O comício do candidato presidencial do partido FRELIMO, Filipe Nyusi, ontem em Nampula, iniciou em ambiente de festa, mas terminou numa tragédia que causou a morte de 10 pessoas e dezenas de feridos em Nampula. Tudo começou quando no fim do evento, que teve lugar no Estádio 25 de Junho, com capacidade para pouco mais de 20 mil pessoas, a moldura humana tentou sair do portão ao mesmo tempo, e às pressas, gerando-se uma enorme confusão e a asfixia e ferimento de alguns militantes.
Algumas das vitimas perderam a vida a caminho do Hospital Central de Nampula, segundo nos revelou o motorista de uma ambulância, que não quis ser identificado. A fonte não descartou a possibilidade do aumento do número de óbitos nas próximas horas. Ontem, no Hospital Central de Nampula, a azáfama era intensa, com figuras destacadas da campanha da Frelimo, como Celso Correia, Carlos Mesquita, Margarida Talapa, entre outras, chegando em viaturas luxuosas.
O trabalho de jornalistas não foi facilitado. Membros e simpatizantes da Frelimo impediam a todo custo que os jornalistas captassem imagens ou colhessem quaisquer informações, alegadamente para “não manchar o partido e criar aproveitamento político”. Um repórter de imagem da Haq TV, uma estação televisiva islâmica que opera em Nampula, escapou da agressão física por intervenção de outros militantes, mas foi-lhe apontada uma arma de fogo por um desconhecido. Um jornalista da TV Sucesso viu parte da sua câmara danificada. Ele foi forçado a apagar as imagens que havia captado. Uma das figuras da intimidação a jornalistas é um conhecido advogado de nome Chomar, que concorre a deputado da Assembleia da República.
Ontem, o Comité Provincial da Frelimo deu conta, num comunicado, da ocorrência, mas não indicou o número de feridos nem fez antever a abertura de um inquérito para apurar com detalhe os contornos da tragédia. (S.L. em Nampula)