No passado dia 19 de Maio, as autoridades da Saúde anunciaram a morte de um paciente que havia sido testado positivamente para o Covid 19. Mas essa morte, frisaram, não foi causa directa do Covid 19. O paciente tinha outras patologias. A sociedade torceu o nariz. Se tinha outras patalogias porquê foi mencionado no contexto da informação estatística do Covid 19?, questionou-se. A opinião pública geral pareceu confusa, lançando logo seu olhar de desconfiança ao Ministério da Saúde.
Ontem, a Dra Rosa Marlene anunciou o primeiro óbito pelo Covid 19 em Moçambique. Uma criança de 13 anos de idade, de Nampula, que tinha também outras patologias. As autoridades frisaram que, apesar de diversa patologia, a criança morreu mesmo devido à doença pandémica, tanto mais que mostrara sintomatologia objectiva: tosse e febres.
A opinião pública torceu novamente o nariz, desconfiando da informação oficial. Aqui, a desconfiança teve honras de uma informação anónima, circulada nas redes sociais, que reza assim: “a tal criança, que perdeu a vida em Nampula, estava há quase 3 meses hospitalizada e a causa da morte foi anemia/leucemia (???)”.
Muita gente não compreendeu a razão por que o MISAU fez uma correlação causal da morte da criança com o Covid 19. E no caso anterior, descartou qualquer associação. Esta desconfiança é um sinal de alerta para a Saúde, sobretudo agora que estamos entrando para a chamada transmissão comunitária. O desafio de comunicar assertivamente é maior. É preciso também alguma dose de pedagogia. O pior que pode acontecer nesta fase é as autoridades de Saúde perderem a confiança da opinião pública, colocando em risco todos os seus esforços de public awareness. Há, pois, uma grande batalha de comunicação.