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segunda-feira, 13 fevereiro 2023 13:49

Mais uma vez falhamos

VictorNhatitima moz

Enganem-se aqueles que pensaram que esta é uma crítica a quem está a gerir o processo de apoio às vítimas das cheias nos últimos dias. Não, esta não é uma crítica, é sim uma reflexão sobre a forma como as nossas instituições públicas lidam com situações adversas. Está de parabéns o INGD pela rápida resposta e assistência às populações carenciadas, mesmo com insuficiência de meios e de fundos. Estão de parabéns as centenas de indivíduos que, de forma anónima, despretensiosa e altruísta dão tudo de si para apoiar os seus compatriotas. Mas não deixo de pensar que falhamos. Sim, falhamos mais vez. Falhamos quando, de forma recorrente, não conseguimos minimizar o impacto destes eventos sobre as nossas populações.

 

Falhamos quando do ponto de vista de comunicação quase ou nada foi feito, para alertar as populações sobre a severidade das chuvas que se abalaram sobre nós. Falhamos quando, de forma preventiva, poderíamos ter reduzido o número de pessoas afectadas por estas chuvas. Alguns podem dizer e perguntar? Era possível parar a chuva, a água ou que os rios transbordassem. Não, claramente que não, mas claramente era possível reduzir o impacto estes eventos sobre as populações.

 

No caso particular do INGD, a sua visão determina ou orienta a actuação dos seus colaboradores, para a “A institucionalização e consolidação, a todos os níveis, de uma postura preventiva e proactiva de gestão do risco de desastres, perante um cenário irreversível de mudanças climáticas”. Esta visão do INGD coloca na génese da sua actuação a necessidade de uma resposta proactiva aos vários eventos que ocorrem ou possam ocorrer. No meu entender, proactividade significa agir por antecipação. Portanto, significa que, porque já tínhamos conhecimento antecipado da possibilidade de ocorrência destes eventos, havia necessidade de desenvolver um trabalho aturado de sensibilização, envolvendo vários meios de comunicação, para convencer as populações a retirarem-se das zonas de risco, minimizando assim o impacto e a severidade dos fenómenos.

 

Ao postular uma visão orientada para uma postura preventiva e proactiva de gestão do risco de desastres, alicerçado nos princípios definidos pelo Marco de Acção de SENDAI, que coloca o foco da acção dos países na redução do risco de desastres e não apenas a resposta aos fenómenos, podemos considerar a comunicação como uma ferramenta estratégica para o alcance dos objectivos definidos pelo Marco, na medida em que ela antecede a ocorrência de um desastre, uma vez que permite o repasse de informações com foco na minimização dos riscos.

 

Nesta perspectiva, a comunicação torna-se crucial para reduzir a vulnerabilidade e motivar as pessoas a actuar na redução dos riscos de desastres, enquanto desempenha um papel fundamental no processo de formação de uma cultura de redução de desastres, através de um conjunto de actividades que podem ser realizadas no período pré-desastre, com impacto directo nos resultados a alcançar. A minha análise não é sobre a actuação específica do INGD do ponto de vista de comunicação, mas é de forma geral sobre o posicionamento das instituições públicas moçambicanas, do ponto de vista de comunicação. Não podemos continuar a ter Gabinetes de Comunicação, que tem como finalidade primária produzir camisetes, bonés, capulanas para datas festivas, produzir e distribuir comunicados de imprensa para órgãos de comunicação. Grande parte das crises reputacionais pelas quais passam as nossas instituições nos últimos anos são derivadas de um problema de comunicação ou da gestão da comunicação. Basta lembrar o recente caso do porta-voz do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, que é o reflexo daquilo que não se pode fazer do ponto de vista de relacionamento com os meios de comunicação, acredito que muitos colegas meus irão usar ou já usam aquela situação como um estudo de caso, nas suas formações ou aulas sobre os “dos e dont’s” na relação com os meios de comunicação social.

 

Reconhecemos o excelente progresso que o Governo tem demonstrado, na forma como interage com os seus stackholders, mas também é preciso ser-se honesto e assumir que há áreas específicas com oportunidades significativas para avanço, onde o Governo pode melhorar as suas capacidades de comunicação. Precisamos pensar e refundar a actuação dos nossos Gabinetes de Comunicação ou o papel e o lugar da comunicação nas instituições públicas. É preciso que as instituições públicas e não só olhem para comunicação como uma ferramenta estratégica, como um elemento importante para o alcance dos seus objectivos estratégicos.

 

Num contexto em que as organizações têm de lidar com os avanços tecnológicos, multiplicidade de actores (públicos), com necessidades e condições sócio-psicológicas diferenciadas, que demandam por maior informação, transparência, as organizações, através dos seus gabinetes ou departamentos de comunicação, devem revolucionar a forma como lidam com seus processos de comunicação, porque um dos atributos fundamentais de instituições de sucesso reside na sua capacidade de comunicar de forma eficaz e da ligação que estabelecem com as suas partes interessadas, tanto internas como no exterior. Mais uma vez, não se trata de uma crítica leviana, mas sim uma pequena reflexão que tem como propósito fundamental contribuir para a comunicação e os profissionais de comunicação tenham a devida valorização ao nível das organizações e desta forma contribuam para o fortalecimento das nossas instituições.

 

1 Especialista e Consultor de Comunicação

segunda-feira, 13 fevereiro 2023 06:54

As chuvas na zona Sul de Moçambique recriam Domoina!

Adelino Buqueeeee min

“Passados trinta e nove anos, desde que a Depressão Tropical Domoina se abateu sobre a região Sul de Moçambique, com destaque a Província de Maputo, depois que as famílias se reergueram, comprando e criando novo gado, quer Bovino, Suíno, Caprino e Aves, hoje, a água volta a levar essa produção. As lições da passagem de Domoina não serviram para absolutamente nada! As Populações transferidas da zona de Mazambanine para se criar a Aldeia de Campoane sabem da lição, mas, hoje, teremos outras populações por reassentar, constituídas por aqueles que reocuparam as terras antes ocupadas por aqueles que estão em Campoane, com o olhar impávido e sereno de quem de direito e esse de direito não é o Município porque a Aldeia 25 de Setembro foi criada antes do Município”

 

AB

 

A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique, para a região Sul de Moçambique, está a materializar-se em forma, em alguns casos, de “dilúvio”, lembrando os acontecimentos do remoto ano em que a região de Maputo Província foi atingida pela Depressão Tropical Domoina que aconteceu no mês de Janeiro de 1984. Passam exactamente 39 (trinta e nove anos), com a diferença do mês em que o fenómeno se deu.

 

Lembro-me como se fosse hoje, na altura trabalhava no Umbeluzi, Mazambanine, como Técnico e tinha sob minha responsabilidade a produção agrícola (Hortícolas) e Criação de Porcos e Patos que, com a depressão, a água tudo levou. Nunca mais voltamos aos níveis de produção de então, em relação à criação de Suínos e Patos. Pura e simplesmente a empresa desistiu, não recomeçou com o negócio, que não era negócio na altura, mas servia para abastecer o Centro Social.

 

Este episódio lembra-me também que foi no ano de 1983 que conheci o Dr. Hélder Muteia, na altura Director da Pateira, ali onde hoje cresce um condomínio imponente. Aquele espaço, para quem não sabe, foi o centro de produção de patos. A Pateira tinha uma máquina de chocar ovos a que muitos produtores recorriam para a sua produção de aves. Creio que Hélder Muteia deixou de ser Director e a Pateira esfumou-se, não tenho certeza. Tenho certeza que naquele lugar não se produz mais patos e tenho a certeza que jamais se produzirá patos por conta do Condomínio que ali nasceu.

 

Triste é saber que, desde Janeiro de 1984, altura em que se deu a Depressão Tropical Domoina, que assolou o Sul de Moçambique, com realce nos Distritos de Matutuine, Boane, Moamba e Magude nada se fez para alterar ou prevenir os próximos eventos, para além da recepção, claro, dos donativos resultantes de apoio dos parceiros de Moçambique. Digo isto com tristeza, por exemplo, a ponte de Mazambanine, de que se fala quase sempre nos princípios de ano como intransitável, poderia ter beneficiado de elevação, não é uma ponte cumprida, localiza-se numa zona vital para a Cidade de Maputo e Matola, que é o Centro de Tratamento de Água, para além de empreendimentos agrícolas e pecuárias na zona.

 

Estou em crer que a situação piorou, ali no Bloco 2, onde se produzia Citrinos e tinha o Centro de empacotamento de Citrinos para a exportação. Virou uma garagem de viaturas e os campos de Citrinos “retalhados” a pedaços que não sei quem tira maior benefício daquilo. Para piorar, ergue-se por ali residências e/ou outros empreendimentos de cimento que hoje devem estar submersos na água, tal como se deu há 39 anos. Infelizmente, sempre que passo por ali olho com tristeza, como uma zona eminentemente agrícola pode ser transformada em tudo menos em lugar de produção agrária!

 

Devido às condições meteorológicas, não sei ainda como estará a zona de Umbeluzi. Ali, antes da entrada da vedação dos pequenos Libombos, uma zona igualmente agrícola por excelência, lembro-me que nos tempos áureos de produção de Citrinos, aquele bloco era reservado à produção de hortícolas pela mesma Empresa de Citrinos de Maputo. Hoje, há ali algumas residências que, na minha opinião, constituem um autêntico atentado às zonas de produção alimentar para alimentar as cidades de Maputo e Matola e isto mostra uma coisa muito simples, que nunca tivemos um plano claro e objectivo de zonear as áreas de produção, de habitação, para indústria, Pecuária e outros serviços, qualquer espaço serve para qualquer coisa.

 

Devo recordar também que, por causa da Depressão Tropical Domoina, nasceu a aldeia de Campoane, com os préstimos da Helvetas, na altura, o Director era o meu amigo Dinis que liderou o projecto da mesma Organização para o empoderamento das famílias através da criação de patos e de burros, os burros mais para a zona de Matutuine e Namaacha, na altura, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades sob direcção de Mahanjane identificaram, com outras estruturas claro, aquele espaço e não propriamente a zona do Belo Horizonte e havia razões fortes para isso.

 

Uma das razões é que a zona denominada hoje de Belo-Horizonte comporta áreas de passagem natural de água. Para o conhecimento de muitos, Belo-Horizonte não era o lado esquerdo para quem vai de Boane a Maputo, na verdade esse lado não oferece um Belo-Horizonte, o Belo-Horizonte é o lado direito na mesma direcção e era simbolizado pelo então Restaurante Belo-Horizonte. A área de delimitação da Aldeia de Campoane situa-se ali onde à esquerda na mesma direcção está implantada a Barraca Relva, do lado de Campoane e porque, exactamente por ali, entrando um pouco para o interior do Bairro, havia uma passagem de água natural que o projecto tratou de deixar e não parcelar.

 

Hoje, esse espaço encontra-se habitado e as consequências não se fizeram esperar. Para quem vai a Campoane e entra daquela Rua, o lado direito, depois de uns 150 metros, há o referido curso de água. Daquele lado, quando se está na zona da Igreja Universal, olhando para a frente, as pessoas que vivem por ali, por estas alturas, carecem de ajuda porque as suas residências estão inundadas das chuvas e da corrente de água que teima em por ali passar, são coisas que as autoridades competentes deixam acontecerem e nestas alturas não sabe o que fazer com os habitantes desses lugares, o que se seguirá depois desta calamidade? É a pergunta que não se quer calar e a resposta, eventualmente conhecida, nada!

 

quarta-feira, 08 fevereiro 2023 09:19

Ngwatitunu: “a sombra da vergonha”

AlexandreChauqueNova

Numa altura em que as referências da cidade de Inhambane se vão esbatendo na morte, o que resta é encontrar um lugar onde se possa exaltar essas memórias, e um desses sítios é Ngwatitunu, ou “A sombra da vergonha”.  Aqui reúnem-se diariamente, regra geral, homens cultos  com muita informação deste tempo e do tempo de outrora, informação essa que é partilhada e impulsionada pelo copo que se bebe para aclarar as ideias.

 

Ngwatitunu vem de Ngwati, nome que se dá ao tamarindo, árvore gigantesca que se ergue no bairro Liberdade “3”, mais concrectamente na zona da “Estação”, agora tornada – a dita árvore -  esplanada sem que ninguém saiba a idade desta enorme planta resistente a todos os abalos, mas o mais  importante é que este ngwati transformou-se numa espécie de santuário, onde muitos gostam de estar, não apenas para beber um copo, mas para beber um copo e conversar sobre vários  temas interessantes, defendidos sob vários ângulos, dependendo do orador de circunstância.

 

Em Ngwatitunu há clientes “residentes”, do tipo “donos do lugar” e quando eles não estão, sente-se um vazio, mais pelo seu porte cultural ou teimosia, do que pela capacidade financeira. Aliás, a maioria dos melhores conversadores dali, aqueles que dominam a plateia,  não respira saúde pecuniária. Têm algum dinheiro que dá para beber algumas, o resto é “papo” que não acaba, levando-nos a recordar grandes figuras  que deixaram “baba” no desporto e na música e na sociedade no geral. Até na política.

 

Ngwatitunu é também um desaguadouro de frustrações, de jovens e adultos e idosos que já chegaram a conclusão de que lá mais para frente não há muita coisa que se espere. Então para se materem-se vivos enquanto o último comboio não chega, vão rebuscando histórias que são contadas com muito entusiasmo, impulsionados pela euforia do copo que não pára de descer goela abaixo, pelas gargantas que não se fartam, mesmo sabendo-se que amanhã o fígado pode não aguentar mais.

 

Seja como for, Ngwatitunu tem o condão de ser um espaço aglutinador, é aí onde reside o valor social de todo o fervor. Todos se conhecem, por isso se toleram uns aos outros quando as falhas acontecem. Todos sabem das capacidade de encaixe de cada um . Mas há ainda aqueles que vão a Mgwatitunu apenas para delirar com as conversas que ouvem, sem que entretanto participem nelas, ou por incapacidade, ou por caracter e esses também fazem parte do mosaico.

 

Dá prazer passar por Ngwatitunu, onde você será acolhido como se fosse da família. E se fizer isso num dia de alta voltagem, pode ser que lhe fique a vontade de voltar de novo à “A sombra da vergonha”.

quarta-feira, 08 fevereiro 2023 07:28

FMF Incuba "Gangsterismo"!

Adelino Buqueeeee min

“Ao assumir um compromisso de pagar um determinado valor no caso de qualificação e não fazê-lo, ao assinar um compromisso com os atletas em Argel e, chegados ao território nacional, considerar esse documento inválido e sem valor jurídico, o colectivo da FMF mostra que a FMF agiu sempre de má-fé, nunca teve intenção de remunerar os atletas pelo seu trabalho. Mais do que isso, ao criar uma comissão de inquérito para um caso em que ela será objecto de inquérito, mostra o jogo de antecipação, qual astúcia! Definitivamente, as atitudes da nossa FMF são próximas de um "gangsterismo" não é aceitável, devem cumprir com as promessas feitas aos jogadores. Honrem a vossa palavra, obrigado.”


 
AB



Os episódios acontecidos em Argel com a Federação Moçambicana de Futebol e a Selecção nacional, os “Mambas”, não dignifica Moçambique e tão pouco a própria Federação Moçambicana de Futebol. Longe disso, mais do que os seleccionados de Chiquinho Conde, a Direcção da Federação Moçambicana de Futebol é responsável por esses episódios tristes e lamentáveis que, para o bem do Futebol, devem ser erradicados no nosso seio.



Uma nota importante aqui a considerar, estando certo que o Presidente da FMF é o “cabeça” e quem lidera a Federação, a estrutura em si tem um carácter colegial, por isso, a minha reflexão não visa a pessoa de Sidat, mas, antes pelo contrário, o colectivo que compõe a FMF. A esse colectivo se deve responsabilizar por estes tristes episódios que aconteceram em Argel e que continuam no território nacional. Caros membros da Federação Moçambicana de Futebol, é triste e lamentável a forma como lidam com este caso de Argel.



É deveras lamentável que uma instituição como a FMF reúna via “virtual” num feriado nacional, dia consagrado aos Heróis Nacionais e decidir pela criação de uma comissão de inquérito e a suspensão de atletas da selecção. Esses senhores que estiveram reunidos deviam ter vergonha desse acto tão precipitado quanto irresponsável que tiveram. Reunir num dia normal da semana e de forma presencial não seria a forma mais responsável?! A decisão que tomaram, caso tomassem no dia 06 de Fevereiro de 2023, o que atrasaria! Não é compreensível que homens com responsabilidades como dirigir a FMF não tenham respeito pelos Heróis nacionais, é triste.



A FMF e os “Mambas” são partes do litígio



A Federação Moçambicana de Futebol e os “Mambas” são duas partes em litígio no caso do CHAN Argel 2022, por isso não faz sentido que uma das partes tenha o poder de criar uma comissão de inquérito em que também é responsável. As pessoas indicadas para essa comissão de inquérito irão ouvir a FMF? Se sim, em que qualidade? Sim, porque a FMF, para um bom entendedor e com interpretação isenta dos factos, é responsável pelos acontecimentos de Argel. É a FMF que não cumpriu com as suas obrigações para com os atletas, obrigações que de forma voluntária prometeram aos atletas.



Mais, ao agir como agiu, a FMF é que acaba manchando o bom nome de Moçambique, conquistado com sangue dos Heróis nacionais simbolizados no 3 de Fevereiro, data em que a mesma Federação do Futebol, no lugar de dirigir-se à Praça dos Heróis para homenageá-los, preferiu reunir “virtualmente” para “punir” outros Heróis nacionais, desta feita, do Futebol nacional. Na verdade, no seio dos adeptos de futebol, estes jovens trouxeram muita alegria e hastearam a bandeira de Moçambique bem alto em Argel. Foi o trabalho dos “Mambas” e seu corpo técnico que logrou esse sucesso, registe-se!



Na minha opinião, a FMF, para este caso específico, não devia reunir para deliberar tal como o fez. Até poderia reunir para analisar os acontecimentos do CHAN e comunicar o público as suas conclusões. No entanto, essa reunião nunca deveria criar uma comissão de inquérito e muito menos punir jogadores, excepto o elemento da Federação. Esse, sim, podem puni-lo como acharem melhor e dentro dos vossos estatutos e regulamentos. Agindo como agiu, a FMF quis “jogar” na antecipação e criar “confusão” no seio da opinião pública, o que não abona aquele colectivo.



Sobre a Intervenção da SED!



Devo dizer que a intervenção da Secretaria do Estado do Desporto foi oportuna e deveria ter sido logo à chegada dos “Mambas” de Argel. Peca por ter sido ligeiramente tardia e que deu espaço para esta atitude da FMF de reunir “virtualmente” num ferido nacional para tomar decisões que tomou. Ainda assim, a SED deve manter-se a frente deste processo, na qualidade de representante do Governo para a área de Futebol e não só. É chegado o momento de a FMF deixar de ser um refúgio de “gangsterismo”. A FMF deve ser um lugar para gente honrada e responsável, comprometida com o desenvolvimento do Futebol em Moçambique.



Ao assinar um compromisso em Argel e chegar em Moçambique considerar o documento inválido e sem valor jurídico, a FMF mostra de forma clara e evidente que a FMF sempre agiu de má-fé neste assunto. Mostra o quão “gangsterista” é o colectivo da Direcção da FMF. De entre eles deveria aparecer alguém a chamar a atenção para a observância das regras elementares de convivência social. Por outro lado, mostra que os atletas tinham razão ao exigir algo escrito em como irão respeitar o compromisso assumido voluntariamente, veja-se agora!


Atletas gazetam encontro com a SED!


Aqui, é importante chamar-se os atletas à razão. Quando a SED os convoca, repito, CONVOCA, não é uma questão de vontade, é uma questão de obrigação comparecer a esse encontro. A solução dos problemas não acontece por forças mágicas, acontece com a intervenção humana e, no caso, a SED, como representante do Governo de Moçambique, a ela cabe dirimir este conflito e reportar a outras partes do Governo sobre as posições das partes. Ao agir como agiram, faltaram respeito a uma instituição do Governo e o que tem a fazer é pedir desculpas e solicitar encontro para se esclarecerem e, quiçá, pedirem ajuda a SED na resolução deste diferendo com a FMF. Gazetar não vos dignifica jovens, a vida deve ser encarada de frente, os problemas, por mais bicudos que sejam, devem ser resolvidos e, para que isso aconteça, é importante a participação dos visados. Mas, como diria o Secretário de Estado para o Desporto, talvez tenham agido “de cabeça quente” depois do comunicado da FMF. Compreendemos, mas devem redimir-se do erro. Todos devemos respeitar o Governo.  

 

 

MMNOVA22

Se os factos constantes na “exposé” sobre o Tribunal Administrativo, que já circula nas redes sociais, forem confirmados, estamos perante o descalabro de uma instituição que era tida como credível. A denúncia, anónima, mas bem documentada, expõe um cenário de práticas de corrupção, peculato, nepotismo compadrio dentro do TA. Não é uma denúncia de má-fé. Ela está bem documentada é isso dá-lhe credibilidade.

 

O TA é o Auditor Externo do Governo, um pilar de relevo no sistema de integridade nacional. É um pilar central do ciclo orçamental do Governo, cabendo-lhe velar pela qualidade da despesa pública, essencial para a prossecução de um Estado Democrático.

 

Esta instituição, pela sua natureza, devia ser gerida com altos padrões de transparência e probidade. Mas a denúncia revela uma instituição capturada por interesses e até politicamente controlada, designadamente quando menciona que há instruções para não se fazer auditorias às nossas embaixadas por causa do risco de se expor a má gestão financeira das nossas missões no estrangeiro (lembrem-se que há dois antigos embaixadores, altos quadros da Frelimo, condenados por corrupção em primeira instância).

 

A denúncia é bem-vinda. Ela mostra uma podridão escondida, um padrão de improbidade que se replica nas nossas instituições. Até que enfim apareceu um whistleblower colocando a boca no trombone. Fez bem!

 

O recurso ao anonimato também é correcto, para sua protecção. O risco de vingança e retaliação contra ele seria maior. Às vezes, é o próprio Estado que retalia, quando está em causa a sua imagem (ver caso Julian Assange).

 

Esta denúncia põe a nu a credibilidade do nosso Estado. Aquando do início da transição democrática em Moçambique, o TA recebeu muito apoio técnico e financeiro dos doadores, destacando-se a Embaixada da Suécia. Ao longo dos anos, o TA cresceu em capacidade e integridade, sob a liderança do Dr. António Pale. Depois veio o que veio. É um cenário lastimoso. Se o TA perde credibilidade o que dizer do seu trabalho. E há quem diga que a denúncia em causa é apenas a ponta do iceberg.

 

Os detalhes constantes no documento são suficientes para se dar início a um inquérito judicial. Só espero que não tapem o sol com peneira. Os moçambicanos precisam de um TA forte e íntegro.

 

Nossos deputados na AR têm aqui um trabalho de verdade. Uma verdadeira Comissão de Inquérito precisa-se. Não aquela passeata turística a Macuse. (Marcelo Mosse)

Adelino Buqueeeee min

“Existe um ditado chope que diz “se você ajudar alguém que não conhece, deve cortar-lhe parte do seu corpo, preferencialmente a orelha” para que amanhã se recorde de quem o ajudou. Moçambique pagou um preço muito alto para o fim do Apartheid, valores incalculáveis com a aplicação de sanções e o albergue dos militantes do ANC. Temos na Cidade da Matola um Memorial sobre o sucedido a 30 de Janeiro e como nos agradecem!? Vandalizando e saqueando bens dos nossos concidadãos. Esta é a forma de expressão de ingratidão jamais vista para com um povo que lhes foi generoso. Ai se Samora Machel vivesse para ver isto!”

 

AB

 

Nós, moçambicanos, sentimos na pele que as relações entre os dois países não estão bem, quer a nível dos povos, quer a nível oficial, entre os dois estados. Sentimos que há tendência de se subalternizar o Estado Moçambicano pela África do Sul e, na minha opinião, devemos dizer basta ao Governo da África do Sul! As relações devem beneficiar as duas partes, as relações que beneficiam somente uma das partes não são relações justas.

 

Nos recentes ataques dos bandidos sul-africanos, parece-me que o Governo daquele país sai em defesa dos seus bandidos. Pode não ser essa a realidade, mas, perante o silêncio ensurdecedor que aquelas autoridades manifestam, a conclusão não pode ser outra. Por outro lado, os moçambicanos que sofreram sevícias naquele território contam histórias de indiferença policial, mesmo que devidamente informada pelas vítimas, isto é, na minha opinião, inaceitável. Basta!

 

Mas também é preciso reconhecer a “inércia” das nossas autoridades do sector da Diplomacia e quer me parecer que a vinda a público da Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação foi forçada pela imprensa nacional. A forma como comunicou e o semblante apresentado na Conferência de Imprensa não são de alguém preocupado com o terror que os seus compatriotas acabavam de viver. Tudo isto acaba não abonando a favor daquela instituição que nos deve defender no exterior. Moçambique já tinha ultrapassado essa fase de Diplomacia demasiado “silenciosa”, mas também não estou a dizer que deve ser “ruidosa”, deve ser prática e pragmática na sua acção a nosso favor.

 

Por exemplo, ontem, 30 de Janeiro, recordamos o ataque às residências e à Fabrica SOMOPAL na Matola, residências que albergavam membros do ANC residentes em Moçambique. Entretanto, no lugar de confraternizar, estávamos lamentando o sucedido com os nossos compatriotas. No lugar de falarmos de fraternidade, estávamos a falar de um escândalo de vandalismo contra as pessoas e sua propriedade privada. É preciso recordar o ANC e os sul-africanos no geral o papel e o preço que Moçambique pagou para a sua liberdade. Neste momento, o grosso dos dirigentes da África do Sul no activo conhece bem a história da sua liberdade e o preço que pagamos, ingratidão!

 

Não à retaliação por Moçambique!

 

Apesar de reconhecermos e doer a ingratidão dos sul-africanos, nós não podemos pensar em retaliação contra a África do Sul e cidadãos daquele País que demandam o nosso País, quer em negócios quer em Turismo. A nossa forma de ser e de estar nos impele a sermos mais responsáveis e cautelosos, mas nós não somos ricos. É urgente que se fale de ressarcimento dos moçambicanos pelos bens perdidos por vandalismo dos cidadãos daquele País. A África do Sul deve indemnizar os moçambicanos, devidamente identificados no vandalismo daquele País.

 

Existe a “narrativa” de que em Moçambique existem viaturas roubadas e que se encontram na província de Maputo. Se isso for verdade, eu penso que o Governo não é espaço de albergue de bandidos. Essas viaturas, uma vez identificadas, devem ser repatriadas para o País vizinho e entregues às autoridades competentes. Não pode um país inteiro pagar por culpa de meia dúzia de indivíduos, não é aceitável e tão pouco dignificante isso.

 

Nas redes sociais, alguns moçambicanos residentes e a trabalhar na África do Sul mostram-se revoltados com o seu próprio País porque acham que estão a pagar o preço de falta de acção das nossas autoridades. A Xenofobia é parte dessa forma de pagamento e nunca se sentou e se tomou uma decisão séria a respeito. Moçambique deve fazer-se respeitar, somos um país com mais de trinta milhões de habitantes, independente e soberano, afinal o que nos falta!

 

Reitero o meu apelo ao Governo de Moçambique para que saia em defesa dos seus concidadãos, não faz muito sentido isto que vivenciamos nos últimos dias, em que moçambicanos são vítimas de vandalismo na vizinha África do Sul com aparente indiferença das autoridades competentes. Moçambique precisa da África do Sul, mas a África do Sul também precisa de Moçambique, não são poucos investimentos daquele País em Moçambique, a era de venda exclusiva de mão-de-obra barata de Moçambique para África do Sul já era, acabou, vamos nos tratar de igual para igual ou somos diferentes!

 

Adelino Buque

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