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quarta-feira, 28 junho 2023 06:50

Governo garante já haver melhorias no relacionamento entre FDS e população em Cabo Delgado

cristovao chume min 

O relacionamento entre as Forças de Defesa e Segurança (FDS) e as populações dos distritos afectados pelos ataques terroristas, na província de Cabo Delgado, continua sendo um dos principais desafios do combate à insurgência naquele ponto do país.

 

Desde o início dos ataques terroristas, em Outubro de 2017, que as FDS têm sido acusadas de violar, sistematicamente, os direitos humanos, em nome do combate ao terrorismo. Ibraim Issa, residente na vila-sede do distrito de Mocímboa da Praia, norte da província de Cabo Delgado, integra a lista de cidadãos que já sentiram na pele as ameaças e torturas protagonizadas pelas FDS.

 

Issa disse na segunda feira à “Carta” que, há duas semanas, foi obrigado a pagar suborno, no valor de 200 Meticais, para que pudesse chegar à sua casa, depois de ter sido interpelado nas ruas daquela vila por membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, por volta das 19:00 horas.

“Vinha da casa do meu irmão e eles encontram-me quase perto da minha casa. Perguntaram-me de onde vinha e porquê estava sozinho àquela hora. Respondi que vinha da casa do meu irmão, mas não quiseram entender. Prometeram levar-me para as celas e só não fui chamboqueado porque tinha dinheiro”, conta a fonte.

 

O Ministro da Defesa Nacional reconhece persistirem situações de violação dos direitos humanos na província de Cabo Delgado, mas garante que o número de reclamações têm vindo a reduzir, comparativamente aos anos anteriores, fruto do investimento feito pelo Governo na melhoria do relacionamento entre aquelas populações e as FDS.

 

“As relações civis-militares devem ser edificadas todos os dias. Temos que continuar a trabalhar com a nossa população para que os níveis de confiança sejam acrescidos. Se poderem comparar, de alguns anos, desde que este conflito começou, o número de reclamações em relação a qualquer acto ilícito contra a população, vindo das Forças de Defesa e Segurança, tem vindo a diminuir, o que quer dizer que nós temos vindo a investir no treino e formação dos militares e polícias para que, primeiro, saibam os princípios sobre os direitos humanos; segundo, perceberem que a população é o nosso objectivo primário para proteger e é onde reside toda informação de inteligência e todo apoio para o sucesso das Forças de Defesa e Segurança”, explicou Cristóvão Chume, em conferência de imprensa concedida ontem na cidade de Pemba, depois de visitar os distritos de Palma e Mocímboa da Praia.

 

Chume afirma que o Governo tem trabalhado em estrita colaboração com diferentes agências das Nações Unidas que lidam com os direitos humanos e com Organizações Não-Governamentais da área, com objectivo de melhorar a imagem das FDS. Aliás, garante que o Governo tem tomado “medidas muito duras” contra os infractores.

 

Referir que as mudanças no relacionamento entre as FDS e a população começaram em 2021, após a entrada das tropas ruandesas, que se demonstraram “amigas” das populações de Palma e Mocímboa da Praia, aparecendo em alguns vídeos a ajudar alguns cidadãos na preparação das suas refeições. Aliás, a falta de confiança entre a população e as FDS sempre foi tida como ponto-chave para o sucesso da insurgência na província de Cabo Delgado. (Abílio Maolela, em Mocímboa da Praia)

 
 

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