Juiz, sem investigar ou mandar averiguar, concedeu cobertura plena aos gatos. Não demorou, aqueles animais domésticos, que dominavam as coordenadas das tendas da B.O, passaram, às mesmas horas, no final do dia, a cortar energia em meio às audições. Porém, mesmo assim, os gatos tiveram mimos.

 

Assim, para chamar à atenção da sua presença ignorada, os gatos ganharam a coragem, afiaram os seus dentes e mastigaram algumas folhas com provas acusatórias contra o Grande Chefe. Era um recado-ataque claro e aberto dos gatos apessoados para alertar a todos, a fim de que não fossem mais ignorados, pois, eles estavam a sofrer injustiças e eram publicitados nas tendas da B.O.

 

Estava a ficar claro, diante de todos, que os Postulados dos Réus e a Teoria dos Martelos do Grande Chefe faziam parte de uma estratégia malandra para abandonar a tenda da B.O com aplausos escoltados de elogios que os conduziria a caminho de casa. Aliás, os golpes de saudação do Grande Chefe, à entrada e saída do Tribunal, eram truques mafiosos para comprar a atenção dos telespectadores e internautas. Afinal, os filmes de inteligência e espionagem, que assistimos, já nos haviam alertado que um Agente Secreto ou Espião nunca fala a verdade, mesmo quando escoltado de chuvas de espancamento ou arrancados ambos olhos. Mas aquele não era o caso!

 

Após quebrar o recorde do seu antigo Chefe, outro Grande Chefe, cuja chefatura lhe persegue até no Língamo, sua actual residência preventiva, o Grande Chefe das três empresas do calote das Dívidas Ocultas começou a conjugar a sua teoria, aos pedaços, aos quais designou por martelanços. Todas as provas lançadas pelo Ministério Público, para o Grande Chefe, eram resultado de marteladas que se transformavam em martelanços preparados sem mestria.

 

Com a sua Teoria dos Martelos, o Grande Chefe começou, até, a fazer piadas e enervar o Tribunal e a todos, já que em sede de Tribunal, televisionado ao vivo, não era possível receber presentes em punhos de raiva que se acumulavam nos sujeitos para quem ele se dirigia, zombadamente.

 

Portanto, superando a intervenção de outros Réus, o Grande Chefe, a cada audição, em julgamento na tenda da B.O, desfilando manguais de esperteza e conjunto de postulados, abrindo livros com páginas repletas de inteligência e teorias parasitas, buzinava bem alto e raspava o chão, sacudindo a poeira e o barulho nos olhos e ouvidos do povo, para se escapar das acusações que pesavam contra si. Assim, a cada postulado e teoria, cementava mais ainda a miséria dos seus compatriotas!

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