Está em curso, desde a manhã desta quarta-feira, a quarta e última etapa das manifestações populares convocadas pelo candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane, em protesto aos resultados eleitorais do escrutínio de 09 de Outubro último, que dão vitória à Frelimo e ao seu candidato Daniel Chapo.
Anunciadas na última segunda-feira por Venâncio Mondlane e com duração de três dias, na sua primeira etapa, as manifestações visam a ocupação das fronteiras, capitais provinciais e dos portos, com vista à paralisação da actividade económica.
Informações colhidas pela “Carta” na manhã de hoje apontam para um ambiente “calmo” em quase todas cidades do país, excepto na cidade de Nampula, onde quatro jovens foram baleados pela Polícia nas suas residências no bairro de Namicopo, sendo que dois perderam a vida.
Vídeos amadores postos a circular nas redes sociais mostram a Polícia a disparar balas reais e a lançar gás lacrimogénio para as residências e contra um grupo de manifestantes, que se encontrava a fazer uma marcha pacífica naquele populoso bairro da capital provincial de Nampula.
Diferentemente dos primeiros 11 dias das manifestações, marcadas por tumultos e troca de mimos entre a Polícia e os manifestantes em resultado da violência policial, a Cidade de Maputo ainda não registou casos de violência e nem a presença de manifestantes na rua.
Há, porém, registo de bloqueio da estrada no Município da Matola, província de Maputo, concretamente no quilómetro 18, da Avenida Josina Machel. A circulação de pessoas e bens também está tímida, tal como o comércio. Grande parte dos estabelecimentos comerciais estão encerrados, enquanto os informais “desocuparam” os passeios.
Situação contrária verifica-se nas fronteiras e portos moçambicanos, onde há registo de um fraco movimento de pessoas e bens. Os portos de Maputo, Matola e de Nacala estão quase encerrados, enquanto o Porto da Beira regista um fraco movimento de camiões.
Estão também quase encerradas as fronteiras de Ressano Garcia e de Machipanda, as duas maiores fronteiras terrestres do país, que se localizam nas províncias de Maputo e Manica, respectivamente. Nas duas fronteiras não há registo de entrada e nem saída de viajantes e muito menos de viaturas particulares e de transporte de passageiros.
No caso da fronteira de Ressano Garcia, incendiada pelos manifestantes na semana finda, o acesso está bloqueado pelos manifestantes, que formaram uma barricada humana em plena Estrada Nacional Nº 4. Igualmente, verifica-se uma fila de centenas de camiões sul-africanos de transporte de minérios, estacionados antes do famoso quilómetro quatro, local destinado ao desembaraço aduaneiro.
A Polícia de Fronteira, a Unidade de Intervenção Rápida e militares do Ramo do Exército das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, munidos de armas de fogo e BTR, encontram-se acampados em quase todos os portos e fronteiras do país. (Carta)