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segunda-feira, 13 janeiro 2020 05:38

Esperança Bias foi “imposta” pela Comissão Política; Nyusi queria Basílio Monteiro

A indicação da economista Esperança Bias para liderar a Assembleia da República, em representação da maioria retumbante da Frelimo, não foi consensual dentro da Comissão Política (CP). O Presidente da Frelimo, Filipe Nyusi, tinha proposto o nome de Basílio Monteiro, jurista e ex-ministro do Interior, mas a proposta foi rejeitada pela maioria dos membros da CP.

 

No sábado, quando Nyusi se reuniu com todos os 184 deputados eleitos pelo partido, ele não deixou de mostrar seu semblante perturbado quando chegou o momento de apresentar Bias como a proposta da Frelimo para Presidente da AR (PAR). “A direcção máxima do Partido assim decidiu; essa é a vossa proposta”, disse ele, secamente. Se estivesse de acordo, Nyusi teria assumido, sem reservas, o nome de Bias, dizendo: “esta é a nossa proposta”. E não mostraria uma linguagem corporal de quase desdém por Bias. 

 

A candidatura da economista (que já foi ministra dos Recursos Minerais e Energia) para o mais alto cargo do órgão legislativo do país deu entrada ainda na tarde do sábado no Gabinete da actual presidente da AR, Verónica Macamo, a partir da Presidência da República. Esperança Bias é a única candidata ao cargo de PAR. As outras duas formações políticas que também conseguiram eleger deputados para a próxima legislatura, nomeadamente a Renamo e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), não propuseram qualquer nome para ocupar o cargo.

 

De acordo com o regimento da Assembleia da República, no seu nº2 do artigo 43 (apresentação de candidaturas) “as candidaturas são apresentadas ao Chefe do Estado com antecedência mínima de sete dias em relação à data prevista para eleição”. A eleição da mais alta figura do órgão está prevista para hoje, segunda-feira, em cerimónia a ser orientada pelo Presidente da República, Filipe Nyusi.  

 

Em termos concretos, tratando-se de candidata única e proposta pelo partido no poder, Esperança Bias passará pelo escrutínio por uma questão de mera formalidade. Na verdade, a Frelimo, por possuir maioria absoluta, fá-la-á eleger confortavelmente sem sequer precisar dos votos das outras formações políticas.

 

A escolha de Bias, em detrimento de Basílio Monteiro, é considerada como “acertada” dentro e fora da Frelimo. Bias é uma economista competente e ponderada. Quem trabalhou com ela diz que ela sabe ouvir e criar consensos. Em suma, trata-se de um salto qualitativo em comparação com a anterior PAR, Verónica Macamo.

 

Quem Esperança Laurinda Francisco Nhuiane Bias?

 

Esperança Bias nasceu a 28 de Julho de 1958, na Ilha de Moçambique, Província de Nampula. É filha é de Francisco Nhiuane Bias, reformado, e Laurinda Augusto Faustino, doméstica.

 

Esperança Bias é casada e mãe de duas filhas. Fez o ensino Primário e Secundário na província de Nampula. Concluiu o primário na Escola Primária Dona Filipa, em 1970 e o secundário no Liceu Almirante Gago Coutinho, em 1978. Em 1979, frequentou o curso propedêutico na Universidade Eduardo Mondlane, na cidade de Maputo.

 

Entre 1976 e 1980, Esperança Bias trabalhou como escriturária no Banco Standard Totta (actual Standard Bank) e, em 1983, ingressou na Empresa Nacional de Minas, onde foi chefe dos Serviços Administrativos e, no ano seguinte, ascendeu a Chefe de Departamento. De 1984 e 1987, trabalhou na empresa Gemas e Pedras Lapidadas, igualmente, como Chefe de Departamento.

 

Em 1987, foi nomeada Directora Delegada da Indústria de Lapidação, função que exerceu até 1990. Ainda em 1990, Bias concluiu a Licenciatura em Economia pela Universidade Eduardo Mondlane e ascendeu ao cargo de Directora-geral da GPL, que exerceu até 1991. Nesse mesmo ano (1991), começou a trabalhar no Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREM), onde assumiu, sucessivamente, as funções de Directora Adjunta do Carvão (1991-1994), Directora Adjunta de Economia (1994-1998) e Directora de Economia até à sua nomeação em 1999 para o cargo de vice-ministra do MIREM.

 

Exerceu as funções de vice-Ministra do MIREM até ao ano de 2004. Com a ascensão de Armando Guebuza ao poder em 2004, Esperança Bias foi confiada o cargo de Ministra dos Recursos Minerais e Energia, função que exerceu até 2015. Ou seja, foi a chefe da pasta nos dois mandatos de Armando Guebuza.

 

Na sequência das Eleições Gerais de 2014, Esperança Bias foi eleita deputada da Assembleia da República. Inicialmente, desempenhou as funções de vice-chefe da Comissão de Plano e Orçamento (CPO) da Assembleia da República, e com a eleição de Eneas Comiche para o cargo de Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, então presidente da CPO, Bias ascendeu ao posto mais alto.

 

No seu curriculum, consta ainda o facto de ter sido membro de vários Conselhos de Administração tais são os casos do Fundo de Fomento Mineiro, em 1988, na Sociedade Mineira de Cuamba, de 1989 a 1994 e, na Niade Companhia Mineira Genexport, de 1992 a 1994. Em 1993, foi correspondente nacional do BAD, no âmbito do Projecto "Energy". (Ilódio Bata, com redacção)

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