Moçambique parou esta quarta-feira, 25 de Setembro de 2024, para testemunhar a festa dos 60 anos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), efeméride que recorda igualmente o aniversário do desencadeamento da luta de libertação nacional, ocorrido a 25 de Setembro de 1964.
E, tal como em 2014, no consulado de Armando Guebuza, a Avenida 10 de Novembro, na Cidade de Maputo, voltou a ser o palco escolhido para a exibição de material bélico, exercícios navais e show aéreo militar, proporcionados por diversas especialidades das FADM e da PRM (Polícia da República de Moçambique).
Por cerca de 60 minutos, o Presidente da República assistiu ao desfile militar de mais de duas centenas de membros das FADM e da PRM – incluindo a recém-formada Força de Reacção Rápida para o combate à insurgência em Cabo Delgado, capacitada pela União Europeia – e de diverso equipamento militar.
Entre os equipamentos exibidos em plena baía de Maputo, estão dezenas de viaturas blindadas de combate, viaturas HZ de assalto, viaturas de transporte logístico, viaturas de defesa anti-aérea e dezenas de lanchas e boats pneumáticos, para além de equipamento de instalação de bases de retaguarda militar, em casos de operações no terreno.
O equipamento, que “cheirava” a novo, a avaliar pelas chapas de matrícula, incluía uma aeronave de recolha de informação militar e um helicóptero de combate. Alguns equipamentos, incluindo seus homens, encontravam-se camuflados. Os críticos defendem que a propaganda visa ilustrar as condições em que Filipe Jacinto Nyusi vai deixar as FADM, assim que deixar o poder em Janeiro de 2025.
O show militar desta quarta-feira decorre num momento em que as Forças de Defesa e Segurança (FDS), estacionadas no Teatro Operacional Norte, continuam a combater o grupo terrorista, nas matas de Mucojo, distrito de Macomia, província de Cabo Delgado. Aliás, no seu discurso, Nyusi revelou que as FDS estavam em combate com os terroristas desde a noite de terça-feira e que “os jovens estão a fazer esforço para ocupar Mucojo, na totalidade”.
A parada militar de ontem foi testemunhada pelo corpo diplomático acreditado em Moçambique e acontece num período eleitoral, época ciclicamente instável em termos políticos e sociais, devido às acusações de fraude e onda de manifestações. No chavão militar, a musculatura exibida ontem visa demonstrar a prontidão das FADM na defesa da soberania.
Há 10 anos, lembre-se, a baía de Maputo foi o local de eleição de Armando Guebuza para assistir aos exercícios da marinha de guerra, que serviram para apresentação do equipamento naval que, dois anos depois, se saberia que foi financiado com o dinheiro das “dívidas ocultas”.
Tal como no passado, não há quaisquer informações sobre os investimentos das FADM, uma das áreas mais propensas à corrupção, devido à falta de transparência. Refira-se que, entre 2017 e 2023, as despesas com as Forças de Defesa e Segurança (FDS) cresceram em 50.825,3 milhões de Meticais. (A. Maolela)