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terça-feira, 07 janeiro 2020 04:23

Pemba viveu um dilúvio

A província de Cabo Delgado continua a viver um verdadeiro calvário. Depois de ter sido assolada pelo ciclone Kenneth, em meados de Abril do ano passado, e estar debaixo de ataques armados desde Outubro de 2017, aquela província do norte do país vive um novo sofrimento, agora causado pela ocorrência de chuvas e ventos fortes, desde o dia 26 de Dezembro.

 

De acordo com dados partilhados pelo Centro Operativo de Emergência (COE), na província de Cabo Delgado, cinco dos 12 distritos afectados pela tempestade registaram uma precipitação superior a 155 mm, entre os dias 26 e 31 de Dezembro de 2019. São nomeadamente: cidade de Pemba (215,2 mm), Mecúfi (196,6 mm), Ancuabe (188,6 mm), Chiúre (187,2 mm) e Metuge (155,2 mm).

 

Os outros sete distritos registaram uma precipitação que variou entre 39 e 98 mm. São eles: Balama (98 mm), Montepuez (86,1 mm), Mocímboa da Praia (74,9 mm), Namuno (74 mm), Palma (63 mm), Muidumbe (39,6 mm) e Mueda (36 mm).

 

Segundo os dados partilhados pelo COE, em Cabo Delgado, o dilúvio registou-se no dia 27 de Dezembro, sexta-feira, sendo que a principal cidade daquela província do norte do país registou uma precipitação superior a 129,6 mm. Já o vizinho distrito de Metuge registou uma precipitação de 95 mm, enquanto o distrito de Mecúfi teve uma precipitação de 65 mm.

 

Segundo os serviços meteorológicos, a província de Cabo Delgado registou chuvas superiores ao normal, que tem sido de 700 a 800 mm em três meses. Aliás, o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) prevê a ocorrência de uma precipitação acumulada entre 75 a 100 milímetros, entre os dias 04 e 12 de Janeiro de 2020, naquela província.

 

Refira-se que, na manhã desta segunda-feira, o INAM emitiu mais um aviso amarelo, alertando para a ocorrência de chuvas moderadas e fortes de 30 a 50 mm, nas províncias de Cabo Delgado (Balama, Montepuez, Mueda, Namuno e Chiúre), Nampula (Lalaua, Ribáuè, Mogovolas, Mecubúri, Muecate, Rapale, Meconta, Nacaroa, Marrupa, Moma, Larde, Eráti e cidade de Nampula), Zambézia (Gilé e Pebane) e Tete (Zumbo e Marávia).

 

As chuvas que se abatem sobre Cabo Delgado, desde o passado dia 26 de Dezembro, já afectaram 2.058 famílias, ou seja, 10.290 pessoas, tendo ferido 10 indivíduos. As chuvas destruíram ainda 20 salas de aulas e 1.541 casas. Há registo também de 517 casas inundadas, a queda de 57 postes de energia de baixa tensão e a destruição de 61 barcos.

 

Para além do desabamento da ponte sobre o rio Montepuez, que interrompeu a ligação rodoviária entre a cidade de Pemba e os distritos de Meluco, Macomia, Muidumbe, Mueda, Nangade, Palma, Mocímboa da Praia, Quissanga e Ilha do Ibo, há registo também de quatro estradas que se encontram intransitáveis, nomeadamente, a R698 (Montepuez-Nairoto), N380 (Sunate-Macomia), R766 (Macomia-Oasse) e R762 (Muepane-Quissanga).

 

A cidade de Pemba é a mais afectada com 934 casas parcialmente destruídas e 186 totalmente destruídas. Além disso, 7.485 pessoas são dadas como afectadas naquele ponto da província de Cabo Delgado.

 

Assistência humanitária

 

No que tange à assistência humanitária, o Centro Operativo de Emergência garante que o Governo e parceiros já disponibilizaram 4.535 toneladas, em bens alimentares, para assistir 137.000 pessoas, em situação de insegurança alimentar, afectadas pelo Kenneth e outras situações num período de três meses e que, para os próximos 30 dias, não há registo de défice. Assegura ainda que o Governo e parceiros dispõem de 367 tendas, contra as 308 necessárias.

 

As autoridades afirmam também que para responder ao fluxo de passageiros na travessia da ponte sobre o Rio Montepuez foi reforçado, este domingo, o stock de bens alimentares e não alimentares para os próximos cinco dias, nomeadamente no que respeita a: cereais, feijões, conservas, sal, material de higiene, sete barcos para o transporte da população nos dois pontos de travessia no rio, um helicóptero para a monitoria e resgate, uma (1) grua que foi usada para a retirada de viaturas no rio Montepuez e duas pontes flutuantes. (Carta)

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