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sexta-feira, 15 setembro 2023 06:09

Vulcan está também a cancelar contratos com fornecedores – acusa a CTA

 

 

A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) reagiu esta quinta-feira (14) aos “desmandos” protagonizados pela empresa indiana Vulcan que explora carvão mineral em Moatize, província de Tete, centro do país. A reacção acontece dias depois de “Carta” noticiar, sem a versão da CTA, apesar de solicitada, que a multinacional Vulcan International estaria a rever contratos com fornecedores devido à queda drástica do preço do carvão no mercado internacional.

 

Em conferência de imprensa, o Director Executivo da CTA, Eduardo Sengo, disse que as medidas tomadas pela Vulcan consistem não só na revisão dos contratos com fornecedores moçambicanos de bens e serviços, mas também em cancelá-los e em novos concursos a favor de empresas indianas.

 

“Nós temos vindo a receber várias reclamações de empresários e, não é só revisão, mas também cancelamento de contratos e sem a devida justificação, para atribuir a outras empresas, particularmente indianas. Quando se cancela um contrato, a empresa deve ser indemnizada por alguma razão, mas nem isso acontece”, afirmou Sengo.

 

Para o Director Executivo da CTA, não corresponde à verdade a justificação de que a Vulcan está a rever e cancelar contratos devido à queda do preço do carvão mineral no mercado internacional, pois, a empresa está a tomar essas medidas desde a sua chegada, em Abril de 2022 (após a saída da brasileira Vale) e nessa altura o preço do carvão mineral no mercado internacional estava alto.

 

Sobre as reais razões das medidas ″desastrosas″ da Vulcan, Sengo deu a entender que o objectivo é reduzir custos para maximizar as receitas. No discurso do Director Executivo da CTA, ficou claro que as operações da Vulcan são meramente maquiavélicas. Para a empresa, não interessam os meios, mas sim os fins. Quer dizer, para a Vulcan não interessa se os meios utilizados para reduzir os custos são consensuais ou lesivos, pois o mais importante é a finalidade, que é obter cada vez mais receita com as operações e menos despesa. 

 

“Temos recebido relatos de que quando a Vulcan lança um concurso e uma determinada empresa ganha, depois sofre pressão para baixar o preço antes de assinar o contrato, mesmo depois de se fazer todo o processo de licitação, sob risco de perder o negócio para uma outra. Além disso, a Vulcan e outras empresas não respeitam as pequenas e médias empresas fornecedoras”, descreveu o Director Executivo da CTA.

 

Nesse âmbito, Sengo explicou que, como consequência, as medidas tomadas pela Vulcan estão a afectar severamente os empresários que vêem os seus contratos revistos ou cancelados. Não precisou o número de empresas afectadas, mas deixou claro que a situação é deveras preocupante em várias áreas.

 

“Não tenho o número, mas das várias áreas afectadas, destaca-se a electricidade, manutenção, fornecimento de acessórios, equipamento, em todas as áreas”, afirmou o Director Executivo da CTA. A este extremo, o agravante para a CTA é o Governo não estar a tomar medidas para, no âmbito do conteúdo nacional, defender as empresas locais, que empregam mão-de-obra local e onde o Estado cobra impostos.

 

“Isto acontece numa altura em que o Estado não está a defender as empresas. Não está a colocar mão dura contra as operadoras, para respeitarem os contratos e incluir as pequenas e médias empresas nos seus negócios. O que temos notado é que quando há uma grande operadora que vem para o país operar, se é sul-africana, são contratados fornecedores sul-africanos e quando é indiana, também são privilegiadas empresas indianas. Entretanto, o Governo deve olhar para isto”, apelou Sengo. (Evaristo Chilingue)

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