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sexta-feira, 15 setembro 2023 02:33

DDR: Renamo culpa bancos pelo atraso na regularização de dados dos pensionistas

Dois dias depois de o Governo ter dito que o atraso no pagamento das pensões aos guerrilheiros da Renamo, abrangidos pelo recém-terminado processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço militar da Renamo, se devia à falta de registo dos beneficiários, a Renamo veio, esta quinta-feira, culpar os bancos comerciais de estarem a contribuir para o atraso do processo.

 

A denúncia foi feita esta quinta-feira, na cidade da Beira, capital provincial de Sofala, por André Magibire, ex-Secretário-Geral da Renamo, durante uma reunião que manteve com quadros e antigos guerrilheiros da Renamo.

 

Segundo Magibire, os bancos comerciais estão a dificultar o processo de emissão do NIB (Número de Identificação Bancária) dos combatentes da Renamo, exigido pelo Governo para o pagamento das pensões, pelo que pede a intervenção do Governo.

 

“Os combatentes estão a ter dificuldades de tratar o NIB a nível dos bancos e nós, como Renamo, queremos pedir ao Governo para intervir perante essas instituições bancárias para flexibilizar esse processo de NIB desses combatentes”, denunciou Magibire.

 

Para além da letargia dos bancos comerciais, Magibire aponta a pouca literacia dos beneficiários, assim como a distância como outro factor que dificulta o processo: “temos pessoas, por exemplo, em Marromeu, que para tratar [os documentos] devem ir à Direcção Provincial dos Combatentes, têm de apanhar comboio para Beira, têm de se alojar na Beira e não têm condições de se alojar na Beira. Como isso avança?”, questiona.

 

Com estes constrangimentos, André Magibire entende haver “má-fé” por parte do Governo, ao fixar o dia 23 de Setembro, como data para o início do pagamento das pensões. “Esta data, em nenhum momento foi posta na mesa. Dos nossos debates, em nenhum momento fixamos a data. Entendemos que deve haver má-fé por parte do Governo ou o porta-voz do Governo [Filimão Suazi] se equivocou ao anunciar esta data”, defende Magibire.

 

“Para nós, quanto mais cedo for, melhor. Mas é preciso perceber se as condições estão criadas para nós alcançarmos o objectivo nessa data prevista? Nós, como Renamo, não concordamos com este prazo, a não ser que o Governo crie as condições logísticas necessárias para se materializar”, atira Magibire.

 

Lembre-se que a falta de clareza sobre o pagamento de pensões aos ex-guerrilheiros da Renamo foi a principal razão do alargamento do prazo do processo de DDR e que levou a Renamo a recusar o encerramento da sua última base militar, em Dezembro de 2022.

 

O DDR, refira-se, abrange um total de 5.221 guerrilheiros, retirados de 16 bases da Renamo, entre Junho de 2019 e Junho de 2023. (Carta)

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