Contrariamente à promessa deixada pelo porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE) de não se contratar os Membros das Mesas de Voto (MMV) envolvidos na fraude eleitoral do dia 11 de Outubro, o Centro de Integridade Pública (CIP), através do seu Boletim Eleitoral, denuncia que a votação do último domingo, na autarquia do Gurué, província da Zambézia, contou com pelo menos oito indivíduos envolvidos nos actos eleitorais invalidados pelo Conselho Constitucional.
De acordo com a publicação, a votação de domingo contou com a presença de Altenor Zanho, Secretário da Mesa de Voto nº 080934-03, instalada na EPC Chá Moçambique, que na eleição do dia 11 de Outubro foi presidente da Mesa nº 080938-02, que se encontrava na EPC Nacuacué, uma das Mesas cuja votação foi anulada.
O Boletim Eleitoral do CIP revela ainda que a eleição de 10 de Dezembro contou com a presença de Batalha Remua, que presidiu a Mesa nº AV 080934-04, da EPC Chá Moçambique. No dia 11 de Outubro, o indivíduo foi flagrado a inutilizar boletins de voto durante a contagem e se recusou a partilhar impressos de reclamação com os delegados de candidatura.
Gildo Fonseca Joaquim é outro nome citado pelo CIP como sendo “carrasco” de 11 de Outubro. No domingo, presidia a Mesa nº 080938-05, também instalada na EPC Chá Moçambique, depois de, no dia 11 de Outubro, ter presidido a Mesa nº 080942-01, na EPC Projecto, onde o número de votantes (556) era superior ao número de eleitores inscritos (551).
Quem também é acusado de ser o rosto da fraude eleitoral é Egildo Muela que, no domingo, presidiu a Mesa nº AV 080938-03, da EPC Chá Moçambique, depois de, na anterior eleição, ter liderado a Mesa nº 080951-02, da EPC Montes Namuli, onde foi flagrado a encher urnas.
“Recusou-se a deliberar sobre as reclamações da Nova Democracia em flagrante violação da lei eleitoral. (…) Preencheu edital com diferença entre o número de eleitores inscritos, número de votantes e número de votos apurados na contagem, na mesa de voto”, detalha a fonte.
Crispim Cartela é outro MMV supostamente envolvido em ilícitos eleitorais na votação do dia 11 de Outubro. No domingo, exercia o cargo de Secretário da Mesa nº AV 080938-01, na EPC Nacuacué, depois de ter assumido as funções de Presidente da Mesa nº 080937-03, da EPC Muresse Círculo, no dia 11 de Outubro.
“Foi flagrado a encher urnas e a inutilizar boletins, para além de se ter recusado a assinar reclamações dos delegados de candidatura. Ignorou a diferença do número de boletins de voto e o número de votos nas urnas, bem como a discrepância entre o número de votos especiais e os anotados pelo delegado de candidatura da Nova Democracia”, relata o CIP.
O sexto MMV que esteve em serviço no domingo, depois de ter sido acusado de prática de ilícitos eleitorais no dia 11 de Outubro, no Gurué, é Saulino Mauaia. Foi Presidente da Mesa nº 080941-02, na Escola Secundária de Gurué, função desempenhada no dia 11 de Outubro, na Mesa nº 080945-02, instalada na mesma escola cuja votação, curiosamente, foi anulada.
A penúltima pessoa denunciada pelo CIP é Ernesto Chipasso que, na eleição de domingo, presidia a Mesa nº AV 080952-01, na EPC Montes Namuli. Na eleição de 11 de Outubro era presidente da Mesa de Votação nº 080943-01, que se encontrava instalada na EPC 25 de Junho. “É acusado de ter permitido disparos de agentes da UIR dentro do posto de votação e de enchimento de votos na urna”.
O oitavo e último rosto da fraude eleitoral de 11 de Outubro, no Gurué, é Daniel Mutange que, no domingo, exercia o cargo de presidente da Mesa nº 080934-04, na EPC Chá Moçambique. Na eleição passada (11 de Outubro) era Presidente de uma Mesa de Votação e foi responsável por chamar a Polícia para intimidar o delegado de candidatura da Nova Democracia, após este ter constatado que havia enchimento de urnas.
Refira-se que a eleição do último domingo decorreu em 13 Mesas de Voto, no Gurué, tendo sido marcada por novos ilícitos eleitorais, com destaque para enchimento de urnas, detenções ilegais e arbitrárias de delegados de candidatura e violência policial. Pelo menos quatro pessoas ficaram feridas em resultado da violência policial. (Carta)