Encontra-se em estado crítico a jovem que foi atropelada brutalmente por um blindado da Polícia Militar, na manhã desta quarta-feira (27), na Avenida Eduardo Mondlane, em Maputo, durante as manifestações convocadas pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane, em repúdio contra os resultados eleitorais divulgados pela Comissão Nacional de Eleições.
A jovem, de 29 anos, mãe e esposa, foi atropelada quando participava de uma manifestação pacífica. Um blindado passou por cima dela em alta velocidade e não parou para prestar socorro. Após o acidente, vários jovens prestaram socorro e levaram a vítima para o Hospital Central de Maputo (HCM), onde ela continua a receber cuidados médicos.
Gerou-se no local do acidente um clima de agitação e fúria por parte da população, que recusou a ajuda da Polícia da República de Moçambique (PRM), que se encontrava nas imediações. Os manifestantes apedrejaram viaturas da Polícia em protesto contra o atropelamento da jovem, incendiaram pneus e tentaram também incendiar dois blindados da Polícia, um em circulação e outro “estacionado”.
Em conversa com o esposo da vítima, que se mostrou agastado com a brutalidade da Polícia, disse que não estava em condições de manter uma conversa prolongada, mas que o estado de saúde de sua esposa era crítico e o hospital estava a tentar reanimá-la. “Acabo de receber a informação dos médicos de que o estado de saúde da minha esposa é grave, e eles estão a fazer de tudo para reanimá-la”, narrou.
A cunhada da vítima, que também se encontra na maior unidade sanitária do país, lamentou o facto de o blindado ter atropelado a sua cunhada e não ter parado para prestar socorro. Consta que a Ordem dos Advogados de Moçambique encontra-se no terreno a trabalhar no assunto e na posse do auto lavrado pela polícia.
Refira-se que as manifestações desta quarta-feira ocorrem quase 24 horas após o fracasso do diálogo político convocado pelo Chefe de Estado aos quatro candidatos presidenciais. Na origem do fracasso está a ausência do candidato presidencial Venâncio Mondlane que se encontra, neste momento, em parte incerta, por questões de segurança. (Carta)